Ney Silva e Laiana Cruz
 
O atendimento na área de obstetrícia em Feira de Santana está ficando cada vez mais complicado por causa a superlotação e a redução do número de leitos nos últimos anos. O Hospital Inácia Pinto dos Santos (Hospital da Mulher), que tem a melhor estrutura de leitos e de espaços para atender parturientes, não está dando conta de toda a demanda dos municípios que encaminham pacientes.
 
De acordo com a presidente da Fundação Hospitalar, Gilberte Lucas, cerca de 80 mulheres são atendidas diariamente no HM, e desse total, cerca de 30 acabam sendo acolhidas para algum procedimento. Por mês, são internadas aproximadamente 800 mulheres. Mas, segundo ela, essa estrutura está ficando estrangulada porque a demanda só tem crescido.
 
O Hospital da Mulher possui 64 leitos para obstetrícia, 8 de UTI-neonatal, 7 de berçário de médio risco, duas salas: uma de centro obstétrico e outra de centro cirúrgico, mais seis leitos de pré-parto com espaços para recém-nascidos, 11 leitos na casa de puerpério, mais oito do espaço mãe canguru. Mas, salienta Gilberte Lucas, que para desafogar o Hospital da Mulher, a Mater Day, e o Clériston Andrade, as prefeituras da região de Feira de Santana precisam fazer atendimentos básicos na área de obstetrícia, como curetagem e partos normais. 
 
Ela acha que só dessa forma a situação pode ser amenizada.
A presidente disse ainda que é necessário que o Ministério da Saúde credencie mais leitos de UTI- neonatal tanto no Hospital da Mulher quanto no Clériston Andrade, caso contrário, haverá cada vez mais necessidade regular as pacientes para Salvador. “O Hospital da Mulher não é referência em alto risco, e sim em baixo e médio risco”, explica Gilberte.
 
“Ao longo dos anos, o serviço de obstetrícia ao invés de aumentar foi diminuindo leitos e é por isso que a situação está complicada devido à grande demanda”, disse Gilberte. Ela salienta que a área de obstetrícia é uma realidade diferenciada e não é possível tratar uma paciente de qualquer forma porque na verdade está se tratando de duas vidas, a da mãe e a do bebê, sendo necessários dois leitos.
 
No caso de crianças prematuras, destaca Gilberte Lucas, a situação se complica ainda mais. Só este ano de 2014, houve uma taxa de mais de 2% de crianças que nasceram prematuras e que precisavam de um cuidado maior. “Mesmo com todos os investimentos que estamos fazendo em equipamentos, o aumento de pessoal para dar conta de toda a nossa demanda, não temos como atender toda a demanda, e o problema de obstetrícia não é do Hospital da Mulher, mas sim de toda a rede”, relatou.
 
Gilberte Lucas finaliza explicando que manter essa estrutura é caríssima e que as verbas federais são insuficientes para cobrir todos os custos. De acordo com ela, 70% dos recursos são cobertos pela prefeitura e apenas 30% são repasses de verbas do SUS.