Comissão cobra da Polícia Civil investigação sobre morte de cachorro a pauladas no Conjunto Feira VII

Defensores da causa animal em Feira de Santana estiveram no Complexo de Delegacias do bairro Sobradinho, nesta terça-feira (7), para cobrar da Polícia Civil a investigação e punição dos homens envolvidos na morte de um cachorro a pauladas no Conjunto Feira VII.

O crime foi filmado e, na manhã de segunda-feira (6), o vídeo foi compartilhado nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver um homem agredindo o animal com um pedaço de madeira, ao lado de outra pessoa.

O agressor segue dando pauladas no cachorro, mesmo ele estando ferido e caído ao chão. Uma mulher, que filmou toda a ação, chegou a repreender o acusado, mas ele não se importou e entrou em uma residência, enquanto o outro homem verifica com o pedaço de madeira se o cão ainda está vivo. As cenas chocaram e causaram indignação à população.

De acordo com o empresário Anderson de Azevedo, que faz parte de um grupo de pessoas que buscam assistência em prol da causa animal, maus-tratos a animais em Feira de Santana são uma prática recorrente.

“Temos uma cidade que tem, em sua totalidade, alguns bairros mais periféricos, e isso traz uma mazela, que são os animais abandonados. É muito comum encontrarmos cavalos, gatos, cachorros e vimos através das redes sociais o vídeo que chocou a cidade, de um cachorro morto a pauladas em frente a uma câmera de celular. Então essa prática é comum. A ideia dessa visita aqui ao Complexo de Delegacias, para conversar com o coordenador-geral, é justamente para que se cobre esse posicionamento da Polícia Civil em relação a esse tipo de crime”, informou o empresário.

Ele lembrou que atualmente existe uma lei federal, que foi sancionada em 2020, criada em 2019, a qual pune de 2 a 5 anos os criminosos que praticam esse ato e aumenta em um terço a pena, se o animal vier a óbito e for gato ou cachorro.

“A gente sabe que todo crime tem que ser investigado pela Polícia Civil e viemos ao Complexo para cobrar uma resposta à população e o agressor tem que ser punido. A gente recebe diariamente várias denúncias, mensagens e gostaríamos de ter os recursos para solucionar o problema da cidade, o que é praticamente impossível, mas a gente recebe muita demanda, através do Whatsapp, das redes sociais, e se encaminha até o local. Dentro das possibilidades, a gente aciona os órgãos competentes da cidade, a exemplo do Centro de Zoonoses, mas quando não há essa possibilidade, a gente tenta fazer o tratamento particular”, explicou Anderson de Azevedo.

O empresário do ramo de fast-food revelou que o grupo irá inaugurar em breve uma casa de acolhimento para animais que vivem soltos nas ruas, com parceria da prefeitura de Feira.

“Nasceu uma ideia em parceria com o poder público da cidade e em breve vamos divulgar isso para criarmos um centro de acolhimento de cães e gatos em Feira de Santana, no Conjunto Feira VII, para que a gente possa dar uma assistência maior. Hoje eu sou empresário do ramo de fast-food e a gente busca também fazer essa ação social, que acaba sendo uma profissão não remunerada e a gente fica muito feliz em realizar”, informou.

O vereador Galeguinho explicou que já vem tentando manter contato com o coordenador de Polícia Civil, Roberto Leal, para tratar dos maus-tratos a animais no município.

“Eu gostaria que ele pudesse disponibilizar para nós um canal direto, uma atenção maior dos órgãos fiscalizadores para que a gente consiga minimizar esses maus-tratos em nossa cidade e lei seja cumprida rigorosamente. A lei existe, mas ela não é cumprida, e nós queremos fortalecer, corroborar para ter um retorno mais enérgico pela Polícia Civil. A gente veio para que não só esse, mas como outros problemas que aconteceram em nossa cidade não voltem a acontecer. Nem todo ser humano tem a sensibilidade de se colocar no lugar dos animais, que sentem frio, fome, calor, e a única diferença é que somos seres pensantes e temos que cuidar de tudo ao nosso redor”, afirmou o vereador.

Ele informou ainda que no próximo mês irá disponibilizar uma cota para castrações de animais.

“Existem muitos maus-tratos em Feira, tenho dois anos na política e sempre simpatizei com a causa animal. Estarei abrindo uma cota de 20 a 30 castrações mensais através do mandato, justamente para tentar minimizar essa situação, e também porque é questão de saúde pública”, anunciou.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o delegado Roberto Leal informou que a Polícia Civil já tomou conhecimento do vídeo e irá investigar a autoria do fato.

“Nós recebemos aqui uma comissão, referente a um vídeo que circulou e outras demandas envolvendo a situação dos animais em Feira de Santana. Estamos a par destas informações, e nós já tínhamos inclusive acesso ao vídeo que circula nas redes sociais sobre este fato, em que um indivíduo utiliza um pedaço de madeira para golpear brutalmente um animal. Por isso, estamos aqui agora com essas investigações, através da 1ª DT (Delegacia Territorial) para identificar essas pessoas, posto que já há, inclusive, uma indicação de autoria.”

Os acusados deverão, segundo o delegado, responder pelo crime de maus-tratos contra animais, e a punição pode ser de 2 a 5 anos de reclusão.

“Houve uma alteração legislativa em relação a esse crime, principalmente quando envolve animais de estimação, como cães e gatos. A imagem do vídeo é bastante elucidativa, mas vamos colher outras provas, inclusive ver se há câmeras ali no circuito e testemunhas que presenciaram esse fato. O relato que nos foi repassado é que algumas pessoas presenciaram esse crime. Quem filmou, se tiver gravado o vídeo como forma de denúncia, não deverá ser punido. É diferente da pessoa que vai para uma rinha de galo ou briga entre cachorros e participa, filma, estando ali deliberadamente com a intenção de estar ali”, explicou Roberto Leal.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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