Dia do Professor

Professora aposentada descreve jornada de mais de 30 anos na educação

Conforme contou ao Acorda Cidade, a professora Zélia, ser professor nos dias atuais é um desafio.

15/10/2022 às 14h30, Por Iasmim Santos

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Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Neste sábado (15), é comemorado o Dia do Professor, uma data repleta de significados e que destaca a importância desse profissional crucial para a sociedade.

No Brasil, a primeira lei educacional foi sancionada por dom Pedro I em 15 de outubro em 1827. A data foi oficializada no país inteiro em outubro de 1963, pelo presidente da República na época, João Goulart. Já na década de 1990, o Dia Mundial dos Professores foi idealizado pela Unesco, sendo celebrado mundialmente em 5 de outubro.

A professora aposentada, com mais de 30 anos de atuação, Zélia Vidal de Carvalho, é natural do distrito de Humildes, mas sua história como educadora foi trilhada na sede de Feira de Santana.

“Eu me formei em 1976, no instituto de Formação Gastão Guimarães. Logo no início encontrei um trabalho em Humildes, mas meu marido era muito ciumento, e meu pai estava doente. Naquela época não tinha transporte, aí meu pai pediu que eu não fosse. Meu pai para mim, era a melhor pessoa do mundo e eu não fui por conta do meu pai. Eu sempre costurei desde menina, eu não queria ser sustentada, meu marido ciumava até dos meus filhos, chegou um tempo que era insustentável e eu não aguentava mais ele. Arrumei tudo, comecei a trabalhar em setembro, todo o meu dinheiro eu coloquei na caderneta e quando foi 5 de fevereiro eu comprei uma passagem para o Rio de Janeiro, porque minha família morava lá, e a única coisa que eu levei foi a minha máquina de costura que era a minha ferramenta. É tanto que a minha carteira foi assinada pela primeira vez como costureira na Gavião Peixoto. Só que com o tempo, achei que aquilo era revoltante, meu pai teve um derrame, e eu tinha 60 calças para costurar e quando terminei aquelas calças eu chorei, porque era um dinheiro tão pouco, e eu falei que a partir daquele dia não iria mais costurar em confecção, nem que seja uma única peça,” relembrou.

Quando voltou do Rio de Janeiro, Zélia Vidal lecionou sempre em escolas públicas de Feira de Santana.

“Em 1984 comecei a lecionar na Escola Municipal Ana Brandoa, naquela época ninguém era obrigado a ir às salas de aulas, porque todos ganhavam a mesma coisa. Mas era meu sonho ser professora. Ensinei no Ana Brandoa; na Escola Comunitária desde o dia que fundou, fui professora do Fundamental, da 1ª a 4ª série, mas não tenho inveja de outros professores que ensinam outras matérias, porque para mim se o aluno não sabe interpretar ele não sabe ler,” disse.

Conforme contou ao Acorda Cidade, a professora Zélia, ser professor nos dias atuais é um desafio.

“Me aposentei em 2008. Sempre me respeitei, sempre dei respeito às mães, fui aluna do professor Wilson Mascarenhas e ele me dizia: ‘você em sala de aula é autoridade máxima’. Ser professor exige muito de si, exige gostar do aluno, trabalhava com amor, é tanto que tenho muitos alunos que me mandam convites de formatura. Eu tinha colegas que não ligavam, mas eu ficava na sala de aula, tomando conta dos meninos. Quando precisava eu brigava com eles, mas depois sentava, conversava e explicava o motivo de estar brigando. Teve uma época que muitos alunos vinham de outros colégios e não sabiam ler. Eu orientava os pais que o aluno precisava repetir para ele não passar para outra série sem saber, alguns não ouviam e aqueles que me ouviram, melhoraram. Hoje é um desafio ser professor, tem professor apanhando, professor xingando,” relatou.

A professora contou que o respeito foi essencial para ela e que sempre buscou transmitir isso aos seus alunos.

“Ser professor é ser conselheira, sentar com as crianças, conversar, conversar com os pais e muitos alunos me agradecem. Sempre respeitei os meus alunos e eles sempre me respeitaram. Uma coisa que eu sempre dizia a eles era: ‘Eu não sei nada, é uma troca de experiências. Eu vou aprender com vocês,’” concluiu a professora.

As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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  1. Zelia foi professora de minha saudoza irmã
    Lembro que na epoca ela o temia pois sabia que se de fato não aprendesse ela teria que repetir o ano.
    A professora Zelia tinha empenho e amor por ensinar.
    Infelizmente hoje mesmo com todo amor e dedicação dos professores em ensinar,não se tem mais aquele empenho por parte dos alunos em aprender para passar pra serie seguinte.
    Lamentável que o sistema atual permita que o aluno tenha meios “faciltados” para estar na série seguinte.

  2. Educadora de excelência, fui aluna na Escola Conselho no Feira X ,sou testemunha de sua dedicação e amor pelo que fazia,em tempos difíceis, conseguia fazer milagre, pois não havia livros, tudo no quadro e ainda achava tempo para corrigir todas as atividades dos alunos. A precariedade predominava,várias vezes levávamos bancos para não sentarmos no chão,mas mesmo enfrentando tantos desafios,jamais desistira de transferir o seu conhecimento conosco, principalmente, seu amor.
    Tenho uma eterna gratidão e admiração pela senhora, minha amada professora!
    Agradeço ao Acorda Cidade por me proporcionar tamanha emoção, entrevistando essa grandiosa professora.
    Parabéns aos demais professores!

  3. Educadora de excelência, fui aluna na Escola Conselho no Feira X ,sou testemunha de sua dedicação e amor pelo que fazia,em tempos difíceis, conseguia fazer milagre, pois não havia livros, tudo no quadro e ainda achava tempo para corrigir todas as atividades dos alunos. A precariedade predominava,várias vezes levávamos bancos para sentarmos no chão,mas mesmo enfrentando tantos desafios,jamais desistira de transferir o seu conhecimento conosco, principalmente, seu amor.
    Tenho uma eterna gratidão e admiração pela senhora, minha amada professora!
    Agradeço ao Acorda Cidade por me proporcionar tamanha emoção, entrevistando essa grandiosa professora.
    Parabéns aos demais professores!

  4. Ela foi minha professora na terceira série,da escola comunitária do feira X,uma das melhores professoras que já tive, muitas saudades suas minha pro Zélia

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