Andrea Trindade

Por conta da superlotação, os novos partos de média complexidade estão suspensos temporariamente no Hospital da Mulher, em Feira de Santana, desde às 4h da tarde de quarta-feira (19). Os partos normais, que também estavam suspensos, já estão liberados.

Somente na tarde de ontem, segundo a Secretaria Municipal de Comunicação, sete bebês que nasceram prematuramente tiveram que ser acomodados no Centro Obstétrico, onde foi montada uma operação especial para garantir os cuidados que normalmente são oferecidos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Em entrevista ao Acorda Cidade, a presidente da Fundação Hospitalar de Feira de Santana, Gilberte Lucas, informou que o problema da obstetrícia no Hospital da Mulher seria amenizado de forma significativa se as casas de partos de outras cidades fossem reativadas, pelo menos para partos normais e se houvesse aumento no número de leitos.

Segundo ela, várias pacientes de alto risco também de outras cidades vêm para Feira de Santana para serem atendidas no Hospital da Mulher, mas apenas o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) está adequado para receber gestantes nessa situação. Todavia, no HGCA também não há leitos suficientes.

“É uma demanda insustentável. Esses municípios precisam se adequar. Recebemos uma paciente do Conde, que já estava parida dentro da ambulância. Não podemos ultrapassar o sinal vermelho e prejudicar a assistência adequada”, disse.

De 2013 até agora, 28 novos leitos foram inaugurados, proporcionando um aumento de quase 30% no número de leitos do Hospital da Mulher, que tem cerca de 76% dos serviços financiados com recursos próprios do município. Ainda assim, para atender toda a demanda de partos, Feira de Santana necessitaria de uma maternidade com no mínimo entre 120 e 140 leitos, segundo Gilberte.

“Em Salvador há dez maternidades e quando tem problema uma vai dando assistência a outra. Aqui em Feira a Mater Dai ajuda muito em parto normal, quando está funcionando. Não se pode responsabilizar o Hospital da Mulher pela obstetrícia da região inteira. O ideal é tomar a decisão de abrir uma grande maternidade. Os jornais em outros estados também relatam problemas no setor de obstetrícia e é uma situação em que eu não vejo uma resolutividade imediata. Não vejo”, disse.

Segundo a Secretaria Municipal de Comunicação, até o setor onde é aplicado o método “Mãe Ganguru” se encontra com excesso de ocupação. O número de mães no local passou de sete para onze. Há ainda sete mães numa fila de espera.

O atendimento para novas pacientes será retomado tão logo as demandas internas sejam sandadas.