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Dia Mundial do Braille coloca em evidência a importância do sistema de códigos para pessoas cegas

No sistema braille trabalhar a percepção tátil em crianças com deficiência visual é de extrema importância para o desenvolvimento e aprendizagem da escrita e da leitura.

04/01/2023 às 16h54, Por Iasmim Santos

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Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Nesta quarta-feira (4), é celebrado o Dia Mundial do Braille. A data presta homenagem ao nascimento de Louis Braille, criador do sistema de leitura e escrita usado por milhões de pessoas cegas e com deficiência visual em todo o mundo.

Conforme o Ministério da Educação, o francês Louis Braille ficou cego aos 3 anos de idade e aos 20 anos conseguiu formar um sistema com diferentes combinações de 1 a 6 pontos em relevo, o sistema se alastrou pelo mundo e hoje é usado como forma oficial de escrita e de leitura das pessoas cegas.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

O sistema que possibilitou novas janelas e portas de conhecimento para as pessoas com deficiência visual já tem quase 200 anos.

A professora do Centro Municipal Integrado de Educação Inclusiva, em Feira de Santana, Raquel Gerino, que é deficiente visual, destacou ao Acorda Cidade a importância do código de leitura para o desenvolvimento de pessoas cegas.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“O sistema Braille é um código de leitura tátil e escrita por pontos em relevo usado por pessoas cegas. Com apenas a combinação de seis pontos é possível escrever caracteres em Braille formando várias simbologias, representando o alfabeto, números e demais caracteres também usados na escrita comum. Lembrando que o código do sistema Braille são combinações de pontos e não são iguais a escrita comum”, disse a professora.

Leitura em Braille

Segundo a professora Raquel, o sistema Braille é importante para as pessoas cegas terem acesso ao conhecimento e a uma formação acadêmica.

“A leitura tátil realizada por pessoas cegas é feita da seguinte forma: na ponta dos dedos sobre um caractere Braille a pessoa cega precisa identificar a quantidade de pontos, a posição desses pontos, a localização desses pontos, lado direito e esquerdo, em cima, embaixo ou entre, de acordo com a configuração retangular da cela Braille e depois identificar a numeração desses pontos de um a seis e após fazer a identificação da numeração dos pontos fazer a correspondência Braille. Por exemplo, identifiquei que os pontos 2, 3 e 4 correspondem a letra S na Língua Portuguesa, no sistema comum de escrita”, exemplificou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Em média o centro acompanha 30 crianças com deficiência visual, estimou Raquel.

“O Centro possui alfabetização em Braille, é um trabalho que eu desenvolvo com o atendimento especializado que é uma oferta gratuita e obrigatória de acordo com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva”, informou.

Como funciona o processo de aprendizagem do Braille

A educadora relatou ao Acorda Cidade que podemos considerar o processo de aprendizagem do Braille parecido com o da alfabetização comum.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“O que vai diferenciar esse atendimento é a prática pedagógica do educador a atenção para as necessidades de acordo com a criança, estudante cego, que vai precisar que também seja trabalhado os pré-requisitos essenciais básicos para a alfabetização como qualquer outra criança que passa por essas etapas. Vai ser necessário trabalhar a lateralidade, conceitos envolvendo direção, posição, espaço, quantidade, forma, coordenação motora, discriminação tátil, porque o tato é de extrema importância para o desenvolvimento e aprendizagem da criança cega nesse processo de aprendizagem da escrita e leitura”, elencou.

Conforme Raquel Gerino, em Feira de Santana, o Centro Municipal de Educação Inclusiva possui atendimento educacional especializado para alunos com cegueira, que é aquele
que vai usar o sistema Braille no seu processo de aprendizagem.

“O atendimento educacional especializado ocorre uma vez por semana com a duração de 50 minutos, mas para ele ser nosso aluno ele precisa estar matriculado na rede municipal e vir com o encaminhamento da escola”, contou.

A educadora destacou que o sistema Braille é o principal meio de comunicação escrita para as pessoas cegas.

“Eu posso até usar a citação de Helen Kellen ‘Os pontos Braille são sementes de luz levadas ao cérebro pelos dedos, para germinação do saber’, e realmente é o principal meio de comunicação escrita, porque com o avanço das tecnologias há um acesso ao conhecimento, à audiodescrição também, mas o Braille é de extrema importância para que possamos ter contato com a palavra escrita. Feira de Santana está de parabéns, porque possui um atendimento gratuito, de portas abertas, para todos os alunos da rede municipal”, argumentou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Elisana Miranda do Evangelho contou ao Acorda Cidade que sua filha, Elóa Miranda Evangelho, nasceu com uma doença na retina e hoje é assistida pelo Centro.

“Minha filha ingressou no Centro no começo de setembro de 2022. No início foi difícil para ela aprender, mas agora ela está se saindo muito bem”, relatou a mãe.

Elisana é moradora do distrito de Jaguara.

“Minha filha tem uma professora lá que ensina Braille também a ela. Tem a professora Juliane também. Ela tem vários professores e são todos ótimos”, ressaltou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

A mãe contou que tudo que ensinam para a sua filha ela aprende um pouco também.

“Acredito que o Braille é um passo importante para a vida dela. E ela vai ter que se adaptar ao Braille, porque será a convivência dela. E aqui no Centro o pessoal já pegou muito amor com ela, pró Raquel mesmo é uma excelente professora”, acrescentou a mãe.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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