Política

Ministro aponta risco ao sistema de saúde e suspende lei que criou piso salarial para a enfermagem

Ministro do STF atendeu a pedido de entidades do setor que indicaram risco de demissão em massa e de sobrecarga na rede.

04/09/2022 às 13h10, Por Acorda Cidade

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Foto: Reprodução/ Youtube

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu neste domingo (4) a lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro e que cria o piso salarial da enfermagem.

A decisão vale até que estados, municípios, órgãos do governo federal, conselhos e entidades da área da saúde informem, em 60 dias e detalhadamente, o impacto financeiro para os atendimentos e os riscos de demissões diante da implementação do piso.

Nos próximos dias, a decisão, que é individual, será levada para análise dos demais ministros do Supremo no plenário virtual.

Barroso é relator em uma ação apresentada pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos de Serviços (CNSaúde), que defende que o piso é insustentável.

Diante dos dados já apresentados na ação, o ministro avaliou que há risco concreto de piora na prestação do serviço de saúde, principalmente nos hospitais públicos, Santas Casas e hospitais ligados ao SUS.

Isso porque as instituições indicaram a possibilidade de demissão em massa e de redução da oferta de leitos.

O piso seria pago pela primeira vez nesta segunda (5) e foi fixado em R$ 4.750, para os setores público e privado. O valor ainda serve de referência para o cálculo do mínimo salarial de técnicos de enfermagem (70%), auxiliares de enfermagem (50%) e parteiras (50%).

Conforme o Dieese, o incremento financeiro necessário ao cumprimento dos pisos será de R$ 4,4 bilhões ao ano para os Municípios, de R$ 1,3 bilhões ao ano para os Estados e de R$ 53 milhões ao ano para a União.

Já a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) indicou incremento de R$ 6,3 bilhões ao ano. Foi apontada uma possibilidade de demissão de 80 mil profissionais de enfermagem e fechamento de 20 mil leitos.

Ao Supremo, as entidades afirmaram que “falou-se, antecedentemente, do fechamento de hospitais, da diminuição da rede conveniada ao Sistema Único de Saúde e do influxo de pacientes – alijados da rede de saúde suplementar – para o já sobrecarregado SUS.”

“Tais circunstâncias, per se, são o bastante para comprovar que muitos usuários dos serviços de saúde verão o pleno gozo de seu direito constitucional à saúde restringido. O cenário das diálises, por exemplo, é bastante exemplificativo nesse sentido”, diz a ação.

Decisão
O ministro ressaltou que é preciso valorizar a categoria, mas que neste momento “é necessário atentar aos eventuais impactos negativos da adoção dos pisos salariais impugnados”.

Para Barroso, Legislativo e Executivo não cuidaram das providências para viabilizar a implementação do piso.

“No fundo, afigura-se plausível o argumento de que o Legislativo aprovou o projeto e o Executivo o sancionou sem cuidarem das providências que viabilizariam a sua execução, como, por exemplo, o aumento da tabela de reembolso do SUS à rede conveniada. Nessa hipótese, teriam querido ter o bônus da benesse sem o ônus do aumento das próprias despesas, terceirizando a conta”, afirma ele na decisão.

Segundo o ministro, “de um lado, encontra-se o legítimo objetivo do legislador de valorizar os profissionais de saúde, que, durante o longo período da pandemia da Covid-19, foram incansáveis na defesa da vida e da saúde dos brasileiros. De outro lado, estão os riscos à autonomia e higidez financeira dos entes federativos, os reflexos sobre a empregabilidade no setor, a subsistência de inúmeras instituições hospitalares e, por conseguinte, a própria prestação dos serviços de saúde.”

O relator explicou que as entidades privadas que tenham condições podem e devem implantar o piso.

“Naturalmente, as instituições privadas que tiverem condições de, desde logo, arcar com os ônus do piso constante da lei impugnada, não apenas não estão impedidas de fazê-lo, como são encorajadas a assim proceder. As circunstâncias constitucionais e fiscais aqui apontadas não significam que o valor não seja justo e que as categorias beneficiadas não mereçam a remuneração mínima”, diz na decisão.

Fonte: G1

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  1. Mais o salário procura de onde vem os fundos orçamentários, pra justificar tantos gastos e ainda por cima de tudo terá um aumento de 18%, levando os cofres públicos um desfalque de mais de 700,000.00 milhões anuais.

  2. São sabidos os efeitos nefastos da imposição de pisos salariais, para qualquer categoria profissional que seja.
    O salário, como qualquer preço, deve ser definido pelo livre mercado.

    Porém, ao mesmo tempo, sabemos que o ilustríssimo ministro em questão não está nem aí para o bem do país. Ele só derrubou a lei (ainda que alegando um argumento correto) por que foi sancionada pelo Bolsonaro.
    Se tivesse sido o contrário – vetada pelo Bolsonaro – a lei, se não tivesse o veto derrubado pelo Congresso, seria imposta à força pelo ministro.

  3. E o salário dos politicos qto ganha? Um Deputado, senador e outros. N se fala o quanto ganha e o Brasil tá na falência por causa dos senhores de paletó e gravata. Eu sou pobre e analfabeta. O pobre sofre devido aos politicos que ganham milhões eu como analfabeta nem sei o perfil de politicos. O que faz um Deputado pra ga ganhar um salário tão alto. E o trabalhador pobre n tem valor. Esse o motivo do mal atendimento tanto pelos médicos, quanto pelos enfermeiros. O salário n condiz com a realidade. Tem enfermeiros passando fome, como fazer um bom trabalho sem recompensa. Sei que preciso de médicos e dos enfermeiros As vezes me auto medico pra n ir a uma clínica ou uma UPA. SEI QUE LÁ VAMOS COM 1 DOEnça E VOLTAMOS PRA CASA COM VÁRIAS, já fui vítima dessa realidade. É revoltante chegar em uma emergência e voltar pra casa sem se medicar. Os senhores n precisam de sus.O pobre tem que parar em outubro e fazer uma análise da situação

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