Brasil
Ministério da Agricultura recolhe amostra de produtos de frigorífico interditado
As amostras serão analisadas em um dos laboratórios oficiais do ministério para averiguar se os produtos atendem às exigências sanitárias.
22/03/2017 às 18h30, Por Maylla Nunes
Acorda Cidade
Agência Brasil – Fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recolheram hoje (22), em um supermercado de Brasília, amostras de produtos de um dos três frigoríficos interdiatados após a deflagração da Operação Carne Fraca. As amostras serão analisadas em um dos laboratórios oficiais do ministério para averiguar se os produtos atendem às exigências sanitárias.
Segundo o ministro Blairo Maggi, que acompanhou os fiscais durante a inspeção, a iniciativa é preventiva e rotineira. “Estamos verificando os produtos de três marcas cuja comercialização foi restringida”. Os três frigoríficos interditados pertencem às empresas BRF e Peccin. Na unidade da BRF de Mineiros (GO), é feito o abate de frangos. Já nas plantas de Peccin em Jaraguá do Sul e em Curitiba (PR) são produzidos embutidos (mortadela e salsicha).
De acordo com Maggi, as amostras de produtos das três empresas obrigadas a suspender a produção serão recolhidas em várias cidades, mas os alimentos continuarão sendo comercializados até a divulgação dos resultados da análise laboratorial, o que deve demorar até cinco dias. “Estamos indo a campo em várias cidades para dar tranquilidade à população. Nosso negócio agora é demonstrar que a situação está alinhada com o que todo mundo espera.”
Durante o tempo em que esteve no supermercado, Maggi conversou com consumidores e garantiu que as suspeitas levantadas pelas PF são fruto de uma “comunicação errada”. “Papelão na carne; ácidos que não podem ser usados; cabeça [de porco], garantimos que nada disso existe”, afirmou o ministro.
No entanto, para a servidora pública Eilany Maria, uma das consumidoras a quem o ministro procurou tranquilizar, as notícias são preocupantes. “A gente agora vê um pedaço de carne e pensa se deve ou não comer. Pelo que tenho acompanhado, as denúncias não são mentirosas, há problemas, mas as falhas talvez não sejam da dimensão inicialmente anunciada pela Polícia Federal. A questão é que esse alvoroço todo é porque a questão vai além do nosso consumo. A economia brasileira pode ter um colapso por causa disso, do impacto nas exportações. O que, de certa forma, me tranquiliza: o público externo está atento, e é preciso demonstrar para eles que aqui dentro também está tudo bem.”
Aos jornalistas, Maggi voltou a defender a eficácia do Sistema de Inspeção Federal (SIF), responsável por assegurar a qualidade de produtos de origem animal comestíveis e não comestíveis, destinados ao mercado interno e externo, bem como de produtos importados. “Na investigação da Polícia Federal, há um único laudo de produto adulterado. Não podemos olhar para todas as marcas e condená-las. É preciso [ter] o cuidado de verificar se os seus produtos estão em conformidade com aquilo a que se propõem”, acrescentou Maggi.
Além das três empresas cuja produção foi paralisada, 18 frigoríficos sob suspeita continuam funcionando normalmente, embora estejam temporariamente proibidos de exportar seus produtos. O “autoembargo”, conforme classificou o ministro, é uma forma de impedir que a desconfiança do mercado externo afete todo o setor e atinja as exportações de proteína animal como um todo.
“Os países que comercializam com o Brasil podem ficar tranquilos, pois não receberão produtos [provenientes] dessas empresas enquanto não concluirmos uma investigação profunda e voltarmos a liberar as exportações. Podemos garantir que os processos estão corretos e que, se há desvios, eles são pontuais, e estamos prontos para fazer as intervenções necessárias”, declarou o ministro, assegurando que o governo brasileiro está em contato com representantes dos principais mercados externos, sobretudo China, Hong Kong e países árabes.
Maggi defendeu a continuidade das investigações, mas ponderou que é necessário cuidado para evitar injustiças. “A operação da PF deve continuar e se, houver mais problemas, que eles venham à tona. A PF tem todo nosso apoio. Minha preocupação é defender o sistema, que é robusto e confiável. De um universo de mais de 11 mil servidores públicos federais que lidam com a questão, temos apenas 33 sob suspeita. No total, temos mais de 6,7 milhões de pessoas envolvidas nesses processos.”
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