
Respirar é o ato mais natural e, ao mesmo tempo, o mais essencial da vida. No entanto, poucas pessoas param para pensar em como os pulmões precisam de cuidado diário. Neste dia 12 de novembro, celebra-se o Dia Mundial da Pneumonia, uma data dedicada à conscientização sobre a doença que ainda figura entre as principais causas de morte no mundo, especialmente entre crianças e idosos.
Para o pneumologista José de Souza Almeida Neto, a data é também um convite à reflexão sobre os cuidados com o sistema respiratório.
“A pneumonia é uma doença infecciosa, aguda, que costuma acometer os pulmões e pode ser provocada por vírus ou bactérias. É uma doença que pode ser desde quadros leves a quadros muito mais complicados, principalmente em populações vulneráveis, como crianças, idosos e pacientes com doenças crônicas.”

Sintomas, diagnóstico e tratamento
Segundo o especialista, os sinais de alerta exigem atenção. Em geral, os sintomas são tosse, catarro, febre, embora alguns pacientes, como crianças e idosos, possam ter sintomas menos específicos, como sonolência, agitação e falta de apetite.
“Geralmente, começa com uma virose que não melhora e o paciente acaba evoluindo com essa complicação infecciosa.”
O diagnóstico, explica o pneumologista, é clínico e pode ser confirmado por exames de imagem.
“A pneumonia é diagnosticada clinicamente, através do exame, da conversa com o paciente, e através de exame de imagem. Na maioria das vezes, um raio-x já é suficiente para dar o diagnóstico, mas às vezes a gente precisa de uma tomografia do tórax.”
O tratamento, felizmente, costuma ser eficaz, principalmente quando é diagnosticada precocemente. Casos graves não tratados podem até evoluir à óbito, segundo o médico.

“Tem cura. O tratamento é feito com antibiótico. Na maioria dos casos, o antibiótico pode ser feito em casa, oral. Em alguns casos, a depender do estado do paciente, necessita ser internado no hospital, mas é uma doença que não deixa sequelas. A pneumonia bacteriana não é transmissível, as viroses sim. Então o paciente não precisa ficar com esse medo e também evitar o medo de sequelas, porque a maioria das vezes é um quadro infeccioso que se resolve”, confirmou ao Acorda Cidade.
Grupos de risco e prevenção
O médico reforçou que idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas, como problemas cardíacos, diabetes e câncer, estão entre os grupos de maior vulnerabilidade.
“Esses pacientes devem ser avaliados, principalmente se tiverem uma virose respiratória com sintomas persistentes. E é muito importante a prevenção com vacinas, que já é autorizada pelo SUS nesses grupos de risco.”
“As crianças por conta da idade e também pela dificuldade muitas vezes de expressar o sintoma. Os idosos por outras doenças que acabam tendo e a própria imunidade a resposta imunológica que acaba diminuindo ao longo da idade. Então nesses pacientes os quadros costumam ser mais graves e necessitam de uma vigilância maior.”
O médico reforça a importância da vacinação contra pneumonia. Evitando pegar viroses e infecções, a chance de não ter infecções é maior graças a imunização.
“A melhor forma de prevenção seriam as vacinas contra os vírus, influenza, covid. E nós temos já disponibilizado pelo SUS a vacina pneumocócica, para o pneumococo, que é a principal bactéria da pneumonia. Ela é autorizada para pessoas acima de 60 anos que tenham doenças crônicas.”

O acesso é simples: basta solicitar ao médico um relatório comprovando a doença crônica e apresentá-lo no posto de saúde para receber a vacina pneumocócica.
Além das vacinas, os hábitos saudáveis também são fundamentais para manter a saúde respiratória, tanto para nós, quanto para o planeta.
“A pessoa deve se alimentar bem, se hidratar, manter a imunidade em dia, pacientes de grupo de risco, evitar aglomerações e manter o calendário vacinal completo. Se a criança está doente, evitar ir à escola para não passar aos coleguinhas. E, como medida individual e coletiva, a vacinação que, graças a Deus, é oferecida pelo SUS. Como medida de população, a gente também lutar por uma melhora da qualidade do nosso ar, que está cada vez mais poluído, infelizmente, pelo processo da indústria e das mudanças climáticas”, afirmou ao Acorda Cidade.
Cigarro e cigarros eletrônicos: os grandes vilões
Não se pode falar da saúde dos pulmões sem trazer o alerta para o tabagismo. Entre os principais inimigos da saúde pulmonar está ele, agora com uma nova roupagem.
“Das doenças respiratórias, infelizmente, o cigarro é o maior vilão. A gente está tendo uma redução do tabagismo, mas na população jovem, estamos observando o aumento das taxas, principalmente por causa do cigarro eletrônico.”
Segundo o Ministério da Saúde, pela primeira vez em quase duas décadas, o número de fumantes no Brasil aumentou e isso está diretamente ligado ao uso dos chamados vapes. O médico reforçou o alerta sobre os riscos.

“Os cigarros eletrônicos são dispositivos que são, na verdade, uma evolução dos cigarros anteriores, numa tentativa da indústria tabagista de trazer essa população mais jovem. A nossa preocupação é que a dose de nicotina é muito mais elevada. Alguns pacientes chegam a fumar o equivalente a 80 cigarros por dia com o uso do vape. Além disso, não são aprovados pela Anvisa. Então, eles podem colocar qualquer substância lá dentro que o paciente vai aspirar sem saber o que é.”
Não existe “dose” segura de cigarro
Os efeitos são devastadores. Já existe relação com várias doenças pulmonares, inclusive com câncer de pulmão. “É algo que a gente vem combatendo muito, principalmente na população jovem. Um alerta aos pais: vigiem seus filhos quanto a esses hábitos. Aos jovens, não caiam nessas mentiras das redes sociais. É sim uma droga, uma droga disfarçada”, alertou José.
O tabagismo não afeta apenas o pulmão, mas está associado a mais de 80 tipos de câncer. No caso do pulmão, pode desenvolver o enfisema pulmonar e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença incapacitante, que é a terceira causa de morte no mundo. “Chamo atenção aos efeitos da nicotina nas doenças cardiovasculares, AVC e infarto. Não existe dose de cigarro segura.”
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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