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Viagens a Marte e imortalidade: quatro futuristas imaginam a vida em 2050

O físico japonês acredita que o próximo grande avanço humano será a transmissão de emoções, memórias e sentimentos por meio da Internet.

10/12/2018 às 15h42, Por Rachel Pinto

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No começo deste ano, o teórico físico japonês Michio Kaku publicou o livro The Future of Humanity (O Futuro da Humanidade, sem tradução para o português), em que coloca uma questão central para o mundo: como vai ser a vida no futuro?

Kaku é um cientista popular em seu país por fugir da linguagem acadêmica inacessível e por, nos últimos, ter se dedicado a hipotetizar o que deve ser o amanhã do planeta Terra — como e onde os seres humanos vão viver ou se a inteligência artificial será capaz de dominar os homens. No entanto, ele não é o único “profeta”. 

Vários pesquisadores futuristas conceituaram o potencial humano por séculos, algumas vezes com sucesso. Talvez, à medida que entramos em tempos mais incertos, o trabalho deles seja mais importante do que nunca. Como o mundo vai ser em 2050, isto é, daqui 32 anos? O jornal britânico The Guardian fez essa pergunta para quatro futuristas diferentes — incluindo Kaku –, e ouviu respostas diversas, que vão desde pacotes de viagens comerciais para Marte até a perfeição biológica 

O físico japonês acredita que o próximo grande avanço humano será a transmissão de emoções, memórias e sentimentos por meio da Internet. "Ao invés de usarmos emoticon no fim de cada frase enviada pela web, nós vamos usar a própria emoção: raiva, felicidade, excitação", disse. Mais do que isso, ele acredita que, quando essa capacidade estiver disponível, a indústria do entretenimento será desnecessária. "Os filmes vão se tornar obsoletos. A comunicação telepática vai reduzir todos os obstáculos entre pessoas. Vamos entrar na era da 'rede cerebral'", completou.

Kaku também diz que, apesar da morte ainda ser uma barreira intransponível, em 2050 a medicina já terá encontrado as bases da imortalidade. "Nós vamos descobrir gradualmente os genes que controlam o processo do envelhecimento e logo vamos entender como consertar os danos biológicos que nosso corpo sofre durante o curso da vida. Assim, a medicina vai deixar de apenas prover curas: vai ajudar a humanidade a se mover em direção à perfeição biológica", opinou. 

O astrofísico estadunidense Neil Tyson, diretor do Hayden Planetarium do Rose Center for Earth and Space, em Nova York, nos EUA, vai mais longe: em 2050 existirão companhias turísticas vendendo pacotes de viagens de férias para Marte. Em seu último livro, Accessory to War: The Unspoken Alliance Between Astrophysics and the Military (Acessório para a Guerra: A Aliança Secreta Entre Astrofísicos e o Exército, sem tradução para o português, ele elaborou um robusto argumento para sua previsão.

Segundo Tyson, o avanço da geo-engenharia nos próximos anos vai resolver um problema que impede a presença humana em Marte: a existência de oxigênio. "Nós não podemos respirar lá. É preciso plantar no solo, gerar oxigênio, realizar uma terra transformação. Não é um futuro inimaginável para nós. Quando tivermos terra transformado o planeta, poderemos falar sobre viajar para lá", explica.

"Em 2050, eu imagino que Marte se torne um lugar de férias. Ao invés de irmos à praia, as pessoas vão gastar dinheiro para ir e voltar do espaço. Eu faria isso. Mas é um modelo de negócio que ainda precisa ser criado, porque não há nem infraestrutura. Não há jeito de fazer comida ou coletar combustível lá", conclui.

Para o astrofísico estadunidense, a humanidade está próxima de se aproximar e colonizar o sistema solar. Para isso, basta apenas que a tecnologia de captação de recursos seja desenvolvida, como o cultivo de comida e a extração de gases ou combustíveis naturais. "Os asteróides são ricos em vários ingredientes minerais e metálicos — raros na Terra — que são fundamentais para a civilização moderna: ouro, prata, platina, irídio, cádmio. Os cometas têm uma quantidade enorme de água. O primeiro trilionário do mundo vai ser também o primeiro a explorar esses recursos", afirmou.

Já a escritora e futurista estadunidense Faith Popcorn, que fundou em 1974 uma consultoria especializada no setor, a BrainReserve, coloca suas fichas nos algoritmos: na medicina, por exemplo, eles vão acabar com os erros médicos comuns em países de Terceiro Mundo e, além disso, estarão disponíveis em plantões intermináveis — ao contrário dos médicos humanos. "A inteligência artificial vai nos informar muito cedo no que somos alérgicos, quais são nossas sensibilidades, o que precisamos fazer para lidar com elas e mesmo nossos níveis diários de estresse", opinou.

Na psicologia, a previsão é a mesma — e o otimismo vem embutido com uma dose de realidade. Popcorn conta que, nos EUA, psicólogos artificiais são extremamente efetivos em responder questões de seus pacientes. "Eles entendem quais pontos geram estresses e mensuram as biometrias das pessoas durante as sessões. Os terapeutas humanos não fazem isso", completa. Outras previsões da escritora estão entre aquelas que já se vê em filmes de ficção científica: o fim da gravidez ("As pessoas vão gerar bebês em laboratórios") e a instalação de chips nos corpos das crianças ("No mesmo momento em que o cordão umbilical por cortado. Nós vamos arquivar nossos dados médicos nas mãos"). 

Por fim, a também CEO de uma consultoria futurista estadunidense, Amy Zalman, que dá aulas na Universidade de Georgetown, em Washington, nos EUA, dá uma previsão mais próxima do cotidiano das pessoas e que já está, inclusive, em discussão nas disciplinas universitárias: o fim do trabalho. Segundo ela, todas as conversas atuais sobre automação serão irrelevantes em 2050, quando grandes mudanças terão acontecido. 

"Os 'vencedores' serão aquelas pessoas em empregos que ainda nem conhecemos, uma intersecção entre tecnologia e outros campos. Dados e justiça criminal. Dados e serviços médicos. Dados e biotecnologia. Vai ser uma época excitante para filósofos. Nós vamos entender rapidamente a necessidade de entender como usar, administrar e viver com a inteligência artificial. Nós vamos precisar de filósofos para legislar nós mesmos no futuro", decretou.

Com a tecnologia de 2050, as sociedades vão precisar passar por uma série de transformações nos serviços sociais, nas escolas, na maneira de fazer dinheiro, na renda básica universal e nas novas formas de trabalho. No entanto, ela é pessimista quanto a um elemento presente no mundo moderno e que vai permanecer no futuro: a desigualdade social mundial. 

"A desigualdade não cresce apenas da automação. Ela vai continuar a desenvolver de um tipo de sistema econômico que já está estabilizado: que dinheiro faz mais dinheiro. Isso vai levar a uma divisão biológica da sociedade também", finalizou.

 

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