Feira de Santana

Infectologista prevê redução da Ômicron em Feira a partir de março: 'Mas não será uma redução rápida'

Melissa Falcão reforçou que a variante Ômicron tem uma capacidade maior de infectar pessoas em todas as faixas etárias, inclusive as que tomaram as três doses da vacina, porém o risco é muito menor de ter casos graves.

Laiane Cruz

A infectologista Melissa Falcão, que integrou o Comitê de Combate à Covid-19 em Feira de Santana, alertou ontem (8) que o município ainda não atingiu o pico da nova onda da doença, em meio a um aumento desenfreado de infecções causadas predominantemente pela variante Ômicron do coronavírus.

“Acredito que a variante Ômicron já seja dominante na nossa cidade. Percebemos no final de dezembro um aumento exponencial do número de resultados que se deve à chegada dessa variante. Os casos foram subindo e ainda não alcançamos o pico dessa nova onda. Então é possível que na próxima semana, na primeira quinzena de fevereiro, esse pico seja atingido e comece a reduzir. Mas não será uma redução rápida e só deve haver uma melhora a partir de março”, informou, com base nas previsões que são feitas sobre a evolução dos casos.

Melissa Falcão reforçou que a variante Ômicron tem uma capacidade maior de infectar pessoas em todas as faixas etárias, inclusive as que tomaram as três doses da vacina, porém o risco é muito menor de ter casos graves, risco de internamento ou mortes. Esse é o maior efeito protetor da vacina.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O risco infecção dessa variante para todos os públicos é grande, porque se espera que cerca de 50% da população mundial seja infectada por ela até o final do próximo mês, então quanto mais pessoas infectadas, maior a porcentagem de complicações. Daí vem a importância da vacinação para nossas crianças, porque apesar de terem um risco menor de gravidade, a pequena porcentagem que vai agravar será maior devido ao grande número de crianças infectadas neste momento.”

Conforme a infectologista, com grande porcentagem da população adulta vacinada, a exposição maior está com as crianças, com um aumento das taxas de infecção e mortes no Brasil, se comparado com outros países.

“Tem se falado mais acerca da doença para o público infantil porque temos a nossa população adulta com uma porcentagem de vacinação muito grande, mas vemos as nossas crianças expostas e quando chega uma variante que tem um potencial de disseminação impressionante como é o caso da Ômicron, vemos uma taxa de infecção em crianças que também é muito grande. Comparando a taxa de mortalidade das crianças no Brasil, com outros países, estamos com taxas mais altas e por isso precisamos resolver. A vacinação entra como uma das estratégias de redução de danos para essa faixa etária”, reiterou.

Efeitos pós-covid

Outro fator que precisa ser observado por quem contrai a Ômicron são os efeitos prolongados deixados pela doença, como fadiga, sensação de cansaço, falta de disposição, esquecimento, que é uma das queixas mais recorrentes, segundo a especialista, insônia e alteração do estado psicológico.

“A vacinação é a única alternativa que temos neste momento. Se pararmos para questionar se a vacina que temos atualmente é perfeita para combater o vírus, eu respondo que não, mas as vacinas estão sendo trabalhadas para serem adequadas para as variantes que estão surgindo. Isso acontece com a vacina da gripe e normalmente há uma mudança na composição para se adequar ao vírus circulante, e é o que vai acontecer também com a covid. Mas esse primeiro grupo de vacinas foi o que nos ajudou a chegar no momento em que estamos. Com o número de casos positivos que temos na cidade, se estivéssemos como na onda passada, teríamos 100% de ocupação das redes pública e privadas, com um número de leitos muito mais elevado do que temos agora”, avaliou.

A infectologista ressaltou que aumentou o número de internamentos nas últimas semanas, sobretudo de pessoas idosas e pediu à população que complete seu esquema vacinal, para que não volte a ter sobrecarga do sistema de saúde como nas ondas anteriores.

“Começamos a perceber que houve um aumento agora, principalmente de terapia intensiva e não está mais fácil conseguir neste momento um leito de covid na cidade, mas com uma frequência menor do que o que tínhamos antes. Então a vacina é eficaz, duas doses podem trazer sintomas moderados nas pessoas de maior risco, temos muitos idosos internando, que tomaram apenas as duas doses, principalmente a Coronavac na fase inicial, e eu peço a vocês que levem seus idosos para tomarem a terceira dose, porque eles são quem mais precisam de proteção.”

A respeito das características dos sintomas da covid e da gripe, a médica informou que são semelhantes em crianças e adultos, mas reforçou o entendimento de que não há como saber se é uma coisa ou outra, a não ser através do exame da covid-19.

“A gripe costuma ser mais intensa na primeira semana e a covid na segunda semana. Só que apenas pelo que está sentindo não tem como a pessoa dizer se é gripe ou se é covid. Na situação atual em que estamos, qualquer quadro de dor de garganta, nariz entupido ou tosse, é preciso que seja feito o exame de covid, porque caso dê positivo é preciso fazer o isolamento necessário e evitar a infecção para outras pessoas”, destacou.

 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade. 

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