Solidariedade

Baiana que mora há três anos no Rio Grande do Sul trabalha para socorrer e ajudar vítimas das enchentes

Paloma contou que muitos amigos saíram de casa apenas com a roupa do corpo.

10/05/2024 às 10h29, Por Jaqueline Ferreira

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Alagamentos - Rio Grande do Sul - voluntários - Paloma Sodré
Foto: Arquivo Pessoal

A baiana Paloma Sodré mora há quase três anos na cidade de Esteio, no Rio Grande do Sul tem enfrentado a tragédia que atinge o estado desde o dia 29 de abril. O município fica próximo a Canoas, um dos locais mais afetados pelas enchentes na região metropolitana de Porto Alegre. Ao Acorda Cidade, Paloma falou sobre o trabalho voluntário que tem realizado através da Convenção das Igrejas Batistas Independentes do RS (Cibiergs), para resgatar, socorrer e abrigar os mais de 180 mil desalojados da região.

Alagamentos - Rio Grande do Sul - voluntários - Paloma Sodré
Foto: Arquivo Pessoal

Em Canoas, no bairro Mathias Velho, um dos mais populosos de Porto Alegre, boa parte dos moradores perdeu tudo e teve que abandonar suas casas, situação que se agravou ainda mais no sábado (4) para as 50 mil pessoas que residiam em áreas de risco. Até quarta-feira (8), dois terços da área urbana da cidade estavam tomados pelas águas.  

“Na cidade de Canoas, muitas famílias de amigos foram retirados com a água em um nível muito alto. No sábado foi uma situação muito desesperadora, as pessoas estavam pedindo socorro o tempo todo porque a água subiu muito rápido. A gente fica a uns 30 minutos de Porto Alegre e a cidade também tem sido bastante atingida. Muitos bairros estão debaixo d’água”, relatou.

Alagamentos - Rio Grande do Sul - voluntários - Paloma Sodré
Foto: Arquivo Pessoal

Segundo Paloma, Esteio fica a 30 minutos de Porto Alegre e também foi atingida pela catástrofe. Casas foram inundadas, pessoas estão desabrigadas e há uma escassez de água potável até o momento.

Parte de seus familiares moram em Feira de Santana e seus pais residem em São Félix, no recôncavo baiano. Paloma mora e estuda nas dependências do Seminário Teológico em Esteio. O local não foi afetado, pois está em uma região alta da cidade.

“Estamos com as aulas suspensas porque ajudamos diretamente às famílias que foram afetadas. O seminário tem recebido doações e estamos repassando às famílias diretamente afetadas. As pessoas que não foram afetadas pelas enchentes, estão enfrentando a falta de água, muitos lugares sem energia e a previsão de restabelecimento é longa. Não sabemos exatamente se será em 10 dias, semanas ou mais”, explicou. 

Alagamentos - Rio Grande do Sul - voluntários - Paloma Sodré
Foto: Arquivo Pessoal

Com estradas destruídas e sem sinal em boa parte das cidades afetadas pelas enchentes, empresas de telefonia abriram suas redes gratuitamente para liberar a internet mesmo em áreas fora da cobertura da companhia. A medida tem facilitado o trabalho de resgate em diversos municípios gaúchos. Independente da empresa, clientes pré e pós-pago podem ativar a função roaming e seleção automática de rede no celular e se conectar a qualquer rede disponível.

“A gente tem o nosso diretor do seminário que está acompanhando as redes sociais dos nossos prefeitos aqui. Mas, o dia que a gente viu que a situação estava bem caótica foi no sábado, de onde vimos pessoas próximas, amigos pedindo socorro para sair de suas casas”. 

Alagamentos - Rio Grande do Sul - voluntários - Paloma Sodré
Foto: Arquivo Pessoal

Paloma contou que muitos amigos saíram de casa apenas com a roupa do corpo. Um dos relatos que ela se recorda bem, foi de um senhor do Vale do Itaquari que passou três dias com o neto em cima de uma árvore à espera do socorro. 

“Esse foi um dos primeiros locais afetados. Essa água veio descendo para nossa região. Esse adolescente ficou três dias e três noites com o avô preso em uma árvore esperando socorro, sem comer e beber. Muitas pessoas ficaram assim”, revelou. 

Alagamentos - Rio Grande do Sul - voluntários - Paloma Sodré
Foto: Arquivo Pessoal

Na cidade, todas as pessoas, entidades públicas, privadas, moradores, ONGs montaram uma força tarefa para resgatar e salvar a vida das pessoas, dos animais e tentar recuperar a cidade dos estragos causados pelas enchentes. O que eles mais precisavam para alcançar lugares ilhados eram meios de transporte aquáticos, que acabaram sendo cedidos pela população, como barcos e jet skis. 

Além de todo o desespero com os alagamentos e as 113 mortes registradas até agora, Paloma também falou sobre a onda de assaltos que os resgatistas estavam sofrendo. Locais que estavam secos, sem alagamentos, pessoas saqueavam os socorristas, furtavam lojas e residências. 

“As equipes que estão resgatando as pessoas estão sofrendo assaltos. Onde não chegou por completo a água, as pessoas estão sendo saqueadas. Muitas pessoas continuam com temor de tudo isso. Os resgatistas então com medo da marginalidade, então a polícia tem agido a todo tempo”, revelou. 

Alagamentos - Rio Grande do Sul - voluntários - Paloma Sodré
Foto: Arquivo Pessoal

Em resposta à insegurança, na quarta-feira (8), o secretário de Segurança Pública do estado, Sandro Caron, disse em entrevista a uma rádio gaúcha, que as autoridades prenderiam todos que praticassem crimes. A Brigada Militar e a Polícia Civil foram direcionadas para conter a desordem e coibir os crimes. Ainda na quarta, o governador, Eduardo Leite, também prometeu policiamento ostensivo visando coibir essas práticas. 

O trabalho não para em todo o estado. O governo do Rio Grande do Sul informou ontem (8), que cinco barragens estão em situação de emergência. Cerca de 85% dos municípios gaúchos já foram afetados, deixando 130 pessoas desaparecidas e mais de 300 mil desalojadas até agora. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a partir de quinta-feira (9), as temperaturas ainda devem chegar a 4°C (graus Celsius) nas regiões mais frias do estado. 

Alagamentos - Rio Grande do Sul - voluntários - Paloma Sodré
Foto: Arquivo Pessoal

Neste momento, toda ajuda, solidariedade e união é muito bem vinda, reforçou Paloma. Ela agradeceu o trabalho de todas as pessoas, por todo o país, colaborando com a recuperação do estado do Rio Grande do Sul. Ela deu detalhes para quem quiser colaborar.

“A gente tem visto a solidariedade do povo. Agradecemos a preocupação. Para quem está aqui temos que ter um psicológico muito forte para ajudar as pessoas que foram completamente atingidas. A situação é muito mais grave do que a gente pode imaginar. Uma cidade bem próxima da gente, Eldorado do Sul, toda a cidade está sendo evacuada. Recebemos dois socorristas de Santa Catarina. Peço que aqueles que conseguirem, enviem ao estado água potável, porque nesse momento a água está contaminada, eviem também medicamentos, materiais de limpeza, de higiene pessoal”. 

Além disso, através do projeto Ágape SOS – RS, de todas as igrejas batistas do país, está com uma campanha solidária para arrecadar valores através do PIX [email protected] ou do banco Sicredi agência: 0155 conta: 58809-8. 

Alagamentos - Rio Grande do Sul - voluntários - Paloma Sodré
Foto: Arquivo Pessoal

Ouça o relato da baiana Paloma Sodré:

Programa Acorda Cidade · Baiana que mora há três anos no Rio Grande do Sul trabalha para socorrer vítimas das enchentes

Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade

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