Um levantamento da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe) acende o alerta sobre os riscos do uso frequente e sem orientação médica de analgésicos para dores de cabeça. De acordo com a entidade, até 70% dos pacientes com enxaqueca fazem automedicação e, entre eles, uma parte significativa evolui para um quadro de cefaleia crônica diária por abuso de medicamentos — condição caracterizada por dor em mais de 15 dias por mês, por três meses consecutivos ou mais.
A médica neurologista Patrícia Schettini, especialista em medicina interativa e longevidade, reforça a preocupação. “Falar com você, mulher, mãe, que acumula múltiplas tarefas e convive com dores de cabeça frequentes, é um chamado à conscientização. Tenho acompanhado casos em que, por adiar o diagnóstico, essas dores impactam diretamente a vida profissional, familiar e até matrimonial das pacientes”, relata.
Segundo a especialista, o uso diário e contínuo de analgésicos sem acompanhamento adequado pode agravar a situação. “Esse abuso pode, paradoxalmente, intensificar a frequência e a intensidade da dor, transformando-a em uma doença de difícil controle”, afirma. Ela cita como exemplo o caso de uma paciente que, após anos de automedicação, desenvolveu cefaleia crônica diária. “Mas nem tudo estava perdido. Com o diagnóstico correto e uso de terapias injetáveis, conseguimos reverter o quadro. Hoje, essa paciente tem crises esporádicas e voltou a ter uma vida plena.”
A médica ressalta que o tratamento adequado exige orientação especializada e, em muitos casos, vai além dos medicamentos tradicionais. “Terapias como bloqueios, toxina botulínica e ajustes no estilo de vida fazem parte do plano terapêutico. Dor de cabeça frequente não é normal. E o uso excessivo de remédios, além de ineficaz, pode ser perigoso”, reforça.
A recomendação é clara: diante de dores recorrentes, o mais seguro é procurar ajuda médica. Somente o acompanhamento com especialista pode garantir um diagnóstico preciso e o controle efetivo da enxaqueca — antes que ela se torne uma condição crônica e incapacitante.
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