Saúde

Tratamento para pé torto congênito no HEC atinge bons resultados

Quando não tratado, o pé torto produz considerável incapacidade.

Acorda Cidade

A ortopedia pediátrica é uma subespecialidade da Medicina que lida com a prevenção e o tratamento de distúrbios de músculos esqueléticos em crianças. Dentre os casos tratados na ortopedia pediátrica está o pé torto congênito, uma deformidade complexa que inclui componentes variados. Ocorre em um a cada mil nascimentos, é bilateral em metade dos casos e afeta, com mais freqüência, os homens.

Em famílias afetadas, ocorre com maior frequência nos parentes – cerca de 30 vezes mais – do que na população geral. Vale ressaltar que o pé torto pode estar associado a outras anormalidades congênitas, a exemplo de anomalias no sistema urinário e digestivo, torcicolo congênito e metatarso varo. Quando não tratado, o pé torto produz considerável incapacidade.

Os ortopediatras do Hospital Estadual da Criança (HEC) / IMIP Gestão, Dr. Ailton Pedreira e Dr. Eduardo Teixeira, explicam como funciona o tratamento e afirmam que a unidade hospitalar tem atingido bons resultados. “O objetivo do tratamento do pé torto é corrigir as deformidades e manter a mobilidade e a força. Aqui no HEC padronizamos a utilização da técnica de Ponseti, que tem produzido bons resultados em longo prazo e está se tornando um tratamento padrão em todo o mundo. A correção é alcançada por manipulação e imobilização gessada em uma sequência definida. Semanalmente atendemos no ambulatório cerca de 20 pacientes oriundos de toda a Bahia, a exemplo de Jacobina, Vitória da Conquista, Piatã e Correntina”, pontuam.

Para I.R.P., mãe de T.P.S., 2 meses, o tratamento tem sido muito positivo. “Já sinto diferença nos pés do meu filho. Ele nasceu com os dois pés tortos e, desde que tem nove dias de vida, realiza o tratamento. Somos de Piatã; enfrentamos horas de viagem para chegar ao HEC, mas vale a pena o esforço. Somos muito bem atendidos aqui”, afirma.

A avó do paciente D.A.A.Q., 5 meses, também relata que já vê diferença nos pés do neto. “Estamos realizando o tratamento há quase dois meses: usamos o aparelho nos pés dele o dia todo nesse período inicial e depois usaremos somente à noite por três anos. Fomos instruídas pelos médicos e estamos sendo muito bem acompanhadas. Toda semana estamos aqui no HEC realizando o tratamento. O atendimento é excelente”, salienta.

Normalmente atinge-se a correção do pé torto em cinco a oito sessões semanais de imobilização gessada. É comum o acréscimo da tenotomia percutânea do tendão do calcâneo para facilitar a correção do eqüino e a utilização de uma órtese noturna (chamada de Denis Brown) durante três anos, sendo que nos três primeiros meses a utilização ocorre por 23 horas diárias.