Nutrição

Leite condensado diluído vira leite? Vídeos virais levantam debate sobre valor nutricional

Nutricionista explica que leite e leite condensado são produtos distintos e não possuem a mesma composição nutricional.

Leite condensado diluído vira leite? Vídeos virais levantam debate sobre valor nutricional Leite condensado diluído vira leite? Vídeos virais levantam debate sobre valor nutricional Leite condensado diluído vira leite? Vídeos virais levantam debate sobre valor nutricional Leite condensado diluído vira leite? Vídeos virais levantam debate sobre valor nutricional
Leite condensado diluído vira leite
Foto: Reprodução

Uma nova tendência tem chamado atenção nas redes sociais: a diluição do leite condensado em água para transformá-lo em leite. Vídeos viralizaram mostrando pessoas experimentando a mistura e confirmando que ela realmente se assemelha ao leite comum. Mas será que essa alternativa oferece os mesmos benefícios nutricionais?

Para entender melhor, é interessante voltar à origem do leite condensado. Criado em 1856 pelo norte-americano Gail Borden, o produto surgiu como uma solução para conservar o leite por mais tempo. Com a Guerra Civil Americana (1861-1865), tornou-se essencial para alimentar soldados devido à sua alta concentração de calorias. Mais tarde, a Nestlé ajudou a popularizar o leite condensado pelo mundo, chegando ao Brasil em 1890, com o famoso Leite Moça.

No país, o produto se consolidou na cultura gastronômica, especialmente após a criação do brigadeiro em 1945. Durante a campanha presidencial do Brigadeiro Eduardo Gomes, eleitoras misturaram leite condensado com chocolate para vender o doce e arrecadar fundos. O candidato não venceu a eleição, mas a receita conquistou o Brasil.

Agora, com a viralização da ideia de diluir o leite condensado para consumo como leite, surgem questionamentos sobre seus efeitos nutricionais. Nutricionistas analisam se a mistura contém os mesmos nutrientes do leite tradicional e se pode ser usada como substituição no dia a dia.

Consumo de leite no Brasil

Uma estimativa do Centro de Inteligência do Leite apontou que, em 2023, o consumo no Brasil foi de 183 litros por habitante ao ano. Esse número representa um crescimento em relação aos anos anteriores, superando os valores de 2021 (176 litros) e 2022 (179 litros). É o maior consumo registrado desde 2014, quando o país também alcançou 182 litros per capita.

O que dizem os especialistas?

O nutricionista Abelardo Moreira Lima, professor do curso de Nutrição da Estácio, explica que leite e leite condensado são produtos distintos e não possuem a mesma composição nutricional:

“Leite condensado e leite convencional são produtos diferentes. O leite condensado é obtido a partir da desidratação parcial do leite, do leite concentrado ou até mesmo de leite reconstituído com adição de açúcar. Esse produto pode ter teores de gordura e proteína ajustados conforme a característica desejada pelo fabricante.”

Ele ressalta que, ao diluir o leite condensado, a composição nutricional resultante não se equipara à do leite tradicional:

“Se fizermos uma comparação simples para obter a mesma quantidade de cálcio presente no leite convencional, a reconstituição do leite condensado resultaria em um produto com muito mais calorias, menos proteínas e maior quantidade de carboidratos. Isso demonstra que a composição nutricional é modificada.”

Além disso, Abelardo alerta para os riscos do alto teor de açúcar do leite condensado:

“O consumo excessivo de açúcar refinado é prejudicial à saúde. Pessoas com intolerância à glicose, pré-diabéticas, diabéticas ou que estejam buscando restrição calórica devem evitar essa prática. Uma alternativa mais segura para armazenar leite por mais tempo é o leite em pó, que pode ser reconstituído conforme a orientação do fabricante.”

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e YouTube e do grupo no Telegram.