Daniela Cardoso e Ney Silva

Medicamentos cada vez menos agressivos a saúde, maior integração entre pacientes, sociedade e família, e um cuidado que vai além da atenção médica. É dessa forma que as pessoas que têm sofrimento psíquico devem ser acompanhadas, segundo afirmação do médico psiquiatra, Lauro Reis, que ministrou a palestra Novos Rumos do Tratamento ao Portador do Sofrimento Psíquico, na abertura do seminário Saúde Mental na Contemporaneidade.

O evento, iniciado na manhã desta terça-feira (14), prossegue até quarta (15) no Centro de Cultura Amélio Amorim. Promovido pela coordenação de saúde mental da prefeitura de Feira de Santana com a participação de médicos, psicólogos, pacientes e seus familiares, o seminário faz várias abordagens envolvendo também outros aspetos do cuidado aos pacientes.

O Dr. Lauro Reis, que também é professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), lembra que no passado o tratamento às pessoas em transtorno psíquico era feito com isolamento, em que a pessoa era retirada do convívio social e de seus familiares, e era tratado, em geral, em um hospital psiquiátrico.

Ele observa que dessa forma, o tratamento nem sempre era adequado e as condições não eram das melhores. “Quando a gente fala de novos rumos, estamos querendo dizer que esse paciente antes era tratado de forma excludente em um hospital e passa a ser tratado na comunidade”, explicou Lauro.

Na opinião do médico, o tratamento realizado na própria comunidade tende a ser mais eficaz, pois existe um respeito a individualidade do paciente. Ele citou o caso de uma pessoa que tem dependência química e precisa ser tratado em uma clínica de internação. Geralmente, segundo explicou, esse paciente para de usar a droga, mas quando ele retorna à comunidade volta a usar. “Esse indivíduo aprendeu a não usar a droga em outro ambiente que não existia a droga, mas não aprendeu a não usar no ambiente que ele vive”, afirmou.

Lauro Reis destacou também que a pessoa em sofrimento psíquico precisa ser tratado de várias formas, mas que, em geral, o conceito inadequado que ficou foi que a medicina, através da psiquiatria, trate o paciente única e exclusivamente com medicamentos. Na opinião do médico, esse conceito já foi superado. “A medicina trata tanto com medicamentos como com terapias, reinserção social e com atividades integrativas, que são realizadas em vários ambientes”, disse. Segundo o médico, os medicamentos atuais têm poucos efeitos colaterais e muitos benefícios.