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Estudantes de escola particular são notificados com suspeita de coqueluche

Em Feira de Santana de janeiro até hoje já foram notificados mais de 130 casos. Desse total foram confirmados 46 sem ocorrência de mortes.

Ney Silva


Uma equipe da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde colheu amostras de material em seis estudantes de uma escola da rede particular de ensino para investigar se elas estão ou não com coqueluche. A informação foi dada com exclusividade ao Acorda Cidade pela enfermeira Maricélia Maia de Lima que atua no controle da doença na Secretaria Municipal de Saúde.


Ela informou que a coleta das amostras feita via nasofaringe (pelo nariz) das crianças, foi necessária porque uma delas tem uma irmã de seis meses que está internada com suspeita de coqueluche. Além disso, essa ação, segundo a enfermeira, é rotineira e inclui também a realização de um bloqueio na área onde existem notificações da doença.


Segundo Maricélia, existe na rede pública de saúde uma vacina para prevenção, mas isso não basta porque os casos de coqueluche vem crescendo em todo o Brasil. Em Feira de Santana de janeiro até hoje foram notificados mais de 130 casos. Desse total foram confirmados 46 sem ocorrência de mortes.


Por questão de segurança, depois da coleta das amostras a equipe da Vigilância Epidemiológica recomendou aos pais dos estudantes que até que se tenha o resultado dos exames fornecidos pelo Lacen (Laboratório Central da Bahia), eles não devem comparecer ao estabelecimento de ensino. O resultado deve ser divulgado em 15 dias.

Saiba mais sobre a coqueluche


Coqueluche, também conhecida por pertussis ou tosse comprida, é uma moléstia infectocontagiosa aguda do trato respiratório transmitida pela bactéria Bordetella pertussis. Os casos da doença têm aumentado em diversos países, nos últimos anos. O contágio se pelo contato direto com a pessoa infectada ou por gotículas eliminadas pelo doente ao tossir, espirrar ou falar. A infecção pode ocorrer em qualquer época do ano e em qualquer fase da vida, mas acomete especialmente as crianças menores de dois anos.


Coqueluche é uma doença recorrente, de notificação compulsória ao Ministério da Saúde. Principalmente nas crianças e nos idosos, ela pode evoluir para quadros graves com complicações pulmonares, neurológicas, hemorrágicas e desidratação. De acordo com dados fornecidos pela OMS, em 2010, houve aumento significativo dos casos de coqueluche em adolescentes e adultos no Brasil. Na América Latina, eles praticamente triplicaram em cinco anos.

Casos de coqueluche costumam ser mais raros na vida adulta. No entanto, tosse seca e contínua por mais de duas semanas em jovens e adultos pode ser sinal de que foram novamente infectados pela bactéria da tosse comprida, apesar de terem recebido a vacina na infância ou de terem ficado doentes.

Sintomas

O período de incubação varia entre 7 e 17 dias. Os sintomas duram cerca de 6 semanas e podem ser divididos em três estágios consecutivos;

a) estágio catarral (uma ou duas semanas): febre baixa, coriza, espirros, lacrimejamento, falta de apetite, mal-estar, tosse noturna, sintomas que, nessa fase, podem ser confundidos com os da gripe e resfriados comuns;

b) estágio paroxístico (duas semanas): acessos de tosse paroxística, ou espasmódica. De início repentino, esses episódios são breves, mas ocorrem um atrás do outro, sucessivamente, sem que o doente tenha condições de respirar entre eles e são seguidos por uma inspiração profunda que provoca um som agudo parecido com um guincho. Os períodos de falta de ar e o esforço para tossir deixam a face azulada (cianose) e podem provocar vômitos;

c) estágio de convalescença: em geral, a partir da quarta semana, os sintomas vão regredindo até desaparecerem completamente.
 

Vacina

Apesar de a vacina contra coqueluche não oferecer proteção permanente, é indispensável vacinar as crianças. A vacina tríplice clássica (DPT) contra difteria, coqueluche (pertussis) e tétano faz parte do Calendário Oficial de Vacinação do Ministério da Saúde e deve ser ministrada aos dois, quatro e seis meses de idade, com doses de reforço aos 15 meses e aos 5 anosEmbora a imunização dure cerca de dez anos, essa vacina não deve ser aplicada depois dos seis anos de idade.


Tratamento


Paciente com coqueluche deve permanecer em isolamento respiratório enquanto durar o período de transmissão da doença. Na maioria dos casos, o tratamento pode ser ambulatorial e realizado em casa, mas com acompanhamento médico. A hospitalização se torna necessária, quando ocorrem complicações e é preciso oferecer suporte de oxigênio e alimentação parenteral.


Indicar eritromicina na fase catarral pode ser útil para encurtar a duração da doença e acalmar as crises de tosse. Analgésicos e anti-inflamatórios ajudam a aliviar os sintomas no estágio catarral. Xaropes expectorantes e inibidores da tosse não trazem benefícios terapêuticos. Da mesma forma, as pesquisas deixam dúvidas sobre a eficácia da imunoglobulina antipertussis e da imunoglobulina humana no tratamento da coqueluche (Fonte: Portal Drauzio Varella).