Acidentes domésticos

Engenheiro eletricista orienta como evitar descargas elétricas em residências

De acordo com o engenheiro, uma simples troca de lâmpada, requer cuidado.

11/03/2024 às 06h57, Por Gabriel Gonçalves

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Energia Elétrica
Foto: Freepik

Somente neste ano, sete pessoas morreram eletrocutadas no estado da Bahia. O primeiro caso foi registrado no dia 3 de janeiro. A fisioterapeuta Monalisa Nascimento, de 29 anos, tentou pegar uma toalha em um varal feito com arame, que estava em contato com um fio desencapado do ar-condicionado, quando recebeu a descarga elétrica.

No dia 2 de fevereiro, Alexia Araújo de Carvalho, 3 anos, morreu eletrocutada após tocar em um portão que estava em contato com um fio desencapado.

Já no dia 21 do mesmo mês, Terezinha de Jesus Oliveira Fernandes, 69 anos, ao tentar pegar água em uma cisterna no quintal de casa, recebeu descarga elétrica após tocar em uma fiação.

Na mesma semana, um homem, ainda sem identificação, morreu ao receber uma descarga elétrica enquanto trabalhava no telhado da Prefeitura Municipal de Araci.

No último domingo, dia 3 de março, Renovaldo Jesus de Souza, 31 anos, e Betânia Santana de Souza, de 26, morreram vítimas de choque elétrico. Renovaldo estava tentando fixar com um prego e martelo, um varal na parede, quando o prego acertou em uma fiação elétrica da casa vizinha.

No momento em que ele foi atingido, a esposa tentou puxá-lo e também foi atingida pela descarga elétrica.

Já na última terça-feira (5), Atenilson Muniz de Almeida, 44 anos, foi eletrocutado enquanto trabalhava em uma lavoura de açaí. A vítima teria sido eletrocutada após a vara em que ela utilizava como instrumento de colheita, entrar em contato com a rede elétrica de alta tensão.

Diante dos inúmeros casos registrados na Bahia, o Acorda Cidade conversou com Hugo Vidal, que é engenheiro eletricista, engenheiro de segurança do trabalho e gerente de saúde e segurança da Neoenegia Coelba.

De acordo com o profissional, as principais causas de descargas elétricas estão associadas com a negligência das pessoas.

“As principais causas de descargas elétricas, de choque elétrico, estão associados pela negligência, imperícia ou imprudência, que são comportamentos culposos, muito associados a pessoa não ter competência para instalar um equipamento, fazer uma instalação de uma tomada ou interruptor, com ponto de luz. É fundamental que para este tipo de manuseio em instalações residenciais e comerciais, um profissional qualificado como eletricista, seja devidamente contratado, quer seja para uma instalação grande, quer seja para uma reforma, quer seja para uma instalação de um novo ponto de luz, de uma nova tomada. Não existe simplicidade com energia elétrica, a energia elétrica não tem cheiro, não tem gosto, ela não tem cor, ela promove desenvolvimento, ela promove conforto, segurança às nossas famílias baianas, às residências e o nosso comércio baiano, mas precisa sempre ser manuseado por pessoas qualificadas”, declarou.

Além das instalações que devem ser feitas por profissionais da área, o engenheiro também destacou a importância do cuidado ao realizar simples procedimentos em casa.

“Além da questão da instalação e da manutenção, a gente fala sobre simples operações, como ligar e desligar algum eletroeletrônico, ligar ou desligar uma geladeira, uma máquina de lavar, um Air Fryer, essas operações devem ser feitas sempre por um adulto, sempre calçado e com mão seca, nunca jamais, deve ser feito por uma criança. Criança não combina com eletricidade, água não combina com a eletricidade. Nas áreas molhadas das residências como copa, cozinha, área de serviços, a gente tem que garantir sempre a instalação do aterramento elétrico como está na norma brasileira, na norma técnica NBR 5410 e do equipamento chamado DR, que é o Dispositivo Residual, que vende em qualquer casa do comércio na nossa Bahia que impõe segurança as instalações”, explicou.

Ao Acorda Cidade, o engenheiro Hugo Vidal, também enfatizou a importância de evitar instalar varais de roupa, próximos de rede elétrica.

“Infelizmente, acidentes de origem elétrica em instalações residenciais, comerciais, escritórios, casas de praia, casas de roça, é um mal não só da Bahia, mas de todo o Brasil. Os números pós-pandemia aumentaram e a gente sempre vem recomendar que o adulto deve manusear essas instalações e no caso do varal, o varal desses convencionais que ficam em quintal, que ficam em área de serviços, que ficam em jardins, o varal deve ser sempre instalado em uma instalação mecânica simples. Geralmente um arame uma corda ancorada em duas colunas, em duas paredes, nunca jamais um arame desse tipo de varal deve passar próximo a uma instalação elétrica. Nos últimos casos aqui no Brasil que nós catalogamos, estão associados a esse varal, geralmente ele entra em contato com a instalação elétrica mal feita que não passa por uma manutenção, que não cumpre a norma, que não é feita por um eletricista, isso pode causar uma falha de isolação do sistema elétrico e essa falha de isolamento que eu estou falando está associada ao isolamento dos condutores, um cabo ressecado, um condutor que não deveria ser usado, ele pode energizar um varal que é de arame, que é de metal, e imagine a condição de um varal energizado. A pessoa vai colocar ou tirar a roupa descalço, geralmente fez ali a lavagem da roupa dele, está com a mão molhada e isso coloca a pessoa numa condição muito vulnerável de choque elétrico, podendo causar problemas à sua saúde e à sua segurança. Então, a recomendação é que varal deve ser feito longe de instalações elétricas, porque a instalação elétrica deve ser sempre feita por um eletricista devidamente contratado que estudou para isso”, afirmou.

De acordo com o engenheiro, uma simples troca de lâmpada requer cuidado.

“Substituir uma lâmpada pode ser simples para quem não estudou, mas aquilo precisa ser desligado com a chave geral da instalação elétrica, por exemplo, tira a lâmpada que vai ser substituída, coloca a lâmpada nova. Aí, sim, volta com a instalação elétrica, operações como ligar e desligar uma máquina de lavar, sempre de forma correta, com a mão seca, calçado, com aterramento, tirando o plugue da tomada e depois colocando na tomada. Abertura de uma geladeira para pegar uma bebida ou uma comida, isso deve ser feito calçado de mão seca sempre por um adulto, as residências são locais de muita segurança, agora as instalações elétricas não combinam com gato, com ligação clandestina, não combinam com armengue, com gambiarras, sempre feitas por um profissional que estudou para isso, como eletricista, como eletrotécnico, como engenheiro eletricista, um colega como eu”, disse Hugo Vidal em entrevista ao Acorda Cidade.

Em caso de choque elétrico, o que fazer?

Segundo o especialista, é necessário que aquela energia que está alimentando o local seja imediatamente desligada.

“Em um caso de um evento acidental com eletricidade dentro de uma casa, dentro de um comércio, a primeira orientação é desligue a chave geral, desliguem aquela fonte que está promovendo aquela corrente elétrica, é um disjuntor lá na área de serviço, é uma chave geral lá no quadro geral, depois como equipamento seco, com o material seco, como madeira, como pano, depois de desligar a chave geral, tira este condutor, tira a pessoa daquele ponto, e de imediato chame o serviço de socorro oficial da sua cidade”, concluiu.

Com informações da jornalista Maylla Nunes do Acorda Cidade

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  1. Materia elucidativa, num momento que estão ocorrendo vários casos de acidente com eletricidade, é preciso observar todas essas recomendações, pois um discuido pode ser fatal.

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