Enchentes no RS

Jornalista feirense relata impactos enfrentados pelos filhos que moram no Rio Grande do Sul

Os gêmeos Yuri e Dante Ferreira Felloni Borges, médicos são filhos do jornalista e ex-secretário municipal Edson Felloni Borges, e residem na capital do Rio Grande do Sul há mais de cinco anos

18/05/2024 às 17h01, Por Maylla Nunes

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Família
Foto: Arquivo Pessoal

As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul desde o início do mês afetaram a vida de milhares de sulistas, como também a população que reside no estado, oriunda de outras partes do país. O Acorda Cidade destacou nos últimos dias baianos e feirenses que presenciaram uma das maiores tragédias da história do Rio Grande do Sul, e que compartilharam relatos emocionantes (veja aqui).

Assim como toda a população do estado foi atingida, dois feirenses que residem em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, também presenciaram momentos de tensão, com a falta de água, dificuldade de locomoção e ambientes de trabalho inundados.

Os gêmeos Yuri e Dante Ferreira Felloni Borges, médicos e de 31 anos, são filhos do jornalista e ex-secretário municipal Edson Felloni Borges, e residem na capital do Rio Grande do Sul há mais de cinco anos. Eles também enfrentam desafios com as inundações na cidade, principalmente nas áreas de atuação.

O Acorda Cidade conversou com o pai dos médicos, Edson Borges, que detalhou situações que ocorreram em todo o Rio Grande do Sul. À princípio, o jornalista explicou que os filhos não foram atingidos diretamente com as inundações, mas que foram impactados com a falta de mantimentos.

“O local onde eles moram não chegou a ser atingido pela inundação. Dentro de Porto Alegre os bairros mais atingidos são os próximos do Rio Guaíba. Mas, eles tiveram reflexos, a questão de água por exemplo, logo na primeira semana começou a ameaçar faltar água até para beber porque algumas bombas que abastecem a cidade ficaram submersas, outras deram defeito e houve uma preocupação tão grande que eles começaram a armazenar, passavam no mercado todos os dias e compravam uma quantidade para o armazenamento, essa foi a primeira preocupação, a água potável”, disse.

Além da falta de água, os hospitais em que os gêmeos atuam, nas áreas de nefrologia e neurologia, também tiveram problemas com a enchente. Conforme Edson Borges, pacientes foram transferidos às pressas devido às condições destes locais.

“Alguns bairros e teve um considerado nobre em Porto Alegre, chamado Moinhos de Vento, a água começou a voltar, muitas pessoas sem água para banho, de uma forma geral. Outra coisa também que foi afetada, é que tem um hospital que Dante dá plantão, o Hospital Mãe de Deus, considerado o melhor hospital de Porto Alegre que teve problemas porque uma parte foi inundada, principalmente uma parte da hemodiálise onde ele trabalha. Tiveram que transferir pacientes, foi um momento de tensão porque os pacientes precisavam da hemodiálise. Tem um outro hospital que ele [Dante] dá plantão, em uma cidade chamada Viamão, que fica há 30 km de Porto Alegre, em que tiveram dois dias que ele não conseguiu dar o plantão. Houve essas intercorrências. No hospital onde Yuri trabalha também, ocorreram problemas no setor de ambulatório”.

Edson Borges, ainda em entrevista ao Acorda Cidade, também relatou que junto a esposa, mantém o contato com os filhos diariamente. Ele esteve em Porto Alegre no último mês e tinha planos de visitar os filhos no mês de junho e ir a um evento típico do estado, mas foi cancelado.

“Sempre quando vou a Porto Alegre, eu percebo que é muita água, muitos rios. Aqui no Nordeste estamos acostumados com os rios praticamente secos, mas lá estão cheios o tempo todo. É um hábito nosso falar com eles todos os dias, mesmo quando eles moravam em Salvador. Os meninos continuam trabalhando, mas não estão no mesmo ritmo, até porque muitas pessoas não estão conseguindo sair para buscar atendimento. Yuri, por exemplo, recebe muitos pacientes do interior e as pessoas não estão conseguindo viajar. Estive lá na Micareta, passei uma semana, um sol maravilhoso. Saímos de lá, eu e minha esposa na terça-feira, e na quarta começou a chuva. Íamos voltar no final de junho para ir a um evento de queijos e vinhos, um evento grande mas foi cancelado. Será muita luta para o Rio Grande do Sul se recuperar”, contou.

Questionado sobre a situação do estado de um modo geral, o jornalista também enfatizou que em contato com os filhos, pôde entender que o Rio Grande do Sul enfrenta condições piores das que são divulgadas. Edson Borges também comentou sobre os principais rios que cortam o estado.

“A gente tem acompanhado pela televisão, pelas mídias sociais tudo o que vem acontecendo, e conversando com eles, eles informam que a situação é muito mais preocupante, muito pior do que a gente tem visto. Quem conhece a Serra Gaúcha sabe que, mesmo no verão, você vê água por todos os cantos, água minando das rochas. O Rio Grande do Sul tem muitos rios, o Guaíba é enorme, a Lagoa dos Patos é tão grande que você viaja 450km pela lagoa, é como de Feira a Itabuna dentro de uma lagoa. O Rio Guaíba ainda recebe as águas de outros rios, como é o caso do Rio Taquari, que provoca inundações”.

O jornalista concluiu ainda reforçando o impacto sofrido pelo estado, e principalmente pelas cidades do interior com os prejuízos no movimento turístico e na economia.

“A zona rural do Rio Grande do Sul é rica, produz muito, mas foi muito atingida. Tem cidades do interior do estado de 20, 30 mil habitantes que vivem do turismo, eventos de queijos de vinhos, de malha, e isso é uma riqueza na economia, mas já deu um impacto muito grande. Eu li que Gramado já está sofrendo, não tem como o turista ir, até para chegar de avião está difícil”, concluiu.

Leia também: Feirense relata momentos de terror no Rio Grande do Sul: “Achei que iria morrer afogada”

Baiana que mora há três anos no Rio Grande do Sul trabalha para socorrer e ajudar vítimas das enchentes

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