Feira de Santana

Dia Nacional da Caatinga: Ambientalista alerta para desertificação do bioma predominante em Feira de Santana

A caatinga tem sido ameaçada diante do desmatamento ilegal e degradação do solo.

28/04/2024 às 11h02, Por Maylla Nunes

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Bioma caatinga
Foto: Wirestock/ Freepik

Considerado como o bioma predominante em Feira de Santana, a caatinga é celebrada anualmente, no dia 28 de abril. O domínio, que ocupa cerca de 11% também de todo território nacional, ganhou uma data específica em homenagem ao Professor João Vasconcelos Sobrinho, um dos pioneiros nos estudos ambientais no país.

Porém, apesar de sua importância, a caatinga tem sido ameaçada diante do desmatamento ilegal e degradação do solo. Para falar sobre a relevância do bioma, principalmente a Feira de Santana, o Acorda Cidade ouviu o ambientalista e presidente da ONG Feira Viva, João Dias.

Segundo ele, qualquer bioma predominante nas regiões do Brasil são de suma importância para a vida humana. No caso da caatinga, além de possuir uma fauna e flora rica, ela também beneficia os seres vivos a partir de serviços ecossistêmicos.

Ambientalista e presidente da ONG Feira Viva
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

“O bioma é um complexo que envolve a vegetação e todos os ecossistemas que vivem naquele bioma. Então o Brasil tem alguns biomas com destaque que são a Amazônia, os Pampas, o Cerrado, a Mata Atlântica e a Caatinga. O caso da caatinga é muito importante para nós porque dos oito distritos de Feira, segundo a nossa Universidade Estadual, a Uefs, sete estão no bioma caatinga e o bioma tem influência sobre a vida das pessoas em todo o planeta. Os biomas regem o conforto térmico, os rios, a conservação do solo, a existência dos animais e dentro dos biomas são que os animais compõem o ecossistema e fornecem ao homem os serviços ecossistêmicos. Por exemplo, o mel, as abelhas são ecossistêmicas, aquilo que a gente recebe de graça da natureza é um serviço ecossistêmico. E se esses biomas não estiverem equilibrados, há um desequilíbrio geral que é o que acontece no planeta”, disse.

Assim como citado acima, por possuir uma rica fauna e flora, a caatinga traz consigo árvores exclusivamente brasileiras e medicinais. O ambientalista também aproveitou para destacar as plantas características deste bioma.

“Aqui nós temos plantas características, temos o juazeiro, a quixabeira que aqui tem bastante, a baraúna que deu o nome ao bairro, o ipê que ainda tem na nossa região e a aroeira, que são árvores importantes para nosso bioma. Várias árvores do bioma são medicinais, já se sabe hoje que o ipê-amarelo cura algumas espécies de câncer. Tem uma árvore que o nome é pau santo que é um antibiótico fortíssimo e usava-se no passado para doenças venéreas, tem a aroeira que é anti-inflamatória e as pessoas dizem que também é um estimulante sexual, então várias plantas da caatinga precisam ser valorizadas antes de serem destruídas como vem acontecendo”.

Degradação

Mesmo com uma biodiversidade considerável, o desmatamento e a degradação do solo tem contribuído para a desertificação da caatinga, extinguindo a vida animal e vegetal. Uma das causas que também contribuem com a diminuição deste domínio é a falta de fiscalização de órgãos públicos diante do projeto de lei que estabelece a permanência de 20% da caatinga em fazendas e locais privados.

Bioma caatinga
Foto: Wirestock/ Freepik

“Eu queria chamar atenção porque a Princesa do Sertão está no semiárido e está completamente no bioma caatinga, a gente precisa procurar saber das autoridades quais são as providências que estão sendo adotadas para preservar o bioma. Seria viável procurar a Secretaria de Meio Ambiente, o Inema e o próprio Ministério Público se os 20% do código florestal estão sendo cumpridos. Há uma lei federal que tem que deixar a caatinga em nossas fazendas e elas não estão cumprindo e em decorrência disso, o que pode acontecer, assim como há chuvas, pode acontecer secas. O corpo térmico da cidade, a incidência da luz solar, a formação de chuvas, tudo tem relação com a conservação do bioma. Por isso, é importantíssimo que as autoridades aproveitem a data para refletir”, explicou.

Outro fator contribuinte para a extinção da caatinga são os incêndios e o desmatamento para a retirada ilegal de madeira clandestina para a venda de lenha ou carvão.

O ambientalista ainda finalizou chamando atenção das autoridades e de toda a sociedade para a valorização e defesa da caatinga.

“Tem os incêndios, tem o desmatamento para a retirada de madeira clandestina e um dos piores que acontece no bioma caatinga é o desmatamento provocado por pessoas que produz carvão de forma clandestina. Então, quando você vai a uma pizzaria, é muito importante você saber a origem da lenha, porque a lenha precisa estar licenciada pelo Ibama ou pelo Inema, assim como o carvão. Há uma preocupação apenas com repressão, deixa acontecer para depois tentar corrigir que é o que está acontecendo agora com as chuvas, então, o bioma é preciso cuidar, verificar se a caatinga está sendo respeitada em seus 20% e se não for, os responsáveis precisam ser punidos”, finalizou.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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