Adoção

Professor consegue na Justiça direito de criar filho adotivo de outro estado

Rafael teve o direito concedido mesmo não sendo casado.

09/07/2023 às 07h12, Por Gabriel Gonçalves

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Foto: Pixabay

O feirense Rafael Ramos Longuinhos, 29 anos, é professor da rede estadual e teve uma ótima surpresa no dia 24 de junho desde ano, após receber uma liminar do Tribunal de Justiça de Pernambuco.

Rafael teve o direito concedido de adotar uma criança, mesmo não sendo casado. Ao Acorda Cidade, ele contou como foi toda a trajetória.

“Meu desejo em ser pai principalmente por meio da via adotiva surgiu em 2011 em uma atividade de escola, onde se discutia a situação das crianças e dos adolescentes que viviam em abrigos, e que acaba até sendo um ato de egoísmo querer ter filhos biológicos, quando estas crianças estão em busca de uma família. A partir daí, eu comecei a refletir sobre a questão da adoção e este sonho demorou um pouquinho porque a minha meta primeiro era estudar, ter um trabalho, ter uma casa e poder adotar futuramente. Este momento surge no ano passado quando por acaso, vi no YouTube uma campanha do Tribunal de Justiça da Bahia sobre a questão da adoção tardia de crianças que acabam tendo dificuldades em encontrar uma família devido à sua idade mais velha, porque a maioria das vezes, os adotantes têm interesse em crianças de zero até cinco seis anos no máximo”, afirmou.

A decisão em ser pai solo, veio através das redes sociais.

“Eu decidi ser pai solteiro a partir de observações nas redes sociais, de homens e mulheres que hoje adotaram de forma solo, e são mães e pais solos. Eu percebi que era possível e em novembro do ano passado, eu dei início a um processo de habilitação para poder entrar no Cadastro Nacional de Adoção, e com isso adotei o meu filho, no final de novembro do ano de 2022, eu arranjei os documentos que foram solicitados pela Vara da Infância de Feira de Santana e após ser habilitado, eu entrei no sistema nacional de adoção e em março deste ano, eu realizei a busca ativa, que é uma modalidade do sistema nacional onde inclui as crianças e os adolescentes que estão há muito tempo em um abrigo e com dificuldades de encontrar uma família”, disse.

Segundo Rafael, as buscas foram intensas e o filho tão esperado foi encontrado no estado de Pernambuco.

“Eu comecei a realizar a busca ativa aqui na Bahia, porém nenhuma criança disponível tinha o perfil que eu tinha pré-selecionado, que no caso seria menino de 6 a 12 anos, sem nenhuma doença existente. Não encontrado na Bahia, eu fui para o estado mais próximo que foi Sergipe, não encontrei também e fui para Pernambuco. Lá eu vi algumas fotos, marquei três crianças e um belo dia assistindo um filme sobre adoção, eu falei, hoje é o dia. Fui abrir o sistema no site, e dos três, eu me encantei pela pessoa que hoje é o meu filho”, contou.

Foi concedido à Rafael Ramos um prazo de 180 dias, tempo hábil para estreitar os laços com o adotante. Para o professor, o prazo de 30 dias, seria muito pouco para construir uma relação com o filho.

“30 dias é um período insuficiente para a construção de vínculos, ainda mais com uma criança que já tem uma idade, uma história e por este motivo que entrei com um pedido de mandado de segurança para gozar da licença de 180 dias com o propósito de construir laços afetivos, trabalhar questões de saúde e por ser pai solo, eu me torno o único responsável por ele, ou seja, tenho que acompanhar em consultas com psicólogos, consultas com dentistas, clínicos e as demandas educacionais, porque sabemos que no abrigo não existe um acompanhamento como é dentro de um ambiente familiar, então aproveito o período da tarde que ele está em casa para estudar, revisar a tabuada e melhorar a leitura”, afirmou.

Ainda de acordo com Rafael, hoje o sentimento é de uma pessoa realizada.

“Hoje eu me sinto realizado, até porque no ano passado eu me questionava com algumas coisas, e dizia: já tenho uma estabilidade mas ainda existe uma lacuna dentro de mim. Hoje eu percebo que minha vida encontrou um sentido, hoje eu vivo por ele e para ele. Como o meu processo é do estado de Pernambuco, o poder Judiciário permitiu que eu tramitasse de forma virtual, já que tudo era feito de forma presencial. O juiz determinou um estágio de convivência de 70 dias e após este período, haverá uma audiência onde será concedido o poder familiar, até porque hoje eu só tenho a guarda. Após isso, eu posso tirar os novos documentos, nova certidão, sobrenome e tudo mais”, concluiu.

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