Alerta

Alta no consumo de energéticos acende alerta sobre riscos à saúde, especialmente entre jovens

Com alta concentração de cafeína, açúcar e outros estimulantes, bebidas energéticas oferecem riscos à saúde. Cardiologista alerta para os efeitos no coração e em outros órgãos.

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Alta no consumo de energéticos acende alerta sobre riscos à saúde, especialmente entre jovens
Foto: Freepik

O consumo de bebidas energéticas disparou no Brasil nos últimos anos. Apenas entre janeiro e agosto de 2024, as vendas cresceram 15% em relação ao mesmo período de 2023. De 2010 a 2020, a produção nacional mais que dobrou, saltando de 63 para 151 milhões de litros anuais, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas. A popularização entre o público jovem, somada ao uso frequente para estudo, festas e até prática esportiva, levanta uma preocupação crescente entre especialistas da saúde.

Segundo o médico cardiologista André Almeida, as bebidas energéticas possuem uma combinação de substâncias que causam impactos no organismo, principalmente no sistema cardiovascular.

“Os energéticos contêm cafeína, taurina, guaraná e grandes quantidades de açúcar. Essas substâncias aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial, podendo causar palpitações e sensação de falta de ar, mesmo em pessoas com o coração saudável”, explica.

Nos casos em que há histórico de doenças cardíacas, como arritmias ou infarto, os efeitos são potencializados e podem se tornar graves.

André Almeida, médico cardiologista. Foto: Paulo José/Acorda Cidade.

O especialista ainda destaca que os danos não se limitam ao coração. “Está provado através de estudos que o consumo excessivo de energéticos pode causar pancreatite, que é a inflamação do pâncreas, uma doença grave com risco de morte”. Além disso, o pH ácido dessas bebidas favorece a erosão do esmalte dentário, aumentando a ocorrência de cáries, especialmente quando associado ao alto teor de açúcar.

Do ponto de vista emocional e comportamental, o cardiologista destaca as consequências emocionais e cognitivas entre adolescentes. “Causa instabilidade emocional, aumenta a ansiedade, o nervosismo e comprovadamente compromete o desempenho escolar desses jovens”, afirma.

Por conta desses impactos, o Reino Unido decidiu recentemente avaliar a proibição da venda de bebidas energéticas para menores de 16 anos. No Brasil, embora a Anvisa recomende cautela, especialmente para o público infantojuvenil, ainda não há uma legislação específica que restrinja o acesso.

Limite de consumo e recomendações oficiais

De acordo com a Anvisa, a ingestão segura de cafeína para adultos não deve ultrapassar 400 mg por dia, com no máximo 200 mg por porção, o que equivale a aproximadamente 600 ml de café de pacote por dia. Já a Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que menores de 12 anos evitem o consumo da substância. Para adolescentes entre 12 e 18 anos, a recomendação é de no máximo 100 mg por dia. No entanto, apenas uma lata de 250 ml de energético já se aproxima desse limite. “São 80 miligramas de cafeína em uma lata. Ou seja, em uma única porção o jovem já está no limite diário”, explica o cardiologista.

Mistura com álcool potencializa riscos

A combinação de energéticos com bebidas alcoólicas, comum entre jovens em festas, é apontada pelo especialista como um dos usos mais perigosos. Dr. André explica que o energético pode mascarar os efeitos do álcool, fazendo com que a pessoa consuma mais do que o habitual.

“O energético mascara o efeito do álcool. A pessoa precisa beber mais para se sentir embriagada. E bebendo mais, o que acontece? Aumenta o risco de intoxicação alcoólica”, afirma.

O especialista conclui que, embora o consumo de energéticos muitas vezes esteja associado à rotina de estudos ou à tentativa de prolongar o desempenho em festas, o risco permanece em qualquer cenário. “Muita gente usa o energético para não dormir ou estudar, outro para não cochilar durante o trabalho. Porque ele tem cafeína, taurina, e é um estimulante do sistema nervoso central. Por conta disso, tem efeitos colaterais no coração, como irritabilidade e arritmia”, finaliza.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Davi Cerqueira sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

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