
Neste 29 de outubro, Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), os médicos trazem um alerta diferente do que as pessoas estavam acostumadas. A doença, antes associada à terceira idade, tem atingido cada vez mais pessoas jovens, especialmente mulheres com menos de 50 anos. A neurologista Patrícia Schittini, que atua no ambulatório do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), explica que o fenômeno está relacionado a um conjunto de fatores modernos que afetam diretamente a saúde vascular do cérebro.
Segundo Patrícia, o “estilo de vida inflamatório e estressante” tem papel central em um mundo cada vez mais acelerado com produtos industrializados. “Estresse crônico, ansiedade, privação do sono, excesso de telas, todos esses fatores impactam a autorregulação cerebral”, afirmou. Além disso, condições metabólicas precoces, como obesidade, resistência à insulina e pré-diabetes em pacientes jovens, têm provocado inflamações sistêmicas e formação de placas nas artérias.

Entre os riscos adicionais nessa lista perigosa, estão o uso de cigarro eletrônico, drogas estimulantes como cocaína, álcool e anabolizantes. O uso dessas substancias aumentam as chances do AVC, tanto isquêmico quanto hemorrágico.
Nas mulheres, o uso de anticoncepcionais, quando associado ao tabagismo, também aumenta em muito o risco de AVC.
“O álcool é estimulante e deletério, sim, para todo o organismo. Antigamente se permitia um pouquinho, uma dose mínima de álcool, hoje já sabe-se que não é permitido nada, então quem puder realmente viver sem o álcool o cérebro vai agradecer.”
A médica também lembra que doenças autoimunes, como trombofilias e enxaqueca podem contribuir para a ocorrência de eventos vasculares em jovens. Sedentarismo e má alimentação são dois fatores que não podem ficar de fora como fatores de risco, além de hipertensão, diabetes e doenças cardíacas como arritmia.
Diagnóstico: socorro na “janela de tempo” é fundamental
O tempo é fator decisivo para evitar sequelas graves. O paciente deve chegar ao hospital em até quatro horas e meia após o início dos sintomas. A cada minuto que passa sem fluxo sanguíneo, milhões de neurônios morrem.

“Depois disso, muito pouca coisa a gente pode mudar na história desses pacientes. Pacientes que eram economicamente independentes passam a ficar dependentes do sistema de Previdência Social ou tem que recorrer a alguma outra forma de voltar ao mercado de trabalho”, explicou a neurologista.
Nos casos de AVC isquêmico, o tratamento de escolha é a terapia trombolítica, que pode dissolver o coágulo responsável pela obstrução. “Quando você dissolve esse trombo, você restaura o fluxo sanguíneo naquela área do cérebro, gerando menos incapacidade e menos lesão”, explicou a médica.
Reconhecendo o AVC
Os sinais de alerta incluem perda súbita da fala, dificuldade para compreender, perda de força em um braço ou perna e dor de cabeça intensa. “O paciente estava bem e subitamente mudou o comportamento, isso leva a pensar num quadro vascular”, destacou Patrícia Schittini ao Acorda Cidade.
Outras maneiras de reconhecer o AVC é se lembrar das regrinhas do S A M U.
| Ação para Testar | Sinal de Alerta |
| Sorriso (Rosto) | A boca está torta, um lado do rosto está caído ou dormente? |
| Abraço (Braço) | Ao tentar levantar os dois braços, um braço cai ou está fraco? |
| Música (Fala) | A fala está enrolada, confusa ou a pessoa tem dificuldade para entender? |
| Urgência (Tempo) | Se notar qualquer um destes sinais, ligue para o 192 (SAMU) imediatamente! |
Prevenção e qualidade de vida
Para reduzir os casos, a neurologista reforça a importância de alimentação saudável, prática regular de exercícios, controle do estresse e abandono do álcool e do cigarro para quem abusa dessas substâncias.
“A alimentação é a base de todas essas condições que podem levar ao AVC. O paciente que se alimenta bem tem menos risco de ser hipertenso ou diabético. Os pacientes que conseguem imprimir essa qualidade de vida, eles conseguem realmente reduzir bem o risco de qualquer doença cerebrovascular”, ressaltou.

O estresse e a falta de sono também merecem atenção. “Quando eu falo em ter um gerenciamento desses fatores de risco e praticar exercício físico, eu também estou aqui reportando que o gerenciamento desse estresse é importante. Tem que ter um momento de lazer, tem que ter um momento de ficar longe das telas, viver o mundo real, ter esse momento convívio em família, tudo isso também é importante para poder que o paciente tenha qualidade de vida”, completou a médica.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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