Educação

Prefeitura de Feira de Santana ainda não tem autorização legal para usar recursos do Fundef para vale-alimentação escolar

De acordo com o secretário, a ideia de usar o recurso seria através de um voucher, para compra de alimentação que atenderia 51.370 crianças matriculadas no município.

Prefeitura de Feira de Santana ainda não tem autorização legal para usar recursos do Fundef para vale-alimentação escolar Prefeitura de Feira de Santana ainda não tem autorização legal para usar recursos do Fundef para vale-alimentação escolar Prefeitura de Feira de Santana ainda não tem autorização legal para usar recursos do Fundef para vale-alimentação escolar Prefeitura de Feira de Santana ainda não tem autorização legal para usar recursos do Fundef para vale-alimentação escolar

Rachel Pinto

A prefeitura municipal Feira de Santana ainda não tem autorização legal para utilizar os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) para distribuição do vale-alimentação escolar. De acordo com o secretário municipal de educação, Marcelo Neves, o município ingressou há mais de 30 dias com uma ação na Justiça Federal solicitando o desbloqueio do recurso que está depositado na conta do município. Houve um parecer favorável feito pelo Ministério Público Federal, mas depois uma liminar negou a possibilidade. Agora a prefeitura faz o acompanhamento da ação nas instâncias da Defensoria Pública Estadual e Federal.

“Aguardamos a decisão do juiz federal que de forma ainda que liminar, negou essa possibilidade para o município de Feira de Santana. Nós ficamos inclusive surpresos porque aqui do lado, o município de Conceição da Feira, na própria Justiça Federal de Feira de Santana, teve a sua pretensão de usar os recursos da educação para o combate a covid-19, a pandemia que nos atinge nesse momento. Então foi um banho de água fria, e nós já tínhamos inclusive o recurso separado e o formato como gostaríamos de fazer o seu repasse”, disse.

De acordo com o secretário, a ideia de usar o recurso seria através de um voucher, para compra de alimentação que atenderia para as 51.370 crianças matriculadas na rede municipal. Ele frisou que a prefeitura não desistiu da ação e por isso entrou com o pedido de reconsideração a Justiça Federal para que o juiz possa reexaminar a matéria e possa dar ao município a possibilidade de atender as crianças.

“Paralelo a isso estamos entrando com um agravo instrumento para o Tribunal Regional Federal no sentido de garantir essa possibilidade. O município de Feira de Santana recebe regularmente recursos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) que é a merenda escolar e cerca de 490 mil reais por mês. Para que a gente possa dar uma cesta básica de 50 reais por mês nós precisamos de cerca de 2.586.000 mil reais. Esses são os números e há um déficit mensal de 2.100.00 mil que o município não tem de onde tirar. É uma questão de falta de recursos e eu digo isso porque as verbas da educação são verbas carimbadas e nós não podemos utilizar uma verba sem autorização legal, sob pena do gestor responder por isso. A pandemia passa, mas os processos podem ficar. Então todo cuidado é pouco, principalmente neste momento e estamos confiantes de que essas ações, essa demanda judicial nossa será vitoriosa para que a gente possa atender as crianças do município”, explicou o secretário ao Acorda Cidade.

Marcelo Neves relatou que a proposta é que o município utilize cerca de 8% do recurso que foi depositado em conta. Foram depositados 249 milhões, e o município usaria 19 milhões desse recurso. Segundo ele, esse valor daria para garantir o voucher para alimentação dos alunos em um período de seis meses ou mais.

“Já perdemos dois meses e nós precisamos realmente que a justiça decida e decida rápido em favor dos que mais necessitam. A ideia por conta até de uma questão logística, seria fazer um voucher, através de um cartão alimentação para que as pessoas pudessem utilizar em qualquer estabelecimento comercial e inclusive com a possibilidade disso gerar um fortalecimento do nosso comércio local, principalmente os pequenos comerciantes, essa foi a ideia do prefeito e nós entendemos que essa é uma ideia muito mais factível. Distribuir 51 mil cestas é um trabalho logístico grande, além de um custo exacerbado, também é complicado, porque nós teríamos que distribuir na sede e na zona rural. Feira de Santana tem uma zona rural extensa e temos escolas a mais de 70 quilômetros da sede isso seria extremamente complicado”, declarou.

O secretário comentou também sobre as cestas básicas que foram distribuídas para os alunos da rede municipal de ensino e nas quais, foram utilizados os alimentos que estavam no estoque da merenda escolar das escolas. Ele informou que mais de 80% das escolas realizou essa distribuição e as que não fizeram enviaram os alimentos para a secretaria. A secretaria de educação, por sua vez, transformou esta mercadoria em 1.400 cestas básicas e também junto com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedeso), distribuiu mais 5 mil cestas básicas.

“Vale salientar e naturalmente que toda ação que a secretaria fizer a intenção é contemplar 51.370 crianças matriculadas. Mas, nós sabemos que não são todas essas que estão passando fome. Há um contingente grande que a gente não tem como precisar, se são 10 mil crianças, ou 20 mil, mas ainda bem não são todas as crianças que estão passando fome e necessidade. O que nós queremos realmente é poder atender a 100% a todas e que essa pandemia passe logo. Não foi um fato que estava no nosso planejamento e nos pegou como a todo mundo. Um fato global, planetário e tenho certeza que vamos passar isso o mais rápido possível e a normalidade das aulas recomeçará em breve, espero que não demore muito para que a gente tenha as nossas vidas de volta”, concluiu.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.