Mundo do Trabalho

Um terço dos jovens deixou de investir na carreira no último ano por falta de recursos, indica pesquisa.

Levantamento voltado para candidatos a estágio revelou que a crise tem feito estudantes adiarem planos de especialização.

02/05/2017 às 14h58, Por Kaio Vinícius

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Dados de um levantamento exclusivo feito pela Companhia de Estágios – consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee – revelou que a crise tem afetado mais do que o acesso dos jovens ao mercado de trabalho. Além de ser a mais impactada pela redução dos postos, essa parcela da população também tem enfrentado dificuldades na hora de valorizar o currículo. Números da pesquisa apontam que mais de 40% dos candidatos a estágio adiaram planos de aprender um idioma ou se especializar em sua área de estudo em virtude da crise. Além disso, quase um terço deles deixou de fazer qualquer investimento na carreira no último ano devido à falta de recursos financeiros. Em tempos nos quais o nível de exigência dos recrutadores está elevado, conseguir demonstrar algum diferencial é um desafio ainda maior, sobretudo para uma parcela da população que, na maioria dos casos, sequer possui experiência. Ainda assim, esses jovens mantém o otimismo e creem numa melhora do panorama.

Jovens em busca de aprendizado

O estudo realizado agora em abril contou com 2.193 participantes de todas as regiões do país, atingiu, em sua maioria, jovens estudantes. Quase 92% dos entrevistados estão realizando algum curso superior e 3,4% ainda estão no ensino médio. Quanto à faixa etária, eles representam a parcela mais jovem da mão de obra brasileira: quase 70% têm entre 18 e 23 anos e está em busca de colocação profissional, sobretudo uma vaga que proporcione aprendizado. Dentre os que estão na fila do emprego, 74% aspiram vagas de estágio. Porém, como reflexo da crise, 22,4% dos participantes visam qualquer oportunidade de trabalho e apenas uma parcela ínfima, pouco mais de 3%, procura exclusivamente postos celetistas.

De acordo com Tiago Mavichian, diretor da consultoria responsável pelo levantamento, esses números evidenciam uma mudança no comportamento do jovem que tenta ingressar no mercado de trabalho “Com a alta competitividade e nível de exigência dos processos seletivos, as vagas formais ficaram mais distantes para estes candidatos. Sobretudo pelo fator experiência: num momento onde sobram profissionais vividos no mercado, o estudante fica claramente em desvantagem, pois geralmente não possui bagagem profissional. Diante disso, sua principal alternativa tem sido os programas de estágio, pois proporcionam justamente a chance de aprendizado sem exigir qualquer experiência prévia”.

Quem não tem experiência, aposta na especialização.

Contudo, se para o mercado celetista o histórico profissional é um dos critérios mais importantes na hora de escolher um candidato, nos programas de aprendizado outra área do currículo é alvo dos recrutadores: a qualificação profissional. Neste momento, fatores que vão além da formação acadêmica como cursos de idioma, informática, especializações e, até mesmo, trabalhos voluntários podem ser decisivos. Tais parâmetros se tornam ainda mais relevantes diante do número recorde de inscritos em processos seletivos voltados exclusivamente para este tipo de vaga: de acordo com a recrutadora, somente no último ano foram quase 200 mil inscritos, um crescimento de 12% em relação a 2015.

Porém, diante do período conturbado que o país atravessa, encontrar formas de melhorar o currículo se tornou mais um desafio para estes candidatos. Com o orçamento apertado, muitos deles não encontram recursos para melhorar essas habilidades. Mais de 30% afirma, inclusive, não ter feito nenhum investimento em educação justamente pela dificuldade financeira. E quando questionados qual plano foi deixado de lado no último ano, 43,4% responderam que cursos de idiomas ou especializações ficaram para depois. Outro ponto revelado pela pesquisa é que neste momento projetos pessoais como viajar, comprar um carro ou sair da casa dos pais tem menos relevância frente à necessidade de se tornar profissionalmente competitivo.

A característica mais valorizada

Quando se trata de qual característica esses jovens gostariam de melhorar em seus perfis profissionais, a fluência em algum idioma estrangeiro é apontada como principal desejo: mais de 60% dos candidatos considera este “know how” mais importante do que aprimorar a oratória, as habilidades interpessoais ou o domínio de tecnologias. Essa aptidão é tão almejada pelos jovens que, dentre os que conseguiram investir em especialização no último ano, 21% apostou, justamente, em cursos desse tipo. Para Rafael Pinheiro, gerente de recursos humanos, isso acontece, pois “Além de dar um “peso” para o currículo, dominar uma língua estrangeira deixa o jovem mais seguro e autoconfiante, deixando-o mais preparado tanto para o momento da entrevista quanto para a carreira. E claro: essa aptidão também é muito valorizada pelas empresas, sobretudo por aquelas que possuem negócios internacionais. Essa habilidade deixa o jovem mais competitivo e, consequentemente, abre mais portas”.

Otimismo

Apesar dos diversos desafios enfrentados por essa parcela da população, boa parte dos jovens mantem-se otimista. Quase 80% dos participantes da pesquisa creem numa melhora do panorama. De acordo com Mavichian, tão importante quanto manter essa esperança, é se mobilizar “O jovem que, mesmo em meio a turbulências, conseguir se especializar, estará mais preparado para o momento em que o mercado tiver superado esta crise. É importante que ele saiba que mesmo diante das dificuldades é possível seguir aprimorando o currículo: trabalhos voluntários, oficinas digitais e cursos gratuitos, normalmente oferecidos por centros profissionalizantes, são alternativas para o jovem não ficar para trás devido ao orçamento apertado. Além disso, existem pontos que podem ser trabalhados sem precisar, necessariamente, de recursos: boa escrita, desenvoltura e, até mesmo, um bom networking são sempre oportunos no desenvolvimento da carreira.”- conclui o diretor.

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