Cordão da base de Neto acompanhando Jerônimo aumenta polêmica

O cordão de deputados e prefeitos integrantes da base do ex-gestor de Salvador ACM Neto (União Brasil) que acompanham o governador Jerônimo Rodrigues (PT) eleva-se cada vez mais. Derrotado nas urnas em 2022 contra o governador, Neto tem presenciado aliados de primeira hora não apenas a subirem no palanque do mandatário baiano, mas a acompanhá-lo em eventos especiais. Nos bastidores, embora a naturalidade seja a tônica entre os citados, é de que as atitudes tem causado polêmica e cobranças.

O deputado federal José Rocha (União), é um desses exemplos e nem mesmo a celeuma em torno da presença do seu correlegionário por duas vezes em atos de Jerônimo que quase lhe tirou a liderança do União Brasil na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), deputado Marcinho Oliveira, o tem inibido. O deputado federal também é ex-aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Menos de um mês em que Rocha compareceu ao evento que marcou o lançamento da pedra fundamental das fábricas da BYD em Camaçari [10 de outubro], sob a justificativa de que torcia pelo crescimento da Bahia, neste domingo (6), ele, que é conselheiro do Esporte Clube Vitória, assistiu ao jogo do Vitória e Vila Nova (GO), em um camarote especial, no Barradão, ao lado de Jerônimo.

O clima, apesar de o resultado da partida ter sido 1×1, era bastante amigável, conforme publicação nas redes do próprio governador que, dentre outras pessoas, estava acompanhado do ex-ministro de Esporte, deputado federal, Orlando Silva (PCdoB-SP), do deputado estadual, pré-candidato ao PT à prefeitura de Salvador, Robinson Almeida e também da petista, vereadora Marta Rodrigues.

Marcinho Oliveira, por sua vez, participou de um ato em Crisopólis e mesmo após ter causado uma suposta crise na legenda, com direito a puxão de orelhas em reunião da bancada liderada por ACM Neto e ameaça de perder o título de líder da sigla na Alba, não se intimidou e participou da comemoração de 90 anos de emancipação política do município de Euclides da Cunha, que é gerido pelo prefeito Luciano Pinheiro (PDT) no palanque do gestor. O líder da oposição na Alba, Alan Sanches (União) e o deputado Robinho não esconderam a insatisfação.

Para estar presente no palanque governista, o deputado estadual precisou faltar à reunião marcada pelo prefeito de Salvador, Bruno Reis (União). No entanto, Marcinho Oliveira afirmou que a sua falta no encontro da oposição e sua participação no evento petista não teriam sido considerados um “problema”. Ele repetiu, na ocasião, o discurso de que suas participações são institucionais, levando em conta as bases que possui nas cidades. Hoje, a situação é dada como sanada.

A leva de prefeitos, conforme circula nos bastidores, tende a ser ainda maior.

Durante a sua passagem pela cidade de Igrapiúna, dia 16 de setembro, por exemplo, quando o líder petista realizou um encontro com os prefeitos e lideranças das cidades que compõem o Baixo Sul do estado, não passou despercebida a presença a prefeita de Nilo Peçanha, Jaqueline Oliveira (União), que apoiou ACM Neto no pleito do ano passado, em companhia do ex-prefeito da cidade, Carlinhos Azevedo, que é filiado ao PP, que também esteve com Neto em 2022, mas ensaia um retorno à base governista. Ela já havia marcado presença na cerimônia de posse dos secretários estaduais do eleito, antes mesmo de o governador esquentar a cadeira.

Contudo, na ocasião Jerônimo aproveitou para falar sobre as eleições de 2024, e em recado para os novos apoiadores, firmou que só estará no palanque daqueles que estiveram ao seu lado nas últimas eleições.

Nesse contexto, ao citar a “política de gratidão”, os comentários são de que Jerônimo pode ter definido o favoritismo de Augusto Castro, hoje PSD, ex-tucano, também do grupo de Neto, que o apoiou no ano passado e disputa contra Geraldo Simões (PT) a chapa para a prefeitura de Itabuna.

No útimo dia 28, o PT de Itabuna realizou plenária municipal, na Câmara de Vereadores e, inclusive, houve acirramento entre os defensores da pré-candidatura do ex-prefeito e ex-deputado petista Geraldo Simões à prefeitura e o grupo que defende o apoio à reeleição do atual gestor. Os dois lados, por sinal, se disseram “vencedores” das discussões.

O secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso (PT), e o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Rosemberg Pinto (PT), marcaram presença no ato. Ambos defendem o apoio a Augusto Castro, assim como o vereador Manoel Porfirio (PT). O clima ficou tenso com a presença de Geraldo Simões, que fez um discurso firme criticando a gestão de Augusto Castro e alfinetando o próprio partido.

Fonte: Bahia. Ba

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