Laiane Cruz
Como reduzir custos em um condomínio com a atuação efetiva da administradora e auditoria? Segundo a advogada Michele Lordelo, especialista em auditorias para condomínio, há gastos que podem ser eliminados ou ter custos reduzidos com soluções básicas de gerenciamento, monitoramento e fiscalização.
“Os gastos relacionados à contratação de pessoa física, que é um dos principais itens de não conformidades em nossas auditorias, porque os condomínios que contratam pessoa física, não tendo o cuidado com a documentação (como recibo de pagamentos autônomos e notas fiscais avulsas, onde os impostos e contribuições não foram devidamente analisados e recolhidos), geram um grande volume, não só do pagamento dos prestadores, mas também um ônus tributário”, informou a advogada.
Michele Lordelo explica que os gastos com consumo e para manutenção dos empreendimentos são imprescindíveis. E que nas auditorias, é importante pedir que o condomínio apresente o checklist de manutenção predial, para verificar como o síndico está fazendo essas manutenções, que envolvem a segurança do condômino, o tratamento da água, a manutenção elétrica, o combate contra incêndios, entre outras atividades.
“O objetivo não é somente quantificar os gastos, mas principalmente apontar quais são os caminhos que o condomínio precisa seguir, para não ocorrer nenhum tipo de gravidade, e não tenha nenhum ônus a nível de segurança, tributário ou financeiro”, destacou.
Segundo a advogada, o custo que pesa mais para alguns condomínios é a água, quando não se tem uma água individualizada; energia elétrica e há também o desperdício de materiais e a falta de controle de suprimentos. Para evitar custos elevados envolvendo essas questões, ela orienta que um dos caminhos é o condomínio ter uma gestão transparente, participativa e, se possível, contar com o apoio de uma administradora atualizada, que tenha pilares de gestão associada com uma auditoria preventiva.
“Cabe à administradora gerir os recursos do condomínio, efetuar o controle de gastos condominiais, trabalhar com uma cobrança célere e efetiva, traçando os diversos perfis de inadimplentes e saber como devidamente cobrá-lo; a administradora precisa estar atualizada no que tange aos aspectos fiscais e tributários e tem que entender os padrões de segurança, para evitar que o síndico incorra em uma falta de responsabilidade civil e até mesmo criminal. O papel da auditoria é acompanhar se a administradora está cumprindo todos esses itens”, destacou.
Ainda conforme Michele Lordelo, muitos síndicos hoje estão buscando se especializar, buscando cursos livres e formação específica, pois os empreendimentos clube e condomínios demandam uma gestão efetiva, pois movimentam milhares e até milhões de reais.
“Existem condomínios que movimentam mais do que cidades do interior. Então esse síndico passa a colaborar a partir do momento que percebe que a responsabilidade de gerir os recursos de terceiros é muito grande. Cada condomínio tem um perfil, e o síndico pode ser morador ou profissional, e a figura desse síndico profissional será mais cobrada pelo fato de já vir com essa capacitação”, salientou.
Taxa de condomínio
Em relação à taxa de condomínio, a advogada afirma que para controlar os índices de inadimplência é preciso conhecer o perfil do devedor. Segundo ela, existem devedores contumazes, que são aqueles que sempre deveram e sempre vão dever, pois não têm a prática de pagar condomínio em dia. Mas, há pessoas que estão passando dificuldades com a crise e passaram a ser inadimplentes.
“Conhecendo os perfis e trabalhando com humanização e conversas, o síndico vai ter muito mais respostas e esses inadimplentes passarão a ser adimplentes”, disse.
Segurança
Outro ponto é a postura adotada pelo síndico na gestão do empreendimento. O profissional deve analisar, segundo Lordelo, as necessidades reais do condomínio e elaborar um orçamento justo, que englobe as questões de segurança.
“Nos condomínios onde há mais benefícios, que são os clubes, que têm às vezes um personal na academia, um instrutor de dança, orientador de curso de línguas, os profissionais precisam entender se aquilo é preciso de fato e essencial para o empreendimento, porque nós verificamos, inclusive, que as questões de segurança estão sendo negligenciadas. Um auto de vistoria do corpo de bombeiros, depois do incêndio da Boate Kiss, passou a ter muito mais relevância, porque as pessoas às vezes podem passar por um sinistro, como um incêndio, e ter riscos quanto ao fogo, sinalização, contra pânico, orientação de como se comportar em um sinistro. São esses aspectos que uma auditoria qualitativa buscar trabalhar”, alertou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade