Podcast

Gileno Mugambi: médico, Capitão da PM, defende combate ao racismo diário e aos mecanismos que criam vulnerabilidade e poder

Gileno traz neste bate-papo do podcast do Acorda Cidade, a importância de ensinar aos filhos a necessidade de autoconhecimento racial.

05/06/2023 às 08h33, Por Jaqueline Ferreira

Compartilhe essa notícia

Médio e policial Gileno
Foto: Arquivo Pessoal

Criado no bairro do Tomba, em Feira de Santana, Gileno Mugambi, de 38 anos, é referência para jovens de todo Brasil. Trabalhando desde os 9 anos na mercearia de seus pais, o médico formado pela Uefs e Capitão da Polícia Militar sempre escolheu estar entre os livros.

De origem humilde, ele traz com orgulho e muita consciência os processos que sofreu ao longo da sua vida e como sua busca por conhecimento permitiu que ele não fosse preso nessas desigualdades. Ele é um exemplo vivo de ascensão sóciorracial no Brasil.

Tornou-se conhecido em todo o país, após participar no final do ano passado, do Programa de Luciano Huck, “Quem quer ser um milionário?”, onde seu vasto conhecimento em história, arte, geografia e sua qualidade inesgotável por conhecimento, lhe levou a faturar R$ 300 mil – valor muito bem direcionado para sua Residência Especializada em Cirurgia no exterior.

Aventureiro e mergulhador recreativo, Gileno tem muita disposição no que faz. Percorreu mais de 30 países, em especial, países do continente africado, como Namíbia e Egito, onde pode conhecer sua ancestralidade, inclusive ele conta como realizou o teste de ancestralidade e traz no Podcast Escuto Cá Entre Nós, detalhes sobre o processo.

Mas nem tudo são flores, o médico plantonista de UTI, que estando em espaço de disputa de poder, sofre diariamente em suas profissões por conta do racismo, seja ele velado ou direto. Ele alerta as pessoas para a importância de se combater o racismo estrutural, recreativo e científico, que retira a humanidade da pessoa negra e não lhe dá condições iguais de oportunidade. Neste caminho, Gileno levanta uma série de intelectuais, negros, negras e não negros, que explicam as condições do afrodescendente, não somente no Brasil, mas como protagonista na história mundial.

Pai de uma garota de 13 anos, Gileno traz neste bate-papo do podcast do Acorda Cidade, o Escuto Cá Entre Nós, a importância de ensinar aos filhos a necessidade de autoconhecimento racial para que jovens negros se tornem protagonistas de sua própria história. Além de seres humanos melhores, indivíduos combatentes das mazelas sociais e raciais que atingem diretamente a sociedade como um todo. Ele cita a fala da ativista norte-americana, Angela Davis. “Não basta não ser racista, É preciso ser antirracista” afirmou.

Gileno dos Santos Cerqueira é uma oficialidade. De origem queniana, Gileno Mugambi, nome que escolheu pela necessidade de reconhecer sua ancestralidade, é representatividade, resistência e referência por onde passa. Ele é o exemplo que o Brasil precisa para crianças, jovens, adultos e idosos se espelharem. Esperamos os próximos capítulos dessa jornada brilhante que ainda inspire muita gente mundo afora.

Ouça o podcast no player abaixo. O Escuto Cá Ente Nós também está no Spotify, Deezer e Google Podcasts. Siga @escutocaentrenos e @acordacidade no Instagram  e no Facebook para acompanhar as gravações ao vivo ou, se preferir, inscreva-se no canal do YouTube.

Compartilhe essa notícia

Categorias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Parabéns ao nobre cidadão, de fato sua trajetória é realmente brilhante, serve de exemplo principalmente para os jovens. Entretanto, acredito que atualmente existe predominantemente a segregação é socioeconômica, pois infelizmente muitos ditos afrodescendente, uma vez conquistado sua relevância social, passam a praticar os mesmos ritos antes sofridos. Médicos e pedreiros são profissões distintas e igualmente importantes – o que muda é o olhar e valor dado pelos seres humanos no empinar do nariz.

  2. Capitão Gileno, um exemplo para nossa instituição “Polícia Militar da Bahia”, grande profissional da área médica e sem dúvida um excelente Oficial de Polícia. Tive a honra em ter trabalho junto com esse amigo e irmão, mesmo em um período curte “Campanha Política” no município de Canarana-Ba.

    Deus te abençoe sempre Capitão Gileno!

    Respeitosamente,

    Roberto Pinheiro

  3. Sou negro e a minha cor não me torna menor nem maior que ninguém sou igual, não quero fazer parte dos benefícios que disponibilizam para os negros as chamas (cotas), isso nos torna diferente gente, porque um negro tem que disputar privilégios com brancos em cotas?.
    Os tais benefícios e cotas já caracterizam racismos, diferença,,,, e outros mais.
    Sou negro mais me sinto igual, não quero que ninguém me chame de branco pois odeio mentira, me chame de negro mesmo. (Verdade)

    1. Você é muito é burro. Precisa estudar mais. Se tiver paciência pra ler, leia “Racismo Estrutural” de Silvio de Almeida e sua concepção sobre a merda que você escreveu vai mudar.

    2. É ISSO MESMO DECK GOSTEI AMIGO SABIAS PALAVRAS SOU BRANCO MAIS EU SEMPRE FUI CONTRA A ESSA POSIÇÃO DE COTA TODOS SÃO IGUAIS E VIVA A RAÇA HUMANA FILHOS DO MESMO DEUS MARAVILHOSO

  4. serar muito bom comessa pala PM afinal não a uma instituição mas racista pra quem dúvida basta ver em oculto uma abordagem a um branco e a um negro

  5. Interessante como o discurso identitário começa a ganhar espaço na mídia local. Basta observar por qual motivo o concurso da Câmara Municipal foi paralisado e teve o edital retificado. Milhares de feirenses, que são pardos, sofreriam eliminação sumária dos especialistas em raça. Combater o racismo estrutural (cuja origem é inglesa) tornou-se genocídio dos pardos no Brasil (maior nação mestiça, mundo). Pergunta ao entrevistado se todos os coleguinhas brancos e pobres dele tornaram-se médicos? Daí saberemos se temos racismo estrutural ou pobreza estrutural na educação, saúde e segurança.

    1. O racismo estrutural e individual, é tão real que basta tocar no assunto para despertar incômodo em quem detém os privilégios. Afinal de contas, se periféricos e pretos acessarem educação de qualidade, quem limpará o chão e assentará o piso para os privilegiados???? O jeito é negar a existência do racismo, dos preconceitos assim como se negou o alto risco associado ao vírus da Covid, a eficácia das vacinas, etc.
      Nunca foi fácil, nunca será, mas com diálogo e conhecimento a gente segue na luta. E o doutor Gileno ainda vai incomodar muita gente.

      1. Talvez incomode vc. Pois o case Gileno prova justamente o contrário, não temos racismo estrutural, mas episódico. O grande problema social do Brasil está na mudança de classe. O que é diferente da alienação de culpar o racismo por tudo neste país. A alienação é tão grande que somam todos os pardos como negros. Se, fenotipicamente, isso fosse verdade, a cada 10 baianos, 8 teriam que ser pretos. Dentre os pardos estão ACM Neto e Rui Costa. Racismo Estrutural em uma nação com 100 milhões de pardos? kkkk Falta leitura e conhecimento em estatística!

        1. Inferência Bayesiana. Pelo jeito, tens doutorado em estatística! Puxa, que aula… nem na UFBA eu vi tão impressionante professor…

    1. Eu também assisti e fiquei apaixonada no bom sentido. Pela personalidade dele. Uma pessoa humilde e inteligente. Que Deus abençoe sempre a família de seu Gileno.

  6. Prova viva que, pese os seus terríveis problemas sociais,nesse ainda é o país da oportunidade e nascer pobre, favelado, preto, não justifica a escolha pela vida de traficante ou ladrão. Essa conversa dos advogados petistas culpando a sociedade e o país pela escolha individual dos que buscam facilidade está provada como uma mentira criminosa.

  7. Fico contente de ver que Gileno trata destes temas tão importantes e incômodos aos racistas. É preciso falar com nossos filhos negros e nao negros e conscientizá-los quanto a não praticar nem apoiar qualquer tipo de discriminação. Um médico negro oriundo de um bairro periférico tem um lugar de fala muito importante para despertar esses jovens da escola pública, das periferias que eles são tão inteligentes e capazes quanto qualquer outro jovem de classe média/alta. Além disso, é importante que os governos promovam políticas públicas para reduzir o racismo estrutural, dando mais oportunidades para jovens periféricos, em sua maioria negros. Como diz Caetano, “Gente nasceu pra brilhar”. O sol nasce pra todos!!

Mais Notícias

Caroline Maria Santana

Podcast

Os desafios de uma vida atípica: conheça a PM, empresária e mãe de autista que ajuda famílias de crianças com TEA em Feira de Santana

Em um bate-papo esclarecedor, Caroline Maria também explicou um pouco sobre os sinais e diagnóstico do filho, em que compartilha...

29/04/2024 às 08h49

Professor e radialista

Micareta de Feira 2024

Chora Bananeira, Arrastão do Carro da Pitú e Bell Marques: saiba curiosidades da Micareta de Feira com o professor Edilson Veloso

Veloso, como carinhosamente é conhecido, possui uma conexão com a Micareta desde que nasceu.

15/04/2024 às 19h08

promotor Audo Rodrigues

Podcast

O papel do promotor de justiça na sociedade: Audo Rodrigues traz experiências e reflexões sobre o trabalho do MP

O promotor revelou detalhes da sua história, assim como, falou sobre o seu amor pela família e os legados que...

09/04/2024 às 06h28

Cantor e bombeiro militar João Lucas

Podcast

Dos palcos aos resgates: conheça a história do bombeiro militar, músico e artista João Lucas "Nagô"

O bombeiro compartilhou várias experiências marcantes, incluindo sua primeira ocorrência, um fato marcante envolvendo cinco adolescentes.

01/04/2024 às 07h26

Cantora Gabi Maraes

Podcast

Gabi Moraes: conheça a advogada e cantora feirense que compõe a partir de experiências do cotidiano

Gabi Moraes conta além da sua história, a experiência de participar do maior carnaval fora de época do Brasil, a...

25/03/2024 às 11h22

Jairo Carneiro Filho

Micareta de Feira 2024

Mudanças, programação diurna e espaço para crianças e pets: secretário lista novidades para a Micareta de Feira 2024

Jairo Carneiro Filho falou sobre as principais novidades do evento momesco que será realizado nos dias 18 a 21 de...

22/03/2024 às 17h50

image

Rádio acorda cidade