Feira de Santana capacita médicos da rede municipal para atendimento de urgência a pessoas com doença falciforme

Com o objetivo de qualificar, atualizar e padronizar os protocolos clínicos no atendimento a pacientes com doença falciforme, a Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana promoveu, neste sábado (20), uma capacitação para médicos da rede municipal. O evento, realizado no auditório da Unex, reuniu centenas de profissionais e contou com palestras de especialistas na área.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Matos, a ação faz parte do compromisso da gestão em melhorar a assistência prestada às pessoas com doença falciforme no município.

“A motivação prioritária é qualificar a assistência para essas pessoas, que em sua maioria pertencem a grupos social e economicamente vulneráveis. A educação permanente em saúde é uma diretriz do SUS, e cabe à prefeitura garantir que os profissionais estejam preparados para prestar um atendimento adequado”, afirmou.

Todos os médicos da rede municipal foram convocados para participar do treinamento, realizado em um dia em que as unidades básicas de saúde não funcionam, de modo a não comprometer o atendimento à população.

“A importância é clara: menos pessoas vão morrer ou sofrer em decorrência da doença. Queremos garantir atendimento assertivo, correto e adequado, com mais qualidade de vida para quem convive com a doença falciforme”, declarou o secretário ao Acorda Cidade.

A coordenadora do Programa Municipal de Apoio à Pessoa com Doença Falciforme, Luciana Souza, destacou as ações implementadas pela gestão para ampliar a rede de cuidados.

“Temos investido na qualificação não apenas dos médicos, mas de equipes multidisciplinares, incluindo psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais. Recentemente lançamos a Portaria 33/2025, que institui a carteirinha de identificação para pacientes, garantindo benefícios e mais agilidade no atendimento”, explicou.

Segundo Luciana, o município mantém um ambulatório especializado desde 2012, responsável pela dispensação dos medicamentos de competência municipal. Já os fármacos de responsabilidade estadual ou federal são retirados no Núcleo Regional de Saúde.

“Hoje o paciente com doença falciforme não está desassistido. Ele tem suporte tanto na rede especializada quanto na atenção primária, por meio das unidades básicas e PSFs”, disse.

O médico ortopedista e traumatologista Aderbal Freire D’Aguiar, chefe da Divisão Médica do município, detalhou aspectos da doença, que é genética e hereditária.

“A doença falciforme provoca alterações nas hemácias, dificultando a vascularização e o transporte de oxigênio no sangue. Isso pode causar dor intensa, anemia, necrose óssea, infecções, derrames pulmonares e AVCs. É uma condição sem cura, mas que pode ser controlada”, explicou ao Acorda Cidade.

Para ele, capacitar os profissionais é fundamental para o diagnóstico precoce e manejo adequado dos casos.

“O município mantém um posto de atendimento específico para diagnóstico e acompanhamento dos pacientes, garantindo acesso rápido ao tratamento”, ressaltou.

O coordenador de Equidade em Saúde da Sesab, Antônio Conceição da Purificação, também participou do evento e destacou a relevância da rede estadual no suporte aos pacientes.

“A doença falciforme é prevalente na população negra e tem incidência significativa na Bahia. Em Feira, contamos com um programa municipal bem estruturado, articulado com os hospitais Clériston Andrade e Estadual da Criança, além das UPAs. Quando o paciente entra em crise, é acolhido nessas unidades e recebe atendimento prioritário”, informou.

Segundo ele, o Estado da Bahia é referência na distribuição de medicamentos para o controle da doença.

“Fornecemos hidroxiureia, que reduz as crises, e o PV oral para crianças, garantindo assistência contínua. Também construímos e aprovamos, no ano passado, a linha de cuidado para a doença falciforme, que está sendo apresentada hoje aos médicos de Feira. Essa capacitação faz parte desse processo, fortalecendo a rede de atendimento”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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