Mundo animal

Cães no inverno: especialista dá dicas para reduzir desconforto e evitar doenças

O frio pode trazer desconfortos e doenças respiratórias para os pets. A observação dos turores é indispensável para identificar e cuidar da melhor forma

Cachorros no frio
Foto: Freepik

Durante o inverno, os tutores de cães enfrentam novos desafios, as dúvidas sobre o que é mito e o que é verdade em relação ao conforto térmico dos cães e sobre doenças que podem acometê-los nos dias frios. Além disso, é comum não saber como identificar e evitar desconfortos durante as baixas temperaturas. 

Para responder aos questionamentos mais comuns sobre o assunto, a reportagem do Acorda Cidade conversou com o médico veterinário Ian Temístocles, que deu as dicas necessárias para cuidar do bem-estar e saúde dos cachorros no frio.

Veterinário Ian Temístocles
Ian Temístocles, veterinário – Foto: Ed Santos

Cachorros sentem frio?

Para iniciar, o veterinário respondeu a principal dúvida das pessoas: os cachorros sentem frio? Ele esclarece que, assim como nós, os animais sentem frio e podem sofrer não apenas com o desconforto térmico, mas também com resfriados.

“Os cães são animais homeotérmicos assim como nós. Então, eles precisam manter a temperatura corporal constante. Quando a temperatura externa está mais baixa, a troca de calor desses animais acontece de forma mais rápida. E aí tende a sensação de frio acontecer neles, muitas vezes até a queda da temperatura corporal.”

O médico esclareceu, durante entrevista ao Acorda Cidade, que fatores como idade do animal e tipo de pelo podem ser agravantes para a sensação de frio ser mais intensa.

“Animais idosos e filhotes, raças que tenham pelo curto, raças que são convalescentes, tendem a ser mais vulneráveis em temperaturas mais baixas.”

Os tutores precisam estar atentos às manifestações que o animal pode dar em situações de frio. Segundo ele as mudanças de comportamento vem de uma estrutura do cérebro chamada hipotálamo que faz a termorregulação do corpo. Quando a temperatura esfria a informação enviada ao hipotálamo é que será necessário utilizar mecanismos para melhorar a temperatura interna.

“O metabolismo do animal começa a aumentar, então o animal começa a ter tremores, começa a procurar quais ambientes serão mais aconchegantes, quais serão mais quentes. E aí, quando a gente percebe esse tipo de atitude, é que a gente entende que o animal está sentindo frio.”

Uma atitude comum que se popularizou bastante nos últimos tempos é colocar roupinhas tanto em cães quanto em gatos. O especialista alerta que as roupas podem, sim, auxiliar durante o inverno, porém o uso contínuo dessas peças não deve ser frequente.

“Nessas situações, é, sim, indicado colocar uma roupinha. Contudo, a gente precisa estar atento aos tecidos, sempre aliando tecidos sintéticos, tecidos de algodão, e evitar que isso seja um uso constante. É importante que a roupinha seja usada em situações pontuais de frio. E evitar também roupas apertadas, as quais ficam ali apertando a axila ou a virilha, para evitar qualquer tipo de assadura ou feridas.”

Banho no frio pode fazer mal?

Foto: Freepik

De acordo com Ian, a frequência de banho depende da raça do animal, mas no geral ele relata que para os cães o indicado está entre uma vez por mês ou uma vez a cada 15 dias. “A derme do animal é diferente da nossa, então precisa ter um período de recomposição adequado.”

Para os tutores de gato, ele esclarece que o banho não é tão indicado quanto para os cachorros, com exceção dos casos de patologias na pele.

“O gato é um animal extremamente limpo, a todo momento o gato está se limpando. Então, assim de uma forma esporádica, em uma situação na qual o animal apresenta alguma dermatopatia a gente sugere sim um banho terapêutico, fora isso não é tão indicado.”

É verdade que os pets podem gripar?

Uma informação importante para os tutores é que, assim como os humanos, os cães podem apresentar doenças respiratórias e resfriados. É preciso atentar-se à mudança de comportamento que pode indicar a manifestação de alguma comorbidade.

“Os resfriados leves, eles geralmente são autolimitantes, e a gente consegue ver uma sintomatologia mais tranquila, espirros discretos, secreção nasal e uma apatia também discreta.”, explica o veterinário.

Ele acrescenta que comorbidades mais graves também podem afetar os animais nesta época, como traqueobronquite infecciosa, rinite, pneumonia. Nesses casos, o pet pode apresentar febre, dificuldade respiratória e apatia mais severa.

“Em situações mais graves, como bronquites, pneumonia, que envolve uma tosse persistente, às vezes a secreção vem purulenta, amarelada, esverdeada, febre, cansaço, dificuldade respiratória a gente precisa estar atento e sempre estar em contato com os veterinários de plantão para poder ter atenção especial em relação à saúde dos nossos pets.”

Outro fator de alerta durante o inverno é a redução da ingestão de líquidos, que precisa de maior estímulo. “Sempre manter a água limpa e fresca para o animal e estar atento se de fato ele está se hidratando, porque isso pode ser um indicativo de algum problema de saúde.”

Por fim, o veterinário acrescenta que observar sempre o comportamento dos animais é essencial para oferecer o cuidado necessário e preventivo com as mudanças de temperatura.

“A gente precisa conhecer e entender o comportamento dos nossos animais. Você percebe que o animal está apresentando tremor, buscando sempre lugares mais aconchegantes. A gente precisa estar atento e dar a eles esses locais. Não deixar as camas em lugares que têm rajadas de vento ou no sereno, colocá-los em locais que realmente sejam aquecidos para evitar qualquer tipo de problema.”

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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