Brasil
Menino Bernardo disse, em vídeo, que tinha marca de agressão
Quando o garoto conta que seus gritos chamaram a atenção de policiais, que foram verificar o que estava acontecendo na casa, a madrasta diz que o garoto é “cagão”
29/08/2014 às 09h32, Por Kaio Vinícius
Acorda Cidade
Folhapress – Uma gravação feita dentro da casa onde vivia o garoto Bernardo Boldrini, que foi assassinado em abril no interior do Rio Grande do Sul, mostra o menino dizendo que quer "se matar" e que tem marca de agressões pelo corpo.
O vídeo de uma discussão dele com o pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini, foi divulgado nesta quinta-feira (28) pelo grupo RBS. Na quarta-feira, um trecho em áudio do mesmo material –gravado em agosto de 2013– já tinha sido divulgado. Bernardo não aparece na filmagem. Na maior parte da gravação, a câmera é coberta e só é possível ouvir a discussão. Diferentemente do trecho divulgado antes, nessas imagens o pai aparece batendo boca com o menino e até chamando o filho de “froinha”.
Quando o garoto conta que seus gritos chamaram a atenção de policiais, que foram verificar o que estava acontecendo na casa, a madrasta diz que o garoto é “cagão”. “Tu me agrediu. Tenho marca aqui”, diz o menino à madrasta. Em outro momento, o casal e o garoto falam sobre a mãe dele, Odilaine Uglione, que morreu em 2010. Graciele diz que a mulher era uma “vagabunda” e que “pensou em matar” Leandro.
“Fico com pena de ti. Tua mãe te botou no mato. Deus o livre. Te abandonou”, diz o pai. O menino responde, aos gritos, que quer que o pai e a madrasta morram. Antes, o garoto diz, se referindo à meia-irmã: “Coitada da Maria, vão agredir ela também”. No fim do vídeo, de 14 minutos, Leandro pede que o menino tome um remédio. Com a voz alterada, o garoto vai até a madrasta e diz que o pai o mandou pedir desculpas pela discussão.
Segundo o Tribunal de Justiça, as imagens tinham sido apagadas do celular de Leandro, mas foram recuperadas por meio de uma perícia. O material foi anexado ao processo na semana passada e deve ser usado como prova da acusação contra o pai. As imagens foram feitas por Graciele, que aparenta cuidar do bebê do casal em meio à briga. Na terça-feira (26), ocorreu na cidade de Três Passos, onde a família morava, a primeira audiência do processo sobre o crime, com quatro depoimentos de testemunhas de acusação. Uma nova sessão está marcada para o dia 8 de setembro.
A defesa de Leandro nega qualquer participação dele no crime. Graciele disse em depoimento que a morte foi acidental, por erro de dosagem de um remédio dado ao enteado. Os dois estão presos, assim como os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz, acusados de envolvimento no crime.
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