Saúde

Psicóloga alerta para os cuidados com medicamentos para ansiedade e depressão em crianças

Um levantamento do Ministério da Saúde mostra que, em 10 anos, os atendimentos ligados a transtornos de ansiedade no SUS aumentaram 1.575%.

Foto: Pexels /Pixabay
Foto: Pexels /Pixabay

A administração de medicamentos para ansiedade e depressão em crianças requer uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar, envolvendo psicólogos, psiquiatras, pediatras e, principalmente, a família.

Especialistas têm alertado sobre o aumento significativo no número de crianças e adolescentes medicados para tratar esses problemas. Pela primeira vez na história, os registros de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos, mostra análise da Folha a partir da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS, em levantamento feito com base nos últimos 10 anos.

Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde mostra que, em 10 anos, os atendimentos relacionados a transtornos de ansiedade no SUS aumentaram 1.575% entre as crianças de 10 a 14 anos. Entre os adolescentes, de 15 a 19 anos, o avanço foi ainda maior: de 4.423%.

Embora o tratamento seja essencial, especialistas estão preocupados com a crescente medicalização, especialmente entre as crianças, e os riscos associados a essa prática.

Segundo Estela Mares, docente do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, não é possível mapear com exatidão as causas que levam a esse aumento de problemas mentais nas crianças.

“Os casos mais comuns são alterações hormonais ou estruturas cerebrais, mas problemas como bullying, maus tratos, violência psicológica, mudanças de escola e divórcio dos pais, uso excessivo de redes, também podem desencadear problemas psíquicos”, alerta.

Diante disso, Estela ressalta o papel dos pais, que devem estar atentos nesse processo de desenvolvimento a fim de identificar qualquer instabilidade emocional, como: quadros de tristeza excessiva, desanimo em qualquer atividade da rotina todos os dias, diferenças claras no comportamento com outras crianças, isolamento social, alteração no sono e apetite, déficit de atenção, dificuldades de aprendizagem e em se concentrar.

Cuidados com o uso de antidepressivos em crianças

De acordo com a psicóloga, é preciso saber que o uso de medicamentos na infância para tratar problemas de saúde mental implica em atuar no sistema nervoso central da criança, alterando a percepção, consciência e comportamento. Embora o uso de medicamentos possa ser necessário em alguns casos, especialmente para prevenir o suicídio, Estela alerta que seu uso em crianças deve ser feito com cautela. “Eles podem causar efeitos colaterais, como ganho de peso, problemas de sono, irritabilidade e, em alguns casos, até pensamentos suicidas”, explica.

Estela sugere que a primeira opção de tratamento pode ser a psicoterapia. “Seria importante antes de tudo, verificar opções não medicamentosas, com menos riscos, as quais podem ser eficazes a longo prazo, especialmente para crianças em desenvolvimento”, destaca.

A psicóloga cita alguns pontos de atenção acerca desse contexto. Confira:

  • Avaliação Profunda: Antes de prescrever qualquer medicamento, é essencial realizar uma avaliação completa da criança, considerando aspectos físicos, emocionais e sociais;
  • Efeitos Colaterais: Medicamentos podem ter efeitos colaterais significativos, que variam de criança para criança. Monitorar esses efeitos é crucial;
  • Alternativas Terapêuticas: Terapias comportamentais e psicológicas devem ser consideradas como primeira linha de tratamento antes de recorrer a medicamentos;
  • Dosagem e Administração: A dosagem deve ser cuidadosamente ajustada e monitorada por profissionais especializados;
  • Acompanhamento Contínuo: O acompanhamento regular é necessário para avaliar a eficácia do tratamento e ajustar conforme necessário.

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