Educação

Estudante feirense representará a Bahia em Encontro Internacional no Chile

O programa regional Concausa busca dar visibilidade e fortalecer propostas protagonizadas por jovens do continente.

21/11/2022 às 22h03, Por Iasmim Santos

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O projeto Concausa é uma iniciativa da Fundação América Solidária, com o apoio da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que busca conhecer e difundir propostas de inovação social que jovens da região vêm desenvolvendo em suas comunidades vinculadas ao combate à fome, igualdade de gênero, ao fim da pobreza e à educação de qualidade, entre outras.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

A professora do Centro Juvenil de Ciência e Cultura (CJCC), que faz parte da rede estadual, e orientadora Maura Evangelista dos Santos vai viajar para o Chile com o estudante Ivisson Souza Ribeiro, que representará a Bahia com o projeto desenvolvido com as colegas Suellen Tíneo e Evelyn Moreira, chamado Nóbis. O encontro acontecerá no Chile entre 25 e 30 de novembro deste ano.

“Vamos para o Chile no próximo dia 25, aonde vamos representar o Brasil no plano Concausa, a partir de um projeto que a gente desenvolve aqui sobre insegurança alimentar. Então, na verdade, a gente inicia tratando sobre sustentabilidade e traçamos um caminho, em uma oficina que a gente tem, ou uma atividade científica como a gente chama, que é uma incubadora de projetos, que têm várias temáticas e vertentes. E a ideia é tornar os alunos protagonistas, construtores no mundo científico e a partir disso gerar o desenvolvimento deles nas questões sociais, políticas e culturais,” informou a professora Maura dos Santos.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Antes de serem contemplados, os feirenses precisaram participar do concurso público Concausa, patrocinado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), pela organização internacional América Solidária, e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

“Houve um processo de seleção dos projetos e dos estudantes, diante de muitos outros projetos de escolas de todo o Brasil, e nós estamos indo representar nosso país, junto com outra escola do Amazonas, que também vai enviar dois representantes, uma professora orientadora e um estudante,” explicou.

Os estudantes Ivisson, Suellen e Evelyn, que formam o grupo “Nóbis”, foram uma das duas únicas equipes selecionadas para representar o Brasil no encontro Internacional Concausa, que acontecerá no Chile.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“O projeto que a gente desenvolveu aqui no centro juvenil tem como objetivo trabalhar em cima da insegurança alimentar, que está vigente no Brasil, e a gente percebeu que podíamos tratar desses assuntos, com a implementação de PANCs, que são as plantas alimentícias não convencionais, que a gente vê no chão em determinadas regiões e muitos não sabem que têm fins alimentícios e nutritivos, então a gente trabalha com essas plantas que são muitas vezes discriminadas pela sociedade. Nosso projeto tem esse objetivo de trabalhar com as PANCs e também com a robótica, com a plataforma Arduino que é de baixo custo, que é para fazer o gerenciamento da umidade da terra, o gerenciamento dos recursos hídricos. Temos essa preocupação, porque a gente percebe que o agronegócio e a pecuária têm um maior índice de desperdício de água doce do planeta e vimos a necessidade de trabalhar com sustentabilidade”, detalhou o estudante Ivisson Souza.

A viagem será toda custeada pelo Programa Concausa, que busca dar visibilidade e fortalecer propostas protagonizadas por jovens do continente.

“A gente recebeu as passagens aéreas, hospedagem e alimentação. E queríamos ressaltar que o Nóbis é protagonizado por estudantes da escola pública, é uma equipe formada por um time, eu, a Suellen Tíneo e Evelyn Moreira, que são estudantes do CJCC e a gente quer mostrar para o mundo que estudantes de escola pública podem ser protagonistas, estudantes de baixa renda também podem brilhar, porque somos jovens com causa, protagonismo e iniciativa. Estudar, perseverar e buscar esse conhecimento é uma forma de resistência. Estamos em contato com a causa ambiental, que é uma paixão que temos, mas outras equipes trabalham com a equidade de gêneros, com educação de qualidade. São jovens que mostram que são resistentes e que tem iniciativas avassaladoras,” frisou Ivisson.

Orientados pelas professoras Maura Evangelista e Anália Barbosa, o projeto dos estudantes pretende resolver problemas relacionados à alimentação.

“A viagem é dia 25 de novembro. Vamos para Santiago e ficamos lá até o dia 1º, estudando, fazendo partilha com outros tutores e estudantes da América Latina, e a gente retorna dia 1º. Considero esta uma das experiências, para mim como tutora, professora de escola pública, como uma das experiências mais valorosas que um professor pode ver acontecer na escola, não porque as outras experiências não sejam importantes, mas porque a gente afirma esse lugar da escola pública, que parece que é um lugar da fraqueza; que não é do progresso e que o aluno não produz; não constrói; não avança, mas é diferente. Nossos alunos precisam estar neste lugar gerador de oportunidades, e essa é a proposta do CJCC e que os meninos têm aproveitado aqui,” concluiu a professora Maura Evangelista.

Oficinas de Robótica

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

O CJCC também desenvolve projetos ligados à inovação tecnológica, através das oficinas de robótica. Alguns destes projetos foram finalistas no 10ª Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (Feciba), realizado no último dia 10 de novembro, em Lauro de Freitas.

A professora de robótica do CJCC Anália Emília Barbosa contou ao Acorda Cidade que a oficina de robótica começou em maio deste ano.

“A gente já tem a formação de vários alunos, pois o objetivo é, além de formar e ensinar a robótica, é criar objetos educacionais que possam ajudar no dia a dia, no cotidiano deles. A robótica é uma área que trabalha com robôs, mas a gente tem todo tipo de robôs, que vão desde aquele buscador do Google até os sensores mais modernos de carros, em smartphones, e a robótica trabalha todas essas áreas,” explicou a professora.

Acompanhamento

As aulas já estão no segundo ciclo e são compostas por ciclos de 30 horas, conforme descreveu Anália Emília.

“O aluno vem uma vez por semana e a gente faz aulas práticas, em que a gente ensina a tecnologia a eles, eles vão aprendendo a programar as placas; a criar os projetos deles; eles fazem o projeto, idealizam, e eu vou só orientando. E com alguns alunos a gente faz a parte escrita também, porque eles estão fazendo projetos de investigação, vão montando protótipos e soluções para o dia a dia,” salientou.

A oficina possui em torno de 40 alunos, de 16 a 19 anos, que em pares ou trios desenvolvem os projetos que podem ser apresentados no na Feira de Ciências da Bahia (Feciba) que possui o objetivo de estimular a relação ensino-aprendizagem e fomentar o protagonismo dos estudantes na construção do seu conhecimento.

“O Feciba vem acontecendo já há algum tempo, é a décima edição, e a gente já participou de algumas edições em que fomos exitosos. Este ano a gente ganhou o Feciba, com o nosso mascote, que é um aluno do Colégio Wilson, Juarez tem 14 aninhos, e desenvolveu o projeto a partir da necessidade da família dele, que trabalha com psicultura e envolve a criação de hortaliças. Ele definiu e a gente programou algumas coisas. Ele foi para o Feciba e ficou em primeiro lugar como cientista júnior,” destacou.

Outros projetos

A professora Anália Barbosa relatou como o projeto Fonovox pode ajudar pessoas com paralisia.

“A gente teve outro projeto, que foi o Fonovox, que eu digo que é a menina do nossos olhos, que trabalha com pessoas que têm paralisação cerebral. Os meninos criaram esse robozinho que ajuda pacientes paralisados a fazerem exercícios.”

Três alunos participaram do Feciba, do dia 8 a 10 novembro, em Salvador: Paulo e Silas, que apresentaram o Fonovox, e Juarez que apresentou o Robô Fish and Garden.

“Nesse outro projeto, além de você produzir em torno de 70 tilápias adultas, tem o potencial de produzir 80 hortaliças mensais, e com um custo total de R$2 mil, incluindo o alimento que é dado aos peixes, tudo automatizado. O criador tira esse custo somente vendendo as hortaliças,” compartilhou.

A professora ressaltou que por meio da Feira os alunos podem perceber que é possivel empreender com a ciência.

“A Feira é uma situação maravilhosa para os alunos, porque é um aprendizado muito grande, eles conseguem fazer network, conhecem os projetos de outros lugares, entram em contato com outros pares e com esse conhecimento eles conseguem ter uma noção do que é futuro. O objetivo é mostrar que nossa oficina pode ser empreendedora, que podem sim ganhar dinheiro com ciência e eles podem ganhar dinheiro com isso. Ficamos em primeiro lugar como cientista júnior, com projeto em andamento, e também fomos finalistas na parte de robótica com o projeto de Paulo e Silas.”

Primeiro Lugar como Cientista Júnior

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

O cientista, Juarez Pereira de Oliveira Junior, estudante da 8ª série, no colégio Wilson Falcão, relatou ao Acorda Cidade que sempre foi fascinado pela robótica.

“Gostei do prêmio e da experiência de ter ido, de ter ganhado. Já fui com a intenção de ganhar o prêmio, minha professora me incentivou muito, me deu um ótimo trabalho, um robô para eu desenvolver com os materiais, fui estudando e desenvolvendo. Era meu sonho desde pequeno, porque sempre fui fascinado pela robótica, e quando eu descobri que aqui no CJCC tinha o curso gratuito resolvi fazer. Minha mãe sempre me incentivou a fazer e eu vim. Da primeira vez que estive aqui, vim fazer um curso de confeitaria básica e panificação, foi quando eu descobri que aqui tinha o curso de robótica, minha mãe falou que eu poderia fazer e me deu todo o apoio,” relembrou.

Ao Acorda Cidade, Juarez de Oliveira disse que recebeu o apoio do Centro Juvenil de Ciência e Cultura desde o início do projeto.

“O que mais me chamou a atenção neste projeto foi a facilidade da apresentação, a complexidade, o material de estudo. Já peguei 90% do projeto pronto e ficou muito bom. O apoio da escola foi do começo até o fim, recebi muito apoio,” enfocou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

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As informações são do repórter Paulo José do Acorda Cidade.

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  1. É gratificante ver jovens se destacando no senario internacional principalmente da nossa cidade isso provar que o poder público deve ter como uma das suas prioridades o desenvolvimento dos programas voltados para nossa juventude

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