Andrea Trindade
Os servidores do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) não concordam com a mudança do modelo atual de gestão do hospital e pretendem mover uma ação no Ministério Público contra a terceirização.
Na manhã da última sexta-feira (15), mais de 50 funcionários realizaram uma manifestação na parte externa da unidade e em seguida participaram de uma reunião no auditório do hospital com a superintendente de Recursos Humanos da Sesab (Secretaria de Saúde do Estado da Bahia), Telma Dantas.
A superintendente informou em entrevista ao Acorda Cidade, que objetivo da vinda dela à Feira de Santana foi abrir um diálogo com os servidores sobre a publicização (transferência da gestão de serviços e atividades, não exclusivas do Estado, para o setor não-estatal) do HGCA.
“Este novo modelo de gestão, que está sendo experimentando em vários estados, inclusive aqui na Bahia, implica mudar a gestão para uma organização social, como por exemplo o que aconteceu com o Hospital Cícero Dantas. São várias unidades que estão funcionando com sucesso, porque o objetivo da Secretaria de Saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS) é atender com dignidade”, explicou, afirmando que a nova gestão será experimentada e que a Sesab vai fiscalizá-la.
A presidente do SinSaúde (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia), Idnalba Fontinele, contesta as declarações de Telma Dantas sobre esta modalidade administrativa, que segundo a superintendente, não é privatização.
“O SindiSaúde tomou posição contrária contra qualquer tipo de privatização ou terceirização no setor de saúde por entender que a constituição já garante essa complementaridade do setor privado e há uma tentativa da substituição do privado sobre o público. A nossa posição em se manifestar contra isso, não é só porque somos contra, mas porque a experiência e o que vivenciamos no dia a dia, mostram que o sistema de terceirização não tem fortalecido o sistema público de saúde”, disse.
Ela disse também que uma gestão terceirizada tem metas de atendimento e é obrigação do estado oferecer um serviço mais amplo possível, além disso, quando há terceirização, segundo ela, significa que a população terá um limite de atendimento, diferente do que acontece com hospitais como o HGE, por exemplo, que tem gestão não terceirizada.
“Claro que os hospitais precisam de estruturação, de concurso público, de tirar pacientes dos corredores, e que o sistema de regulação seja revisto, mas não é colocando a gestão dos hospitais nas mãos de terceiros que vamos melhorar o sistema público de saúde”, disse.
Idnalba citou o exemplo do Hospital São Jorge, que foi terceirizado recentemente pelas Obras Sociais Irma Dulce. Segundo ela o sistema de terceirização não funcionou e que a terceirização do hospital de Irecê, faliu a gestão.
“A empresa que estava administrando o hospital de Irecê era ligada ao setor automobilístico e a preocupação que temos é sobre em que mãos vai cair o hospital Geral Clériston Andrade. A lei diz que basta que a empresa comprove que tenha administração e fundo de caixa. Então qualquer empresa pode gerir uma área tão complexa que é a área da saúde”, criticou.
A superintendente Telma Dantas disse que está formulando um cronograma da mudança com os servidores, a Secretaria de Saúde e a direção do Clériston e que dentro de 15 dias, haverá uma nova reunião para tratar da publicização do hospital. A autorização foi publicada no Diário Oficial do Estado, no dia 30 de janeiro. Segundo Telma, o novo modelo de administração não vai prejudicar o trabalho dos servidores, que permanecerão em seus cargos.
Informações do repórter Ed Santos do programa Acorda Cidade