
A dor crônica é considerada a principal causa de aposentadoria precoce no Brasil e afeta milhões de pessoas todos os anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025, 843 milhões de pessoas sofrerão com dor nas costas, uma condição muitas vezes associada a problemas comuns, como má postura ou pequenas lesões não tratadas, que podem impactar toda a vida do paciente.
De acordo com a médica anestesiologista Andressa Guimarães, o tempo é o principal fator que diferencia a dor comum da dor crônica.
“É aquela dor que acaba persistindo por um período maior do que três meses e acaba ultrapassando o tempo de cicatrização natural que o corpo vai fazer. Então, essa característica temporal nos dá esse conceito de dor crônica.”
Diferença entre dor aguda e crônica
A dor aguda é um sinal de alerta do organismo, indicando que algo está errado, como em casos de fraturas, infecções ou cirurgias. Já a dor crônica perde essa função protetora e passa a ser considerada uma doença em si.
Existem diferentes tipos de dor crônica:
- Neuropáticas (nervosas)
- Nociceptivas (musculoesqueléticas ou viscerais)
- Nociplásticas (de sensibilização central, como a fibromialgia)
- Entre os exemplos mais comuns estão dores lombares, osteoartrite e enxaquecas.
Muitas vezes, o paciente pode apresentar uma combinação de diferentes tipos de dor, conhecida como dor mista. Um exemplo típico é a hérnia de disco, que pode provocar dor nociceptiva, devido à inflamação do disco, e dor neuropática, causada pela compressão de um nervo.
Impactos na vida do paciente
A dor crônica pode comprometer a mobilidade e limitar atividades simples do dia a dia, como trabalhar, limpar a casa ou até realizar a higiene pessoal.
“Ela gera, inclusive, altos índices de afastamento do trabalho, acaba que a pessoa consome maior quantidade de medicamentos e acaba impactando na produtividade mesmo. Então, é um problema de saúde pública, extremamente preocupante, que precisa ser levado a sério e precisa ser trabalhado da melhor maneira possível.”
A dor é apenas física?
Segundo a especialista, não. Além das causas físicas, biológicas, inflamatórias ou degenerativas, o componente emocional influencia fortemente na intensidade da dor.
“Tanto pacientes ansiosos ou pacientes deprimidos, por exemplo, tendem a relatar uma dor com mais intensidade. Então, isso é algo até fisiológico. O cérebro, ele vai interpretar esse estímulo de forma diferente quando ele está em uma situação de estresse. Então, com certeza, a gente não pode colocar ela exclusivamente como algo físico, mas como algo emocional”, explicou Andressa ao Acorda Cidade.
A dor crônica é mais prevalente em pessoas acima dos 40 anos, especialmente idosos, devido ao desgaste natural das articulações e à maior incidência de doenças como artrose e osteoporose. As mulheres também são as mais afetadas.
“Tem alguns estudos que já comprovam isso, que as mulheres, elas relatam dor crônica com mais frequência, comparado com os homens. E inclusive, na literatura a gente sabe que tem alguns estudos publicados, que uma a cada três pacientes acima de 65 anos é afetado por uma dor crônica”, afirmou.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é, em grande parte, clínico, mas pode ser complementado por exames laboratoriais ou de imagem.
“O médico, ele precisa ouvir a história do paciente, fazer uma boa anamnese, fazer um bom exame físico, acompanhar esse paciente. Então, o diagnóstico, ele é clínico. Lógico que existem alguns exames laboratoriais, alguns exames de imagem, que nos auxilia a encontrar a causa dessa dor. O fator etiológico, realmente, que está causando essa dor”, explicou.
Os tratamentos mais comuns e eficazes para pacientes com dor crônica não são apenas medicamentosos. Incluem as regras básicas de uma vida saudável: alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e cuidados com a saúde mental, evitando a ansiedade, o estresse e a sobrecarga.
“Não existe uma solução, o paciente precisa ser individualizado precisa ser acompanhado por um profissional por um médico para poder fazer esse tratamento de forma correta. Então, dentro do tratamento não medicamentoso o paciente pode ter a fisioterapia, acupuntura, atividade física, apoio psicológico e o tratamento medicamentoso.”
Além disso, existem procedimentos intervencionistas, como bloqueios anestésicos, infiltrações e neuromodulação, realizados com auxílio de ultrassom ou radioscopia.
“Esse bloqueio de medicações com o paciente, às vezes uma vez por semana, quinzenalmente, a depender da resposta do paciente. Então hoje, tem uma gama de tratamentos, hoje também tem a medicina regenerativa que tá vindo a todo vapor, que também vai, tem diversos estudos que falam da eficácia da medicina regenerativa dentro do tratamento da dor crônica.”
Consequências emocionais
A dor crônica pode levar a um ciclo vicioso de adoecimento, causando quadros de ansiedade e depressão. Pacientes com dor crônica frequentemente têm dificuldade para dormir, perdem a vontade de praticar atividades físicas e acabam se isolando. “E o contrário também acontece, quando a pessoa já tem um transtorno emocional, a sua percepção da dor também tende a ser maior” alertou a médica.
Como prevenir?
A prevenção começa com a conscientização e a busca por ajuda profissional. Ao sentir uma dor persistente ou fora do normal, a primeira dica é evitar a automedicação e procurar um médico para uma investigação adequada. Cuidar do corpo e da mente são passos
“É importante o paciente pensar nisso, no cuidado do corpo e no seu cuidado da mente. uma boa noite de sono, estratégias para tentar melhorar, controlar o estresse. Então, tudo isso, com certeza, auxilia muito em atividades preventivas para reduzir essa chance de uma dor, até uma dor aguda, virar a se tornar uma dor crônica.”
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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