Nós pais, temos tantas preocupações com relação aos filhos, mas tantas vezes, na tentativa de fazer o melhor, nos perdemos no caminho, não por falta de amor, mas por falta de atenção em aspectos importantes
Por esse motivo, convém lembrar que nosso filho é abençoado aprendiz da vida. Não lhe dificultemos a colheita das lições, fazendo-lhe as tarefas

Nosso filho é flor em botão nos verdes ramos da existência. Não lhe precipitemos o desabrochar, debilitando-lhe a vitalidade espontânea

Nosso filho é discípulo da existência. Não lhe impeçamos a produtividade, tomando sobre nossos ombros os misteres que lhe competem

Nosso filho é lâmpada em crescimento de luz. Não lhe coloquemos o óleo viscoso da bajulação para que não afogue o pavio onde crepita a chama da esperança. 
Nosso filho é fruto em formação para o futuro. Não procuremos colher, antes do tempo, o benefício que não nos pertence. 
Lembremo-nos de que somos, e que o nosso filho também é filho de Deus. 
Nós poderemos caminhar ao seu lado na estrada apertada, mas ele só terá honra quando conseguir chegar ao objetivo conduzido pelos próprios pés. 
Nós temos o dever de lhe apontar os abismos à frente; mas a ele compete contornar os obstáculos e descer às baixadas da existência para testar a fortaleza do próprio caráter. 
Nós devemos ministrar-lhe os ensinamentos do Evangelho; mas a ele compete o murmúrio das orações, na prece continuada das ações nobres. 
Nosso filho é o discípulo amado que Deus pôs ao alcance do nosso coração enternecido, no entanto, a nossa tarefa não pode ir além daquele amor que o pai propicia a todos, ensinando, corrigindo, e educando através da disciplina para a felicidade. 
Mostremos-lhe a vida, mas deixemo-lo viver. 
Falemos-lhe das trevas, mas demos-lhe a luz do conhecimento. 
Mandemo-lo à escola, mas façamo-nos mestres dele no lar. 
Apresentemos-lhe o mundo, mas deixemo-lo construir o próprio mundo. 
Tomemos-lhe as mãos e as coloquemos no trabalho, ensinando com o nosso exemplo, mas não lhe desenvolvamos a inutilidade, realizando as tarefas que lhe competem. 

Nosso filho é vida da nossa vida que vai viver na vida da humanidade inteira. 

Cumpramos o nosso dever amando-o, mas exercitemos o nosso amor ensinando-o a amar e fazendo que no serviço superior ele se faça um homem para que o possamos bendizer, mais tarde. 

O filho é semente divina; não lhe neguemos, por falso carinho, a cova escura da fertilidade, pretextando devotamento, porque a semente que não morrer jamais será fonte de vida. 

O filho é a esperança do mundo; não o asfixiemos no egoísmo dos nossos anseios, esquecendo-nos que viemos à Terra sem ele e retornaremos igualmente a sós, entregando-o a Deus consoante as leis sábias e justas da criação.