Feira de Santana

Centro de Referência da Pessoa Autista é inaugurado em Feira de Santana

O espaço visa atender de forma interdisciplinar e humanizada crianças de 3 anos a pré-adolescentes de 12 anos incompletos, que convivem com autismo.

06/12/2021 às 14h39, Por Gabriel Gonçalves

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Gabriel Gonçalves

Foi inaugurado, na manhã desta segunda-feira (6), em Feira de Santana, o novo Centro de Referência Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista Dr. Ildes Ferreira de Oliveira, localizado no bairro Muchila. O espaço visa atender de forma interdisciplinar e humanizada crianças de 3 anos a pré-adolescentes de 12 anos incompletos, que convivem com autismo.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a coordenadora administrativa do Centro, Lucineia Aragão, destacou que, com o avanço da vacinação contra a Covid-19, as atividades precisavam ser retomadas e o Centro contará com uma equipe multidisciplinar.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"Já estamos neste processo de vacinação, inclusive com grande avanço, e a gente agora retoma as nossas atividades. Aqui vamos contar com uma estrutura completa, com o tratamento terapêutico, fonoaudiologia, nutricionista, temos assistência social para encaminhar estas famílias para os direitos devidos, teremos musicoterapia, corpo e movimento, capoeira, tudo isso voltado para o tratamento intensivo dessas crianças com o transtorno", explicou.

Inicialmente o Centro atenderá cerca de 50 crianças, durante a semana das 8h às 17h.

"Como ainda estamos nesse processo de retomada das atividades, iremos atender 50 crianças, no qual estaremos em funcionamento das 8h às 17h. E reforço essa brilhante ideia da acessibilidade em colocar este equipamento a todo vapor. Como não temos aqui um local que possa atender de forma integrada, os profissionais irão atender em um mesmo ambiente, cada um em sua sala, sendo esse atendimento realizado em apenas um único dia, e assim, terá todo o acompanhamento terapêutico. Não adianta a gente fazer um planejamento para os autistas, porque é ele que traz o planejamento para a gente naquele dia", disse.

Para que as crianças tenham o acesso ao Centro, é necessário como pré-requisito estarem cadastradas no CadÚnico.

"Assim que houve a inauguração, alguns pais já vieram aqui nos procurar, foram feitas as inscrições, pegamos os dados e fizemos as triagens dentro dos pré-requisitos que são estabelecidos na portaria. Ele precisa ser cadastrado no CadÚnico, ter o espelho do NIS, porque tem que se enquadrar na questão da pobreza ou extrema-pobreza e encaminhado também ao Caps infantil", destacou.

Fazendo parte da coordenação do Centro, Fernanda Botto também é mãe de uma criança com Transtorno do Espectro Autista. Para ela, a convivência dentro de casa se torna uma luta diária e um grande aprendizado.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"Tem cerca de um ano que nós recebemos o diagnóstico, mas em nenhum momento, nós tratamos como uma coisa ruim, pesada. Eu vou dizer que ser mãe especial é mil maravilhas? Não, não é, mas é uma luta diária, um aprendizado, mas em compensação, cada evolução que ele tem, a gente vibra incessantemente. É muito lindo, muito amor envolvido, porque não era o que a gente esperava, isso é fato, toda família sente isso, mas ter Guigui em nossas vidas realmente é divino", citou.

De acordo com Fernanda, cada autista tem uma característica diferente e citou como exemplo o filho, que fica '24h ligado na tomada'.

"A gente fala que cada autista é um autista. Luís Guilherme mesmo é uma criança que passa 24h ligada na tomada, ele não desliga, vai para escola, vai para a terapia, e mesmo assim, não tira um cochilo durante o dia. Então precisa realmente de muita energia do papai, da mamãe, dos titios, dos avós, porque realmente é cansativo, uma rotina puxada", declarou.

Para Fernanda, o novo local irá proporcionar um acolhimento às famílias, que também devem ser ouvidas.

"Antes de tudo, nós damos acolhimento, não só para as crianças, mas também para toda a família que precisa ser acolhida, a família precisa ser ouvida, ser amada também. É uma rotina muito desgastante, as crianças precisam das terapias para se desenvolverem, para a gente tentar trazer elas para o nosso mundo e poder proporcionar uma vida mais funcional para essas crianças. As terapias são extremamente fundamentais nesse processo", afirmou.

Segundo o prefeito Colbert Martins, esse novo Centro facilitará bastante para as famílias que necessitam de um atendimento diário com crianças com Transtorno do Espectro Autista.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"A Apae deixou de atender os autistas em razão de uma questão de um contrato com o banco do Ministério da Saúde e que nós queremos renovar. É importante que a Apae volte à atender este público. Aqui, é uma ideia desde Ildes Ferreira, nosso amigo da construção, um Centro que pudesse reunir o atendimento a autistas em Feira de Santana. Aqui é um Centro da Secretaria de Saúde com participação da Secretaria de Assistência Social, para que nós possamos atender da melhor forma, não os autistas, autista não é uma pessoa, autista é uma família que precisa ter todo um atendimento em volta da criança", destacou.

De acordo com o prefeito, até o ano de 2018, um censo realizado no município identificou cerca de 700 crianças com o Transtorno do Espectro Autista, mas acredita que dentro desses três anos, o número já pode ter aumentado.

"Nós damos um passo muito significativo na qualidade de vida dessas crianças, que hoje têm um diagnóstico cada vez maior. Hoje a quantidade de crianças autistas em Feira de Santana, desde que foi feito um censo, é de 700 crianças. Nós não tínhamos esse dado até 2018, agora temos. Hoje certamente teremos um número maior, portanto, nós queremos atender a todos, nas escolas, lá no FTC quando abrir, onde precisar, nós teremos uma atenção especial com o pessoal autista", disse.

Ainda segundo o prefeito, nos próximos dias, ele estará viajando até Brasília, onde irá discutir sobre o retorno das atividades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

"A Apae é um Centro importante, e recentemente estivemos com Robson Tuma no período da reunião com a assistência social, conversei com ele, e estarei indo até Brasília nesta semana para poder pedir que a gente possa ter a Apae voltando com as atividades. É importante que possamos ter as duas, tanto esse Centro, quanto a Apae. Tem mais gente precisando, e repito, não é um atendimento à criança, é um atendimento à família, então o investimento aqui vai ter que ser maior, um investimento do Governo Federal, e iremos cobrar estes investimentos, principalmente com relação à saúde mental", concluiu.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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