Feira de Santana
Secretária, deputado e psicólogo comentam desospitalização no Hospital Lopes Rodrigues
A secretaria pontuou ainda que é preciso saber de onde sairá o financiamento para atender à política nacional de saúde.
15/03/2017 às 16h42, Por Rachel Pinto
Rachel Pinto
Atualizada em 16.03.17 às 8h29
A reforma psiquiátrica na Bahia prevê o fechamento de todos os leitos em hospitais psiquiátricos no período de cinco anos. Em todo o país, mais de 50 mil vagas em hospitais psiquiátricos foram fechadas. A secretária de saúde, Denise Mascarenhas, disse que o município de Feira de Santana está preparado para receber pacientes que são assistidos no Hospital Especializado Lopes Rodrigues, uma vez que, o recebimento dos pacientes pelo município faz parte de uma política nacional de desospitalização. Porém, é preciso que haja uma avaliação de como serão os serviços dessa política.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Para que esses leitos sejam fechado tem que já existir a enfermaria especializada em algum hospital geral. É isso que manda a portaria. Para isso já tem que existir definido onde serão assistidos esses pacientes. Isso tudo tem que demandar um tempo e demandar uma discussão pública. É uma situação que precisa ser discutida. Você não pode desabilitar um serviço antes de estar cumprindo o que tem dentro da portaria. Então eu pergunto: 'Onde será a enfermaria especializada?', 'Qual hospital geral irá assistir esses usuários?' Nós dos serviços precisamos discutir isso. Não estamos aqui para dificultar o andamento das políticas nacionais. Mas, para isso, nós precisamos dar resposta à nossa população de como andará o serviço. Não é colocar no município, algo que o município hoje já está com sua rede totalmente montada”, afirmou.
A secretária pontuou ainda que é preciso saber de onde sairá o financiamento para atender à política nacional de saúde. “Nós precisamos organizar a nossa rede para oferecer os serviços ao nosso usuário. Não só de transtorno mental, mas qualquer usuário do SUS”, declarou.
Mudança de perfil do hospital
Em entrevista ao Acorda Cidade, o deputado estadual Zé Neto (PT) disse que a ideia da reforma psiquiátrica busca mudar o perfil do Hospital Lopes Rodrigues. Ele defende que, além das mudanças, o hospital possa atender também a pacientes dependentes químicos.
Foto: Acorda Cidade
“Nos próximos dias nós estamos levando a diretoria do Hospital Lopes Rodrigues para conversar com a turma do governo. A nossa ideia é mudar o perfil do hospital a partir da necessidade de uma política nacional. Já chegamos a ter 400 pacientes e estamos com cento e poucos agora. A gente já tem também essa visão de que os que não têm possibilidade de voltar para a casa dos familiares, o governo vai fazer parte deles também no que diz respeito a aluguel de residências terapêuticas com home cares para tomar conta desses pacientes. Com relação ao hospital, eu acho que a gente tem que mudar a característica dele. Eu defendo que o hospital tenha um atendimento voltado para pessoas que têm dependência química. Não só para Feira de Santana, mas para todo o estado. Para que funcione com outra característica. Vamos trabalhar para que não tenha nenhuma perda na saúde de Feira de Santana e para avançar no cuidado de outros pacientes através daquela unidade”, acrescentou.
O que diz o psicólogo
Foto: Acorda Cidade
Para o psicólogo Kleber Fialho, a gestão do estado a partir da reforma psiquiátrica é uma irresponsabilidade tremenda. Segundo ele, a prefeitura não tem estrutura necessária com os centros de atenção psicossociais e falta estrutura em todos os sentidos.
“A sociedade vai adoecer junto com os doentes mentais. Porque já são maltratados em sua história e agora serão jogados ao léu esperando a manifestação da sociedade civil que pode durar meses para poder decidir o que fazer com os doentes mentais. Se nós não nos organizarmos enquanto gestores civis da cidade, a coisa vai piorar cada vez mais. Não há concurso público, os contratos para os profissionais de saúde mental são feitos por Reda e os CAPS não são instalados da maneira correta. O caos está instaurado e a gente precisa se organizar muito rapidamente porque a situação é caótica”, finalizou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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