Ela reina absoluta no jardim com suas flores exóticas que lembram um pássaro em voo. Mas o que pouca gente sabe é que a estrelícia, apesar de resistente, tem um ponto fraco que pode comprometer completamente seu vigor: a exposição solar fora de hora. Entender o comportamento dessa planta é o primeiro passo para evitar folhas queimadas, floração tímida e até paralisação no crescimento — e isso passa diretamente pelo relógio.
Estrelícia: a rainha tropical que não gosta de sol da tarde
Apesar da aparência robusta e tropical, a estrelícia (Strelitzia reginae) prefere o sol da manhã. Sua estrutura larga e rígida das folhas pode até sugerir uma tolerância maior ao calor, mas a verdade é que ela sofre com a radiação intensa após o meio-dia — principalmente em climas secos e regiões com verão forte.
O pico de radiação solar entre 13h e 16h é o que mais prejudica a planta. Nesse período, a incidência de raios UV combinada com a baixa umidade do ar acelera a desidratação foliar, gerando manchas marrons nas pontas das folhas e enfraquecendo a base da flor. A consequência pode ser a perda da coloração vibrante e o adiamento da floração por semanas.
Onde posicionar a estrelícia para ela crescer com força
O segredo está no posicionamento estratégico. A estrelícia deve ficar em locais com luz solar direta apenas até o fim da manhã. Varandas viradas para o leste ou áreas de jardim que recebem sol até 10h30 ou 11h são ideais. Depois desse horário, a planta deve receber sombra leve ou luz filtrada — como sob árvores ou pérgolas com ripas.
Para quem cultiva em vasos, a mobilidade é uma aliada. Basta mudar o vaso de lugar ou criar uma barreira com tecidos de sombreamento nos horários críticos. Isso reduz o estresse térmico e evita o endurecimento precoce das folhas, que afeta a absorção de nutrientes.
Como o excesso de sol afeta a floração da estrelícia
O processo de floração da estrelícia é lento e sensível. A exposição prolongada ao sol da tarde gera acúmulo de calor na base da planta, o que interfere diretamente no sistema de reserva energética. Em vez de investir energia na formação de flores, a planta passa a usar suas reservas para manter as folhas vivas.
Além disso, as flores podem perder seu formato típico de “ave-do-paraíso” e apresentar pétalas secas e rachadas. Um indício claro de que o sol está em excesso é quando a flor aparece, mas não chega a se abrir por completo — um sinal de que a planta travou o ciclo.
Técnicas simples para proteger sua estrelícia nos dias mais quentes
Não é necessário cobrir a planta com lonas ou plásticos, o que pode abafá-la. Em vez disso, opte por sombrite de 50% em suportes móveis ou aproveite a sombra projetada de árvores próximas. Outra opção é usar vasos grandes com rodízios, que facilitam a movimentação ao longo do dia.
Molhar o solo pela manhã ajuda a manter a temperatura estável até o fim da tarde, além de reforçar a hidratação. Mas atenção: nunca molhe as folhas durante o calor intenso, pois a água pode agir como lente e queimar os tecidos.
Uma dica extra é manter uma cobertura orgânica no solo, como casca de pinus ou folhas secas. Isso ajuda a conservar a umidade e cria um microclima mais equilibrado ao redor da planta.
Quando o sol da tarde não é um problema: exceções à regra
Se você vive em uma cidade com clima mais úmido e temperaturas amenas, como algumas áreas litorâneas do sul e sudeste do Brasil, o sol da tarde pode ser menos agressivo. Nesses casos, a estrelícia pode tolerar até 6h de sol direto por dia, desde que haja rega adequada e o solo esteja bem drenado.
No entanto, mesmo nesses locais, é importante observar sinais de estresse, como folhas amareladas ou encolhidas. Cada planta reage de forma única, e o ideal é adaptar os cuidados à realidade do seu jardim.
A estrelícia pode até parecer invencível, mas é no detalhe — nesse caso, o relógio solar — que mora o segredo para vê-la vibrante por mais tempo. Quando você entende que a beleza vem da proteção, cultivar essa planta se torna uma arte diária de observação e ajuste. Afinal, quem respeita o tempo da natureza, colhe o melhor dela.