Eleições
Volatilidade de voto e renovação: por que as urnas não refletiram as pesquisas eleitorais
O cientista político da FGV Eduardo Grin explica que isso ocorre porque as pesquisas são retratos de momento e que um fato novo em um curto período de tempo pode alterar o cenário eleitoral.
10/10/2018 às 08h53, Por Rachel Pinto
Acorda Cidade
O desempenho de candidatos a governos e ao Senado surpreendeu milhões de eleitores. Em muitos estados, os vencedores não lideravam e, em alguns casos, outros sequer eram cotados para chegar ao segundo turno, ao contrário do que previam as pesquisas de intenção de voto.
Em Minas Gerais, por exemplo, as pesquisas indicavam segundo turno entre Antonio Anastasia (PSDB), que aparecia na liderança com 40% das intenções de voto, e Fernando Pimentel (PT), com 29%. Fato que não se concretizou. Quem recebeu mais votos em primeiro turno foi o empresário Romeu Zema (Novo), estreante na política que teve 42,73% da preferência do eleitorado.
Também em Minas, houve surpresa na eleição para o Legislativo. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), candidata ao Senado, aparecia em primeiro lugar nas pesquisas, mas perdeu a vaga para Carlos Viana (PHS) e Rodrigo Pacheco (DEM).
O cientista político da FGV Eduardo Grin explica que isso ocorre porque as pesquisas são retratos de momento e que um fato novo em um curto período de tempo pode alterar o cenário eleitoral.
“Acho que o que temos nessa eleição foi a volatilidade dos votos que o eleitor estava manifestando, se deu em uma velocidade rápida e, possivelmente, o eleitor começou a fazer um cálculo de que suas decisões que, se confirmando a favor de um candidato, foi mudando de uma maneira muito significativa.”
De acordo com o especialista, as pesquisas eleitorais não erraram, como muitos pensam, e são importantes para o período da campanha para servir de base aos eleitores.
Também por conta desses fatores, a bancada feminina no Congresso Nacional aumentou em comparação à 2014. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de deputadas federais cresceu, enquanto o de senadoras se manteve o mesmo. Há quatro anos, dos 513 deputados federais eleitos, 51 eram mulheres. A partir de janeiro de 2019, 77 mulheres vão integrar as cadeiras da Câmara.
Na visão do cientista político Valdir Pucci, embora alguns estados tenham eleito mais mulheres em sua bancada estadual, a política ainda é um campo dominado majoritariamente por homens.
“As mulheres pouco a pouco têm ocupado seu espaço na política. Não vejo ainda essa eleição como a grande virada das mulheres como protagonistas no cenário político. Vejo que foi mais um passo rumo a isso. A gente vê que em alguns lugares o avanço está sendo maior, mas no quadro geral ainda temos uma política dominada por homens e construída nesse contexto. Mas acho que as mulheres nessas eleições deram mais um passo rumo ao protagonismo na política”.
No Distrito Federal, por exemplo, a presença delas será maior. Leila do Volêi (PSB) será a primeira senadora eleita pelos brasilienses. Na Câmara Federal, cinco dos oito deputados eleitos pelo DF, cinco são mulheres. Em outras regiões, no entanto, o cenário teve pouca mudança. Em estados como Amazonas, Maranhão e Sergipe, nenhuma mulher foi eleita para o cargo de deputada federal.
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