Daniela Cardoso
 
Aos 17 anos, a estudante de fisioterapia Damille Freitas foi diagnosticada com hipertensão pulmonar, uma doença pouco conhecida, que inicialmente não apresenta sintomas e que obriga a pessoa a mudar hábitos de vida.
 
A estudante conta que descobriu a doença, após sentir muito cansaço, e a mãe e a irmã perceberem que alguma coisa estava errada. Ela procurou alguns médicos em Feira de Santana, mas nenhum deles deu o diagnóstico correto. A estudante foi transferida para Salvador, quando os médicos disseram que ela tinha hipertensão pulmonar e após a realização dos exames o diagnóstico foi confirmado.
 
“No início foi muito difícil, pois eu era adolescente e tinha uma vida bem agitada. Fazia exercício físico, dançava, tinha muitos planos e tive que deixar algumas coisas para trás devido à doença, que deixa a pessoa limitada. Não posso caminhar muito, evito subir escadas, muitas vezes evito antar de salto, ir para uma festa mais agitada. Tem que ter controle no dia a dia”, avaliou.
 
Após as diversas mudanças que enfrentou, Damille conta que a doença a fez amadurecer mais rápido. Ela lembra que no início foi muito difícil e que até hoje, muitas vezes precisa de oxigênio e tem que ficar internada.
 
“Hoje ainda é difícil, mas consigo lidar melhor. Para ajudar, converso com outras pessoas que tem o mesmo problema. A gente troca muita informação, nos divertimos nas redes sociais. Não me afastei totalmente da minha vida de antes e mantenho meus amigos e familiares próximos de mim. A família é a base mais importante em qualquer situação da vida e minha família me ajudou muito”, destacou.
 
O que é a hipertensão pulmonar
 
O médico pneumologista, Ricardo Figueiredo, explicou que a hipertensão pulmonar é uma doença complexa, que resulta em um aumento da pressão no sistema da circulação pulmonar. De acordo com ele, essa pressão pode se elevar por diversas causas.
 
“Pode ser por uma trombose pulmonar, por uma doença da estrutura pulmonar do paciente, que já nasce desse jeito e se desenvolve na fase adulta, pode ocorrer por infecções, e uma boa parte dos casos pode ocorrer por um aumento da pressão no coração, que se transmite para o pulmão”, disse.
 
Sintomas
 
De acordo com o médico pneumologista, a doença costuma ser silenciosa, inicialmente, e por isso o diagnóstico costuma ser tardio. Apesar disso, ele afirma que a falta de ar, associada a dores no peito e desmaio, são os três principais sintomas.
 
Tratamento
 
O tratamento envolve uma mudança no estilo de vida do paciente e o suporte de uma equipe multidisciplinar com o apoio de um médico pneumologista especialista, fisioterapia, terapia de recuperação, que segundo o médico Ricardo Figueiredo, tem o objetivo de resgatar a qualidade de vida do paciente.  
 
O especialista ressaltou que nos casos de hipertensão pulmonar, existem causas curáveis, através de medicações, tratamentos e cirurgias, e causas incuráveis, que parecem um pouco com a pressão alta, onde a pessoa precisa de remédios todos os dias para o controle da doença.
 
“A hipertensão pulmonar é uma doença muito agressiva que leva um impacto negativo tanto no psicológico quanto na qualidade de vida do paciente. O tratamento específico é muito eficaz e pode proporcionar uma vida muito próxima da normalidade”, ressaltou.
 
Cuidados importantes
 
Um dos cuidados ressaltados pelo médico Ricardo Figueiredo é que os pacientes com a doença precisam de uma avaliação muito detalhada para estabelecer novos limites para o esforço físico.
 
“Isso deve ser feito com muita segurança, pois durante um exercício físico intenso, o paciente portador dessa doença pode vir a desmaiar e sentir fortes dores no peito. Infelizmente é uma doença nova e eu acredito que não temos ainda um centro de hipertensão pulmonar em Feira de Santana. Temos centros de referência em Salvador”, finalizou.
 
Com informações da repórter Roberta Costa do programa Acorda Cidade