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Paraty está perto de se tornar Patrimônio da Humanidade da Unesco

Cidade recebeu parecer favorável da entidade internacional para ser o 22º lugar reconhecido do Brasil

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Paraty e a bacia de Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, quase na fronteira com o estado de São Paulo, deve ser o próximo Patrimônio da Humanidade reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil. Inscrita pelo governo brasileiro na corrida pelo título no ano passado, o país recebeu agora uma sinalização positiva da entidade internacional por meio do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).

O anúncio definitivo do título acontecerá na reunião anual do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, que acontecerá em Baku, no Azerbaijão, entre os dias 30 de junho e 10 de julho. Anualmente, cada país-membro da Unesco pode indicar um lugar para concorrer — o Brasil já se prepara para apresentar o Sítio Roberto Burle Marx, na Barra de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro, no encontro de 2019.

O rótulo é concedido pela Unesco sempre que a entidade considera que patrimônio de um local é um bem de valor universal. Durante o processo de análise das indicações, os técnicos da organização vão aos lugares inscritos para inspeções técnicas onde, entre outras coisas, classificam se a candidatura é de um patrimônio histórico, cultural ou misto — caso de Paraty e Ilha Grande, que têm tanto construções coloniais do século XIX e uma área natural de 204 mil hectares, com 187 ilhas, com regiões de preservação ambiental cortando seis municípios, além de várias comunidades tradicionais — quilombolas, indígenas e caiçaras moram em reservas como o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Área de Proteção Ambiental do Cairuçu e o Parque Estadual da Ilha Grande.

No turismo nacional, Paraty é famosa pela tradicional Festa Literária da cidade, a Flip, além de celebrações religiosas populares, como a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty — quando as passagens aéreas de outros estados explodem em direção ao Rio. O diretor de Fomento e Cooperação do Iphan, Marcelo Brito, disse que os técnicos da Unesco ficaram maravilhados com o que encontraram quando realizaram a visita de inspeção. “Na medida em que os órgãos consultivos da convenção, tanto o órgão da área cultural, quanto da área natural, dão pareceres favoráveis, recomendam a inscrição [na lista de patrimônio], a gente considera essas sinalizações positivas e entende que a tendência é o Comitê do Patrimônio Mundial acatar”, disse. “Estamos muito felizes”.

A Unesco ainda recebeu pareceres favoráveis de entidades como a União Internacional para a Conservação da Natureza, que destacou a grande variedade de plantas endêmicas da Mata Atlântica, com 57% de aves endêmicas do bioma, e do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), que concluiu que a área inclui as comunidades e seus modos de vida, cosmologia, línguas e arte.

“Trouxemos especialistas para analisar o caminho, articulamos a dimensão cultural com a natural, que foi um grande desafio, e destacamos a presença das comunidades tradicionais”, explicou Brito. “Este será o primeiro sítio da América Latina que tem uma cultura viva em um ambiente exuberante. Os demais são sítios arqueológicos em uma paisagem excepcional”, completou.

Além de Paraty, o Brasil recebeu a equipe da Icomos, órgão assessor da Unesco no processo de candidatura de patrimônios, em janeiro deste: o objetivo era inspecionar o Sítio Burle Marx. Foi uma das últimas etapas antes da escolha, cujo projeto começou ainda em 2015 com a inscrição do espaço em uma lista provisória de candidatos. O comitê se reúne uma vez por ano e por isso, ainda que o sítio seja escolhido, ele dependerá de uma visita do comitê para ser anunciado na lista de Patrimônio Mundial de 2020.