Mensagem: quarta-feira, 22.04.15

A arte de resolver conflitos

Mensagem: quarta-feira, 22.04.15 - A força nunca foi e nunca será a melhor alternativa, além de causar sérios prejuízos à vida.

O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa tarde de primavera. Um dos vagões estava quase vazio: apenas algumas mulheres e idosos e um jovem lutador de Aikidô. O jovem olhava, distraído, pela janela, a monotonia das casas sempre iguais e dos arbustos cobertos de poeira.

Chegando a uma estação as portas se abriram e, de repente, a quietude foi rompida por um homem que entrou cambaleando, gritando com violência palavras sem nexo.

Era um homem forte, com roupas de operário, estava bêbado, aos berros, empurrou uma mulher que carregava um bebê ao colo e ela caiu sobre uma poltrona vazia. Felizmente nada aconteceu ao bebê.

O operário furioso agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arrancá-la. Dava para ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava.

O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo e o jovem se levantou. O lutador estava em excelente forma física. Treinava oito horas todos os dias, há quase três anos.

Gostava de lutar e se considerava bom de briga. O problema é que suas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Por isso o jovem sempre evitava envolver-se em brigas, mas no fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade legítima em que pudesse salvar os inocentes.

Chegou o dia! Pensou consigo mesmo. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo. O jovem se levantou e o bêbado percebeu a chance de canalizar sua ira.

O jovem pretendia acabar com o transtorno. Gritou o bêbado: Agora chega! Um valentão, você vai levar uma lição de boas maneiras. E se preparou para atacar.

Mas, antes que ele pudesse mover-se, alguém gritou: Hei!

O jovem e o bêbado olharam para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos.

Aquele minúsculo senhor vestia um kimono impecável. Sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importante segredo para lhe contar.

Venha aqui disse o velhinho, num tom coloquial e amistoso. Venha conversar comigo insistiu, chamando-o com um aceno de mão.

Com muita ternura, o velhinho começou a falar da sua vida, do afeto que sentia pela esposa, das noites que sentavam num velho banco de madeira, no jardim, um ao lado do outro. Ficamos olhando o pôr-do-Sol, comentou o velho mestre.

Pouco a pouco o operário foi relaxando. E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa. Não, respondeu o operário. Minha esposa faleceu.

Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar. “Eu não tenho esposa, não tenho casa, não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo”. Lágrimas escorriam pelo seu rosto.

O trem chegou à estação e o jovem desceu. Enquanto o trem se afastava, o jovem ficou meditando…O que pretendia resolver pela força foi alcançado com algumas palavras meigas. E aprendeu, através de uma lição viva, a arte de resolver conflitos.

A força nunca foi e nunca será a melhor alternativa, além de causar sérios prejuízos à vida. Por isso, antes de tomar qualquer atitude, escute. Alguém pode estar precisando apenas de um ombro amigo, de uma palavra de conforto, de carinho.

 

Autor desconhecido
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