Dom Itamar Vian

Pobres, nossos irmãos

A fé ensina-nos que Cristo está presente no pobre: “Todas as vezes que fizestes isso a um dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt. 25,40).

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Foto: Freepik

No próximo domingo, 19, instituído pelo Papa Francisco, será celebrado o VII Dia Mundial dos Pobres que, neste ano, tem como tema “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb. 4,7). O objetivo é motivar a sociedade para refletir e se empenhar na solidariedade aos mais necessitados. O Papa, para motivar as comunidades, escreveu uma mensagem da qual colhemos alguns pensamentos.

EMPENHAMO-NOS todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta! A pobreza permeia nossas cidades como um rio que enche sempre mais até transbordar e nos afogar, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade, ergue-se cada vez mais forte. Somos, por isso, chamados a ir ao encontro dos pobres e de todo o tipo de pobreza, afastando de nós mesmos a indiferença. O encontro com uma pessoa pobre sempre nos questiona.

OS POBRES tornaram-se imagens que até podem nos comover por alguns momentos, mas, quando os encontramos, quase sempre os marginalizamos. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar e cuidar do outro. A parábola do Bom Samaritano não é história do passado. Desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros, é fácil. Oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso, mas envolver-se pessoalmente, é vocação de todos os cristãos.

TAMBÉM, não se podem esquecer as situações, em vários setores, que levam a um aumento dramático de preços, deixando muitas famílias na indigência. Os salários se esgotam rapidamente. Quando numa família, se tem de escolher entre o alimento para se nutrir e, os remédios para se curar, então, em nome da dignidade da pessoa humana, deve fazer-se ouvir a voz de quem clama pelo dois direitos.

DAMOS graças a Deus porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação e a partilha com os pobres. Não se limitam a doarapenas comida, roupas, dinheiro… Escutam, dialogam e procuram compreender a sua situação, para dar orientações adequadas.Estão atentos às necessidades materiais e espirituais, ou seja, à promoção integral da pessoa humana. Por isso, interessar-se pelos pobres não é somente em dar esmolas. Os pobres são nossos irmãos!

NÃO ESQUEÇAMOS: Somos chamados a descobrir Cristo nos pobres. Não só a emprestar-lhes nossa voz nas suas causas, mas também ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles. A fé ensina-nos que Cristo está presente no pobre: “Todas as vezes que fizestes isso a um dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt. 25,40). Por isso, “Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus” (Tb. 4,7).

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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