Acorda Cidade
Passar alguns dias internado em um hospital não é nada fácil, imagine ver os dias e meses passar, estando consciente e lúcido, sem perspectiva de voltar para casa por depender dos aparelhos para viver. Essa é a história de Marcelo dos Santos Pereira, de 33 anos, que sofre de uma doença neurodegenerativa que causou insuficiência respiratória e fez com que Marcelo, aos 32 anos, perdesse os movimentos do corpo. Após quase um ano internado no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), o paciente voltou para casa.
Este é o primeiro caso de desospitalização de paciente adulto de ventilação mecânica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ocorrido em Feira de Santana. Marcelo deu entrada no HGCA no dia 10 de janeiro de 2016 e no final da tarde desta terça-feira, 13 de dezembro, foi para casa acompanhado pela equipe de assistência domiciliar. A saída de Marcelo do hospital foi comemorada pela equipe que o acompanhou durante esses meses na UTI.
Na opinião de Dra. Renata Nunes, médica que cuidou do caso desde o seu internamento, a desospitalização de Marcelo é uma vitória não apenas para ele, mas também para outros pacientes que por necessitar da ajuda de aparelhos para respirar, ficam meses e até anos internados numa unidade hospitalar. “Até o momento existia uma dificuldade muito grande de mandar um paciente de ventilação mecânica para casa, pelas dificuldades de assistência, pela não condição do grupo de Internamento Domiciliar (ID) acompanhá-lo. Mas, a desospitalização de Marcelo marca um rumo novo para estes pacientes”, disse Dra. Renata, acrescentando que hoje com a possibilidade do ID acompanhar, muitos pacientes nesta condição poderão voltar ao convívio familiar. Ainda segundo a médica, familiares de Marcelo foram treinados pela equipe da UTI do HGCA para que o paciente receba em casa os cuidados necessários.
Atualmente, três pacientes que poderiam estar em casa com a ajuda de aparelhos, continuam internados na UTI do HGCA. Para Dr. José Carlos de Carvalho Pitangueira, diretor-geral do HGCA, a desospitalização de Marcelo Pereira abriu um precedente para as demais. “Não é justo para o paciente ficar morando numa UTI sendo que poderia estar em casa com a ajuda de aparelhos. No que depender de nós, todos os pacientes nesta situação voltarão para casa. Isso beneficia o paciente e também o hospital que contará com mais leitos de UTI para atender outros pacientes que necessitem deste serviço”, afirmou.
Internamento Domiciliar
O Programa de Assistência Domiciliar do Governo do Estado, sob gestão e operacionalização da Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS) irá acompanhar o paciente. Uma equipe formada por 11 profissionais (médico, enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo, assistente social e técnicos de enfermagem) dará todo o suporte necessário ao paciente em casa. Além da assistência dos profissionais, a FESF-SUS custeará todos os medicamentos e insumos necessários para os cuidados diários de Marcelo Pereira.