Histórias de quem depende do BPC marcam mutirão do INSS em Feira de Santana

Com objetivo de reduzir as filas de atendimento, o mutirão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) realizado neste fim de semana em Feira de Santana trouxe à tona histórias de luta de quem depende do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Entre os atendidos, estão pessoas que enfrentam sequelas graves de violência, doenças incapacitantes e famílias que buscam garantir tratamento digno para seus parentes.

As reavaliações biopsicossociais foram agendadas previamente e faz parte de uma iniciativa do governo federal para realizar a verificação periódica dos benefícios, para garantir assistência às pessoas que mais precisam.

Segundo o gerente da agência do INSS, Erivaldo Brasileiro, o objetivo do mutirão é reduzir o tempo de espera dos beneficiários, que em algumas cidades pode chegar a quatro meses. Na ação, está programado 210 atendimentos para perícia e 102 para avaliação social.

Ao Acorda Cidade, Adriano Alves de Nascimento, de 43 anos, relembrou o episódio que mudou completamente sua vida. Na época, ele trabalhava como pedreiro.

“Foi um assalto que me deu uma cacetada e eu fui para o João Alves já dormindo e fiquei em coma um ano”. Em consequência das sequelas, Adriano hoje depende do BPC para sobreviver. O benefício havia sido suspenso, mas foi restabelecido, e neste sábado ele compareceu para atualização cadastral. “Estava suspenso. Voltou há pouco tempo agora. Esse benefício significa muito para mim”, disse.

Outra história é a de Arlete da Cruz Souza Santos, moradora do distrito de Humildes, que busca o benefício para a filha Helloisy, de 11 anos, diagnosticada com escoliose lombar. A condição provoca dores, falta de ar e exige fisioterapia constante, além do uso de um colete ortopédico que precisa ser trocado todos os anos.

A família que não tem condições de custear o equipamento, está realizando uma vaquinha solidária para conseguir comprar o colete ortopédico que chega a custar até R$ 5.000.

“A gente está correndo atrás para ver se a gente consegue esse benefício, porque o tratamento dela é muito caro. Ela tem que ir fazendo fisioterapias continuadas, que o SUS não cobre. Inclusive os raios-x também, que ela precisa tirar para esse tipo de problema, não faz pelo SUS”, contou ao Acorda Cidade.

Para ajudar nas despesas médicas, a Arlete está tentando pela primeira vez solicitar o BPC.

“Nem sabíamos da existência desse benefício. Pelas pessoas indicando, a gente está tentando para ver se a gente consegue, porque esse colete também que ela vai usar, ele tem que ser trocado de ano em ano, ou seja, todo ano vai ter que ter esse valor de R$ 5 mil para poder comprar novamente outro colete, porque conforme a coluna dela vai indo para o lugar, o colete antigo já não serve mais”, explicou.

Quem puder colaborar com qualquer valor, pode doar através da chave PIX 75992144120, em nome de Arlete da Cruz Sousa Santos (Banco: Nubank).

Reduzir as filas e assistir famílias

O gerente do INSS também explicou que os mutirões nos fins de semana ocorrem por todo país nas cidades em que os funcionários das agências concordam em prestar o serviço para enxugar a lista de espera de quem há aguarda há algum tempo pelo benefício, mas também de quem está tentando pela primeira vez, como o caso de Arlete.

“Fazendo esse tipo de atendimento, antecipa o atendimento das pessoas e reduz o tempo de espera na fila. Se tiver agendado aqui para o mutirão, a gente atende a pessoa independentemente da localidade onde ela veio, desde que esteja agendada.”

Segundo Erivaldo, a ação contou com 11 profissionais do INSS, sendo cinco da perícia médica, cinco do serviço social e ele na coordenação do serviço.

“A função da perícia médica é verificar as condições de saúde da pessoa para ver se de fato ela se enquadra nos critérios de pessoa com deficiência, no caso do BPC e a função dos atendentes do serviço social, que são as assistentes sociais, é verificar as condições sociais da família para ver se ela também se enquadra nos critérios legalmente estabelecidos para ter direito ao chamado BPC, que é o Benefício de Prestação Continuada.”

O mutirão deste fim de semana foi exclusivo para a reavaliações do BPC, mas segundo o gerente, a iniciativa deve se repetir mensalmente e pode incluir outros tipos de benefícios, como auxílio-doença e pensões. Ele reforça ainda que, em caso de suspensão, os beneficiários têm direito de recorrer administrativamente em até 30 dias ou buscar a via judicial.

O mutirão segue até domingo (31).

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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