A Bahia está de olho em José Carlos Araújo

Alguém já disse que o manifestante que jogou notas de dólares sobre Eduardo Cunha (PMDB-RJ) só foi preso ontem porque elas eram falsas. Provavelmente inspirado no humorista que lançou um maço de cédulas sobre o ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, ele, de fato, produziu a melhor imagem da semana. Houvesse algum critério ético mínimo para que deputados fossem eleitos e ocupassem cargos importantes, como a presidência da Câmara, Cunha não poderia ser uma coisa nem outra. Sua folha corrida como protagonista de escândalos é incomensurável. Até o falecido Brizola fez, nos primórdios da carreira de Cunha, considerações desairosas sobre o deputado. Mas Cunha continuou célere galgando postos importantes, principalmente o comando de estatais, nas quais se pratica de tudo, menos a defesa da sociedade. O baiano José Carlos Araújo (PSD), presidente da Comissão de Ética da Câmara encarregada de julgar Cunha, é hoje protagonista de um momento histórico importante na Casa, apesar de ser da base do governo, onde se diz que se tenta salvar Cunha para que ele salve Dilma Rousseff do impeachment. De sua condução isenta, depende o processo de julgamento do peemedebista por seus colegas, que deverão avaliar o custo-benefício de votar de olho na opinião pública e, ao mesmo tempo, nos seus interesses políticos e pessoais na Casa, estes, normalmente, muito maiores do que aqueles. A princípio, Araújo não tem motivos para decepcionar brasileiros e, especialmente, baianos. Mas deveria aproveitar a oportunidade com todas as suas forças para dar uma resposta aos adversários que, vira e mexe, insistem em tentar queimar sua imagem por estas bandas.