Feira de Santana

Autor do projeto que visa retirar carroças das vias urbanas diz que manifestação foi equivocada

Durante um período de quatro anos, a prefeitura deverá estabelecer um plano para beneficiar todas as famílias.

18/01/2024 às 10h18, Por Gabriel Gonçalves

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Manifestação carroceiros
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Cerca de 71 carroceiros, realizou uma manifestação nas principais avenidas de Feira de Santana, durante a manhã de ontem (17). Eles se concentraram em frente à sede da prefeitura, assim como em frente à Câmara Municipal, para cobrar um posicionamento após o Projeto de Lei que estabelece medidas para a retirada de veículos de tração animal das vias públicas, ser aprovado no mês de dezembro do ano passado.

Muitos carroceiros alegaram que são contra a lei, principalmente pelo fato da carroça ser um meio de transporte e ser a ferramenta de trabalho que leva o sustento para a casa.

Manifestação carroceiros
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

O vereador Pedro Américo (União Brasil), autor do projeto, concedeu entrevista ao Programa Acorda Cidade na manhã desta quinta-feira (18), e destacou que a manifestação que aconteceu ontem, foi equivocada.

“Eu quero respeitar as pessoas que se manifestaram, apesar de discordar, porque a gente construiu este projeto justamente para evitar que os animais pudessem ser maltratados, e a gente entende que em Feira de Santana, a gente já viu várias cenas de acidentes de trânsito com animais, dos animais ficarem o dia todo em pé sem beber água, sem comer nada, no sol, sem nenhum cuidado. E a gente construiu este projeto justamente na perspectiva de ter uma solução de médio prazo com estas famílias, que ainda utilizam os animais para essa atividade econômica. E por isso que eu entendo que a manifestação foi equivocada, porque a gente construiu o projeto dialogando inclusive com alguns carroceiros, com protetores de animais, com a OAB, eu apresentei este projeto no ano de 2021, ou seja, no início da legislatura e no final do ano passado, este projeto foi promulgado pela Câmara, ou seja, ele já vale, já é uma lei aprovada e foi promulgada, então passou a valer no final do ano passado”, explicou.

Pedro Américo
Pedro Américo | Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Segundo o vereador, existe um período de quatro anos, para que a prefeitura juntamente com as secretarias envolvidas, possam elaborar um plano para beneficiar todas estas pessoas que dependem do trabalho do carroceiro.

“A gente tem um período de quatro anos para que durante este tempo, a prefeitura possa através da secretarias específicas, buscar uma solução, e quais são as etapas importantes? Primeiro é o mapeamento para a gente saber exatamente quantas famílias utilizam da carroça como atividade econômica principal, isso é importante. Feito isso, é preciso que as outras secretarias que tenham a ver com a questão social, possam fazer a análise e o acompanhamento familiar para saber qual é a renda que esta família tem, quais são as opções, se tem filhos que está em época de fazer curso de qualificação, para que a gente possa romper este processo, tanto dos maus-tratos, quanto deste subemprego, porque a atividade econômica de uma carroça hoje em Feira de Santana é uma atividade que o carroceiro recebe por um carreto, recebe por uma diária, mas ele não tem nenhum tipo de direito trabalhista, se tiver algum tipo de acidente com um carroceiro, qual é o direito que ele tem? Qual é o seguro que do ponto de vista trabalhista ele vai ter? Não vai ter nenhum tipo de segurança, então durante esse período, haverá um processo de acompanhamento e o nosso papel como legislador foi cumprido, de fazer uma lei que compreende tanto o aspecto de evitar os maus-tratos aos animais e de cessar com esse tipo de atividade no médio prazo”, pontuou.

Manifestação carroceiros
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, o vereador explicou que no ano de 2015, a fiscalização não foi realizada com êxito, com relação a um projeto que já proibia o uso de animais com carroças. Segundo ele, não haviam agentes disponíveis da Superintendência Municipal de Trânsito (SMT).

“Em 2015, foi aprovado um projeto, olha que estamos falando de oito anos atrás. Este projeto foi aprovado, proibindo os animais com carroças circularem no centro da cidade em algumas avenidas, e a responsabilidade da fiscalização era da SMT, mas esta fiscalização não estava sendo cumprida. Quando procuramos saber o motivo que não estava sendo cumprida, informaram que não tinham o efetivo para fiscalizar as ruas específicas para impedir a carroça passar, então veja o nível de dificuldade do ponto de vista da legislação. Então a fiscalização e o acompanhamento das famílias, é de responsabilidade do executivo, mas claro que meu papel como vereador, vai ser de cobrar destas secretarias, a fiscalização do projeto”, concluiu.

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  1. Parabéns vereador. Esse projeto é de excelência. Os carroceiros têm que trabalhar e não colocar os animais para trabalhar para eles.
    Já presenciei cenas horrorosas de maltratos por carroceiros aos seus animais.Muita crueldade!!t

  2. Acho um projeto de excelência , a exclusão dos animais sendo humilhados e maltratados. Já presenciei cenas em Feira de Santana com carroceiros maltratando animais que pensei até que estava tendo um pesadelo. E carroças puxadas por jegues carregando além da carga pesada, 6 pessoas na carroceria e quando o animal não aguentou mais, recebeu diversas chibatadas, muitooooo triste e assustador.Esses carroceiros precisam trabalhar e não colocar os animais para trabalhar pra eles com fome , sede e desnutrição.

  3. Finalmente um vereador com um projeto útil e importante. Já vi cenas chocantes de maus tratos aos animais que servem os carroceiros. Poderia se pensar em substituir as carroças puxadas por animais por carroças motorizadas ou que podem ser pedaladas e que tenham licença para trafegar, facilitando a fiscalização e melhorando o tráfego, enfim, existem soluções que podem ser pensadas, obviamente nãp se pode deixar as famílias sem o sustento.

    1. Nota mil para este vereador. Um projeto importante. Feira de Santana não merece carroceiros jogando entulhos e lixo no meio da rua. Aqui na minha rua fazem isso constantemente. Uma vergonha, parece que estamos no século 18

  4. Porque antes do vereador fazer esta lei não procurou saber quantos carroceiros tem na cidade e ver quantos dependem desta atividade?

  5. O grande libertador dos cavalos precisa perceber que a barriga não espera 4 anos, logo, a renda alternativa deveria estar disponível na promulgação da lei. O bem estar do animal sempre pode ser imposto e sanções criadas para obrigar um tratamento melhor aos animais. Já temos violência demais pra jogar seres humanos em situação desesperadora, arriscando que tomem decisões ruins e gerem mais riscos à sociedade. Sou a favor do fim da atividade, desde que se cuide daqueles que dela sobrevivem.

  6. Vai fazer levantamento de renda, estudo, etc. Tudo bem. Mas, qual é mesmo a proposta de nova fonte de renda? Deus dará?
    No Brasil tudo é simplificado na cabeça de quem tem comida na mesa. Isso desde lá no início: libertam os escravos e os empurraram pros morros. “Se virem!”
    Essa conversa de que as se secretarias vão estudar isso e aquilo é muito bonita. Mas, o que se tem de concreto, mesmo, sobre alternativas de novas fontes de renda? Nada? Alguma proposta? Qual?
    Quem está de sorriso de orelha a orelha são os donos de papa-entulho.

    1. Pura verdade esse comentário! Criam leis sem o menor cuidado a longo prazo e no final tudo fica pra depois, logo desde 2020 existe esse projeto e só foi colocado agora para aprovar…

  7. Parabéns, Vereador Pedro Américo.Projeto muito justo!
    Com o avanço da tecnologia e os vários projetos de substituição do motor a combustão pelo motor elétrico, não é aceitável que um veículo por tração animal resista a tantas gerações e se faça presente ainda na atualidade. É uma prática antiquada e retrógrada que deve sim ser desestimulada para que as futuras gerações não depositem nela sua maneira de subsistência

    1. Espero que outros vereadores de várias cidades proíbam esse tipo de transporte maldito
      Foi muito triste vê aquele pobre animal passar mal e morrer em caraiva com a carroça cheia de turistas em cima dançando e pulando
      Muito triste mesmo

      1. Enquanto forem necessários, os burros são alimentados e cuidados. Quando não forem mais necessários, quem vai alimentar é cuidar deles?

  8. SE OS CARROÇEIROS NÃO MALTRATASSEM OS ANIMAIS QUE LEVAM O SUSTENTO PARA AS FAMILIAS DELES, E FICAM O DIA TODO COM FOME, SEDE, CANSADOS, NO SOL, NA CHUVA, DOENTES, ISSO NÃO TERIA ACONTECIDO DE HAVER A PROIBIIÇÃO, AGORA AGUENTEM AS CONSEQUENCIAS.

  9. Poderiam criar uma carroça, para que o próprio carroceiro puxasse, assim teriam como alimentar sua família e saberiam como os animais se sentem.

    1. Tá de parabéns o projeto, em Aracaju isso já acabou muito tempo, lá a carroça é puxada com uma bicicleta. Mas acho mesmo que tem que proibir, pois os entulhos são jogados em vias públicas, fazendo muita sujeira na cidade.

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