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Setembro Amarelo: como identificar sinais de alerta para quem está em sofrimento emocional?

Durante todo o ano, não só quando se realiza a campanha de prevenção ao suicídio, é fundamental aprender a identificar sinais e oferecer o apoio.

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Setembro Amarelo: como identificar sinais de alerta para quem está em sofrimento emocional?
Foto: EyeEm/Freepik

O sofrimento emocional nem sempre se manifesta de forma óbvia, e muitas vezes os sinais podem passar despercebidos por quem está ao redor. Durante todo o ano, não só quando se realiza a campanha de prevenção ao suicídio (Setembro Amarelo), é fundamental aprender a identificar sinais e oferecer o apoio. No mês de prevenção, a sociedade é convidada a refletir sobre a importância de discutir a saúde mental e o cuidado com a vida.

Uma campanha de 2023 que viralizou nas redes, traz justamente esse alerta, como o suicídio pode afetar qualquer pessoa, independentemente de classe social, idade ou origem.

Setembro Amarelo: como identificar sinais de alerta para quem está em sofrimento emocional?
Norwich divulga vídeo impactante no Dia Mundial da Saúde Mental | Foto: Reprodução

O Norwich, time da Segunda Divisão Inglesa, lançou um vídeo de conscientização para o Dia Mundial da Saúde Mental, que transmite a mensagem de que os sinais de sofrimento nem sempre são visíveis. O vídeo mostra dois torcedores: um animado e conversador, e o outro isolado e apático. Ao final, o torcedor alegre desaparece, deixando o amigo sozinho com a lembrança de um cachecol, reforçando a mensagem: “Às vezes, os sinais são mais difíceis de perceber.” Veja abaixo:

Como identificar sinais de alerta no escuro?

Pensando nisso, o Acorda Cidade conversou com o psicólogo Alfredo de Moraes Neto que explicou como os sinais de alerta nem sempre são evidentes de imediato, mas alternativas de como fazer a sua parte sem abandonar o outro.

“Normalmente, é um afastamento da rede social, que ele tem. Quando falo em rede social, não me refiro às redes sociais de internet, mas às redes de apoio — pai, mãe, amigos. Esse afastamento pode ser um sinal. Há também um entristecimento e, por vezes, um comportamento distópico em relação ao que ele tinha antes. Pode ser um falar demais, sair demais. Toda mudança de comportamento pode ser um sinal”, afirmou.

Para ele, a chave para oferecer suporte é ouvir com empatia. “Você pode perguntar à pessoa sem se tornar invasivo, não com o objetivo de resolver o problema do outro, mas oferecer a escuta para que ele consiga atravessar esse processo, consciente de que não está sozinho.”

Psicólogo Alfredo Moraes
Psicólogo Alfredo Moraes | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O que a família pode fazer? O que os amigos podem fazer? Agregar sem a conduta de crítica, agregar, ouvir, perguntar, ‘está acontecendo alguma coisa? Você está precisando de alguma coisa?’ Para chegar ao ponto em que ele possa falar. Mas se nada disso der certo, desse agregar em rede de apoio, coloque, insira, fale, indique um profissional da área referenciado que possa ajudar nesse comportamento que está fora da normalidade”, disse o médico.

O psicólogo também alertou que nem todo suicídio está necessariamente ligado a doenças mentais, como depressão ou transtorno de ansiedade. Embora esses transtornos possam aumentar o risco, não são condições essenciais para que alguém cometa esse ato. Muitas vezes, pode ser uma decisão pessoal, desencadeada por um sentimento profundo de desesperança.

“Tem que ser observado, porque, se não, se a gente deixar como se não fosse nada, como já ocorreu em outras épocas, a gente não lembra da nossa responsabilidade humanista de tratar o outro, de observar o outro, de acalentar o outro e de acolhê-lo.”

Segundo Alfredo, outra ajuda que a família pode oferecer é a presença e apoio. Participar das atividades, propor momentos, mesmo que simples, de estar junto, é uma maneira de puxar a pessoa do “vazio do sofrimento” para a vida presente.

“A família e/ou os amigos são redes de apoio. E a gente está neste convencimento à população, através do Setembro Amarelo, de que a vida é importante, que há outra forma de sair do problema e que existem pessoas que podem agregar, acolher e olhar sem preconceito.”

Estudante leva mensagem sobre saúde mental no trânsito de Feira de Santana - ft - Paulo José - acorda cidade
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

O que a família/amigos não devem fazer?

Em situações em que alguém manifesta o desejo de tirar a própria vida, a primeira reação pode ser o desespero ou até mesmo o descaso em algumas famílias. Mas o psicólogo adverte que é essencial levar a sério qualquer manifestação de sofrimento, com escuta e, principalmente, empatia.

“Ter atenção absoluta, não achar que é bobagem, não dizer, ‘ah, que bobagem, você tem uma vida ótima, você tem casa, você tem comida, se você estivesse passando fome, se você não tivesse emprego’, não tem nada a ver. Senão, altos cargos, grandes empresários também não cometiam suicídio. Pessoas que têm uma vida extremamente confortável também cometem. O Setembro Amarelo vem exatamente para isso, é um alerta”, destacou Alfredo.

Como e onde procurar ajuda?

O Centro de Valorização da Vida (CVV) é um dos serviços que pode fazer toda a diferença ao oferecer suporte gratuito e 24 horas. O CVV oferece escuta sem julgamentos, o que é fundamental para quem está vulnerável e se sente sem apoio.

CVV
Foto: Divulgação/CNM

“A pessoa pode ligar a qualquer hora e vai ter profissionais que vão te ouvir, que vão te direcionar, você vai ter uma escuta completamente isenta de julgamentos de valor, onde você poderá falar sem a preocupação de que um familiar irá te julgar ou direcionar. Assim como psicólogos ou psiquiatras, se necessário, para que haja isenção no comportamento da pessoa”, indicou Alfredo.

Além do CVV, outras alternativas de apoio estão amplamente disponíveis, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), as Unidades Básicas de Saúde, UPAs 24h, Hospitais e o Samu 192, que também pode ajudar em momentos de risco. Esses serviços oferecem suporte tanto para quem está em risco quanto para aqueles que precisam de orientações sobre como lidar com situações de crise.

O CVV oferece um canal seguro e gratuito pelo número 188 e também através do site www.cvv.org.br

Instituto Doutor Alfredo de Moraes

Outro espaço de acolhimento para quem busca apoio psicológico é o Instituto Doutor Alfredo de Moraes, localizado na Rua José de Bonifácio, nº 742, bairro Ponto Central, que oferece atendimento qualificado com valores sociais mais baixos que os de mercado.

“Se a pessoa falou sobre morte, ‘ah, essa vida está cansativa, ah, eu não aguento mais isso’, não dê sua opinião própria, agregue, escute e direcione para profissionais referenciados. Lá no Instituto, por exemplo, nós podemos agregar que estamos com o valor social. Estarei lá para poder te agregar, te abraçar e te ajudar”, convidou Alfredo.

Você não está sozinha, nem sozinho; a vida tem solução 💛

Se você ou alguém que você conhece está passando por dificuldades, não ignore os sinais. A vida tem solução. Busque ajuda, seja no CVV, com familiares e amigos, com um profissional de saúde ou em qualquer centro de apoio.

Essa prevenção é uma missão de toda a sociedade, que precisa garantir que ninguém enfrente essa dor sozinho. A vida é preciosa e sempre há esperança. Você importa, sua vida importa. Acredite!

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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