Desastre Ambiental

A cada 10 locais atingidos, 3 voltaram a ter manchas de óleo após limpeza

Levantamento feito pelo G1 usou dados de todos os relatórios do Ibama desde o dia 29 de setembro e mostra que 83 pontos da costa apresentaram o retorno da poluição.

01/11/2019 às 08h21, Por Andrea Trindade

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Um terço das mais de 280 localidades atingidas pelo óleo no Nordeste chegaram a ser limpas, mas viram a poluição retornar ao menos uma vez. Ao todo, 83 praias e outras localidades tiveram a reincidência da contaminação, o que representa 29,5% dos locais afetados pelo petróleo cru que começou a surgir no fim de agosto.

Os dados sobre a volta da poluição são parte de um levantamento do G1 com base em todos os 23 relatórios divulgados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) sobre a situação das praias desde o começo do desastre ambiental. A análise mostra que, em alguns locais, houve até três "idas e vindas" do óleo. Além disso, aponta que todos os nove estados apresentaram em algum momento o retorno da contaminação entre os dias 29 de setembro e 30 de outubro.

Localidades

O primeiro avistamento do que se tornou o maior desastre ambiental na costa brasileira ocorreu em 30 de agosto no estado da Paraíba. Desde então, a mancha foi limpa e voltou mais de uma vez em 16 praias do Nordeste. Em alguns casos, a sujeira chegou a aparecer quatro vezes nas praias, ou seja, três reincidências foram registradas.

Ao todo ocorreram 103 reincidências em 83 municípios diferentes. Veja a lista dos municípios onde elas aconteceram mais de uma vez:

Guarajuba, Camaçari (BA): 3 reincidências;
Jacumã, Ceará-Mirim (RN): 3 reincidências;
Praia de Gramame, Conde (PB): 3 reincidências;
Barra do Cunhaú, Canguaretama (RN): 2 reincidências;
Genipabu, Extremoz (RN): 2 reincidências;
Perobas, Touros (RN): 2 reincidências;
Praia de Areia Preta, Natal (RN): 2 reincidências;
Praia de Flexeiras, Feliz Deserto (AL): 2 reincidências;
Praia de Zumbi, Rio do Fogo (RN): 2 reincidências;
Praia do Japonês, Camaçari (BA): 2 reincidências;
Rio Vermelho, Salvador (BA): 2 reincidências;
Sagi, Baía Formosa (RN): 2 reincidências;
Carneiros, Tamandaré (PE): 2 reincidências;
Ilhas dos Poldros, Araioses (MA): 2 reincidências;
Pau Amarelo, Paulista (PE): 2 reincidências
Praia do Forte, Mata de São João (BA): 2 reincidências.

Nas outras praias com reincidência da contaminação, o óleo foi limpo e ressurgiu em um único momento.


Estados

O estado do Rio Grande do Norte, além de ter sete das 16 praias com mais de uma reincidência das manchas, também foi o estado com maior registros de retorno do óleo. Foram 36 registros de praias com manchas que foram limpas e, depois, voltaram a apresentar sujeira. O segundo lugar está com a Bahia, com 24 registros. Veja a lista:

Rio Grande do Norte: 36 reincidências;
Bahia: 24 reincidências;
Pernambuco: 13 reincidências;
Paraíba: 9 reincidências;
Maranhão: 6 reincidências;
Sergipe: 6 reincidências;
Alagoas: 4 reincidências;
Ceará: 3 reincidências;
Piauí: 2 reincidências;

Apesar de ser o estado com mais casos de reaparecimento do petróleo, o Rio Grande do Norte não é o que tem mais praias afetadas. No balanço divulgado pelo Ibama na quinta-feira (30), quando o desastre das manchas de óleo completou dois meses, o estado da Bahia liderava a lista de localidades atingidas.

Veja o ranking de estados com mais locais afetados:

Bahia: 74 localidades atingidas;
Rio Grande do Norte: 51 localidades atingidas;
Alagoas: 46 localidades atingidas;
Pernambuco: 37 localidades atingidas;
Sergipe: 20 localidades atingidas;
Ceará: 18 localidades atingidas;
Paraíba: 17 localidades atingidas;
Maranhão: 12 localidades atingidas;
Piauí: 8 localidades atingidas.

A comparação mostra que os estados com mais praias afetadas nos dois meses não são, necessariamente, os que têm mais reincidências. Isso ocorre porque o ritmo e o fluxo de aparecimento das manchas mudou ao longo do tempo, segundo pesquisadores.

Carina Böck é pesquisadora do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Junto com outros cientistas, ela tem estudado um modelo matemático para tentar encontrar a origem do óleo.

Jandaíra, na Bahia, foi a praia que mais sofreu com grandes resíduos de óleo, segundo os balanços do Ibama. A localidade foi a que mais vezes apareceu nos relatórios com o status que equivale a manchas maiores que 10% da praia. Ao todo, em 18 relatórios do Ibama algum ponto dessa praia, que fica próxima à divisa com Sergipe, apareceu com manchas grandes: a primeira, em 4 de outubro, e a última na segunda-feira (28).

A praia de Jandaíra não figura na lista de reincidências porque, segundo o Ibama, ela nunca chegou a ficar limpa desde que começaram as manchas ali. O status da praia variou entre manchas grandes e pequenas e nunca foi registrado, pelo balanço do Ibama, o desaparecimento do óleo na localidade.

Fonte: G1

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