Feira de Santana

Mãe relata dificuldade para conseguir medicamentos para filho com deficiência visual e transtorno mental

Além desses medicamentos, o filho de Doracy ainda precisa usar um colírio lubrificante nos olhos.

13/01/2023 às 20h53, Por Iasmim Santos

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Doracy de Jesus Macedo_ Foto Ed Santos_Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Doracy de Jesus Macedo, de 65 anos, relatou ao Acorda Cidade que seu filho Thiago Macedo dos Anjos, 33 anos, é assistido há muitos anos pelo Centro de Atenção Psicossocial, Caps II Oscar Marques, localizado na Rua Comandante Almiro. Ele tem deficiência visual e pessoa com transtorno mental.

No entanto, a falta de medicamentos tem sido constante e segundo Doracy isso está trazendo prejuízos para seu filho, que sem os medicamentos de uso contínuo fica descontrolado e agressivo.

“A falta de medicação no Caps da Comandante Almiro é um problema que se repete. Toda vez que vamos pegar medicação nunca tem. E o meu filho sem o uso de medicação, ele não dorme, ele surta. Eu não consigo dormir dentro de casa. Meu filho anda o tempo todo, ele come bastante, tanto é que não posso ficar muito tempo na cidade, porque ele sai correndo. Ele pega facão, faca, e fica correndo atrás das pessoas”, descreveu Doracy a situação.

Doracy de Jesus Macedo_ Foto Ed Santos_Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

A Risperidona, o Biperiden e o Depakene são os medicamentos que Thiago precisa tomar. Doracy relatou ao Acorda Cidade que recebe Benefício de Prestação Continuada (BPC), mas o filho de Doracy precisa tomar 20 medicamentos por dia. As despesas são altas,

“A Risperidona de 3mg, que a gente nunca consegue, o Biperiden e o Depakene são medicamentos de uso contínuo que meu filho precisa tomar. Uma caixa de Depakene custa R$ 82 e eu ganhando um salário mínimo para alimentar Thiago do jeito que ele está comendo, porque ele toma 10 medicamentos à noite, sete pela manhã e três meio-dia, eu não tenho condição”, elencou a mãe.

“O pai dele faleceu e eu tenho um filho com esses problemas. Não tenho condição de ficar comprando esse remédio que custa R$82. E quando a gente vai pegar a receita lá, o médico de plantão não quer atender, só no dia do médico, que atende o menino”, informou.

Dona Doracy contou que os funcionários do Caps pediram que ela ligasse diariamente para a instituição, para de saber se já chegou o medicamento.

Mãe de filho com deficiência_Foto Ed Santos_Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“Eles falam ‘fique ligando’, mas quando a gente liga não tem a medicação. E o menino quando passa um dia ou dois sem tomar a medicação eu não consigo controlar ele. Ele acaba com tudo dentro de casa, quebra tudo. E ele tem até um colega que está internado no Hospital Colônia Lopes Rodrigues por falta de medicação”, destacou.

Além desses medicamentos, o filho de Doracy ainda precisa usar um colírio lubrificante nos olhos.

“Nunca fui procurar a Secretária, porque geralmente a gente vai aos postos, se tiver nos postos a gente pode pegar e se tiver no Caps a gente pega, mas nunca tem. E eu não consigo ficar com meu filho dentro da minha casa quando ele não toma esses remédios. Eu estou pedindo socorro para as autoridades para ver o que é que o prefeito vai fazer. Prefeito, o senhor tem que levantar da cadeira, dar um basta nisso. Só no seu governo que o meu filho ficou com falta de medicamentos, porque nos outros nunca teve problema não. Meu filho já é assistido pelo Caps há muitos anos e só no seu governo tem essa falta de medicação, eu quero que o senhor venha a público falar, ou a secretária de saúde”, evidenciou.

Doracy é moradora do bairro Liberdade em Feira de Santana, mas não possui segurança de ficar com o seu filho na cidade, quando ele não está tomando os medicamentos, já que ele apresenta mudanças no comportamento podendo gerar consequências para outras pessoas. A rotina não é fácil, disse a mãe ao Acorda Cidade.

“Às vezes, eu tenho que parar de comer, pedir a família para me ajudar, fazer vaquinha, correndo daqui, correndo dali para conseguir uma receita, porque quando chega lá é uma dificuldade também, então eu fico desesperada, não posso dormir nem dentro de casa. Tenho que dormir de porta aberta, fico aqui nesse bairro Liberdade, depois vou para roça ficar com ele, porque ele fica agressivo. Eu gostaria que o prefeito ou a secretária de saúde tivessem a sensibilidade de olhar o lado das pessoas que possuem problemas psiquiátricos, porque o Hospital Colônia já não recebe mais ninguém e a pessoa nessa condição está sofrendo, remédio controlado é de uso contínuo. Prefeito, o senhor é um médico, o senhor sabe disso, pelo amor de Deus, nos ajude. Estou esperando uma resposta. Já liguei para o Caps e não tem o Depakene e eu fico nervosa, tenho pressão alta, diabetes, e fica difícil… meu filho, é órfão”, desabafou a mãe.

O que diz a prefeitura:

O Acorda Cidade entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Feira de Santana que enviou o esclarecimento abaixo e orientou que a mãe precisa levar o paciente para fazer o tratamento da forma correta na rede Caps, ou seja, não apenas de forma medicamentosa.

“Tem as terapias e outros acompanhamentos que irão melhorar a qualidade de vida. Precisa verificar qual o quadro clínico do paciente para saber qual melhor caminho a ser seguido para uma melhor qualidade de vida.”

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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